O SEGREDO

Justiniano lavrador de 45 anos aproximadamente, vivia solitário no seu pedacinho de terra, onde cultivava produtos hortigranjeiros que vendia todo sábado na feira.

Quando voltava da feira, sempre parava no bar do Genésio, ponto onde os moradores da região se reuniam para tomar uma cachacinha e conversar.

Os amigos do Justiniano eram todos casados, somente ele vivia em estado celibatário, o que gerava galhofas dos amigos e comentários maldosos sobre sua virilidade.

Tais comentários apoquentava o lavrador, deixava-o irritado a ponto de afastar-se do bar do Genésio, único ponto de espairecimento da localidade.

Certo dia Zé Piau o maior fofoqueiro da região entrou esbaforido no bar chamando à atenção dos presentes.

- Gente vocês não sabem da maior, vocês não vão acreditar.

- O que foi homem? - conta logo. - disse Calango Preto.

- Olha, o Justiniano arranjou uma mulher, uma louraça, vocês precisam ver. - informou Zé Piau.

- Como é? O jacu do Justiniano arranjou uma mulher? -indagou João Coió.

- Exatamente Coió, arranjou um mulherão. Confirmou Zé Piau.

- Rapaz já faz mais de uma semana que o Justiniano não aparece aqui, certamente é por isso. Cabra safado. - disse Calango Preto.

No domingo pela manhã Justiniano foi a o bar do Genésio, a curiosidade era geral, todos lhe perguntaram sobre a sua mulher, de onde veio? como se chama? qual a idade? Ao que categoricamente o lavrador respondeu.

- O nome dela é Idalina. É só o que vocês precisam saber, nada mais interessa. - disse e retornou a sua casa.

Os amigos não se conformavam com o silêncio do agricultor e a inveja aumentava á medida que Zé Piau trazia as noticias, sempre enaltecendo a mulher do lavrador que ele denominara de louraça.

Os dias se passaram, havia mais de uma semana que o Justiniano não ia ao bar do Genésio e os amigos estavam preocupados com o seu sumisso.

- Tem noticia do Justiniano, Genésio? - perguntou Zé Piau.

- Não tenho. Não o tenho visto mais, desde que se amancebou, ele anda sumido. - respondeu Genésio.

- Olhe turma, vamos ante a casa dele lhe fazer uma visita, assim a gente fica conhecendo a loura. Que tal a idéia? - disse e perguntou ironicamente Calango Preto.

- Boa, boa. Vamos agora mesmo. - disse Zé Coió.

Assim os três, dirigiram-se a o sítio de Justiniano, ao chegar na entrada da gleba, avistaram uma mulher loura dançando na janela do quarto que ficava no andar superior da casa.

Chamaram pelo Justiniano, não obtendo resposta, a mulher continuava a dançar, ignorando a presença do trio.

Resolveram então aproximarem-se da casa, assim fizeram, arrombando com facilidade a porta da residência do lavrador, rapidamente subiram ao quarto e depararam com o amigo caído no chão, nu com os olhos esbugalhados, boca aberta com sinal de fadiga.

Diante da janela, a mulher loura, na verdade uma boneca inflável presa por um barbante á cama, oscilava-se devido á ruflada de vento produzida por um ventilador.

RONALDO JOSÉ DE ALMEIDA
Enviado por RONALDO JOSÉ DE ALMEIDA em 13/02/2008
Código do texto: T857277
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