O BUQUÊ DA NOIVA

“Essa festa promete!”

Assim pensou Romualdo, quando recebeu o convite de casamento do Kléber, um amigo seu. Depois da cerimônia do religioso, a “big” festa transcorreria em um buffet renomado da cidade.

Passadas algumas semanas, Romualdo comprou roupas novas, calçados igualmente novos, foi ao cabeleireiro e deu um tremendo “tapa” no visual. “Amanhã quero estar mais elegante do que o noivo!” – imaginou, em tom de brincadeira, uma competição em elegância, comparando-se com o anfitrião.

Chegou o grande dia: a igreja, toda iluminada e ornamentada, e o noivo, seu amigo, ansioso, esperava sua atrasada noiva, que teimava em não aparecer.

“Olhando assim para o Kléber, fico até com a gola da minha camisa apertada, tamanho suador. Imagine agora a situação em que ele se encontraria, caso a noiva não aparecesse?... E aí???...”

Contudo, a preocupação de Romualdo era só praxe entre as noivas e, começando a marcha nupcial, eis que surge a tão esperada moça, toda de branco, radiante, com aquele conhecido buquê em suas mãos. Entrou acompanhada de seu pai, e, vagarosamente, atravessaram o corredor comprido, até o altar.

O Kléber, já com a aparência aliviada, recebeu sua quase esposa com um beijo na testa.

E começa a cerimônia...

E termina a cerimônia com uma chuva de arroz na escadaria da igreja, onde os noivos receberam, preliminarmente, os cumprimentos dos convidados, porque os cumprimentos oficiais seriam dados na tão esperada festa, no buffet.

Nas mesas cuidadosamente decoradas, todos sentados, aguardando os garçons servirem o churrasco, aquele arroz à grega, pãezinhos com vinagrete, e, por que não dizer... a cervejada e as cubas libres. Como disse Romualdo, no dia que recebera o convite: “ESTA FESTA PROMETE!”. E ele tinha razão em gênero, número e grau!

Uma cerveja gelada, cuba libre...

A segunda dose...

Terceira cerva...

Champanha oferecida diretamente pelo noivo, já sem o blaser do terno, e com as mangas da camisa arregaçadas.

- Não posso negar. E ainda justamente do Kléber? – falou Romualdo, a um outro amigo convidado, que bebia ao seu lado.

- É, Romualdo... Não é sempre que recebemos convites para uma festa deste “naipe”. Enquanto tiver “gelada”, a gente esfria a goela!!! – respondeu-lhe este seu companheiro, o qual ainda afirmara que só bebia nessas ocasiões sociais (acredite quem quiser!!!).

Lá pelas tantas, Romualdo já não parava mais em pé. Ria até da peruca do pai da noiva e dos tombos das crianças que corriam entre as mesas dos convidados.

“Acho que pra mim já deu... Só vou tomar a saideira e pronto!” – prometera Romualdo para si mesmo.

Todos a postos em volta do bolo. Os noivos, com as mãos unidas e entrelaçadas, cortaram-no com o sonoro “PARABÉNS A VOCÊ”, entoado por Romualdo. Que tremendo pagamento de mico!!!

“É tudo festa mesmo! Quase ninguém percebeu esse meu deslize, né?!” – desculpava-se, baixinho, ao seu colega, não menos “alto” do que ele.

Todas as “titias” reunidas na presença da noiva, esperando aquele cobiçado buquê, quando a noiva, virou-se de costas, jogando-o para trás. Adivinha só quem foi que o pegou??? BINGO!!! ELE MESMO!!! ROMUALDO, que não quis saber das reclamações das “encalhadas”, doando-o para a mais feia dentre elas!

- Assim não vale! Tem de ser das mãos da noiva! – afirmaram, revoltadíssimas, menos, é claro, a contemplada pela “benevolência” de Romualdo, que não devolveu, de jeito nenhum, o buquê para o segundo lançamento da anfitriã.

E, sendo empurrado bruscamente por aquelas “desesperadas” mulheres, Romualdo, com as pernas bambas, tropeçou e caiu sobre o bolo da festa, indo direto pro chão.

Então, levantando-se com a cara toda branca, cheia de marshmellow, gritou, com a conhecida voz de “bebum”, para os convidados, os quais vislumbravam, estupefatos, aquela cena, que mais parecia ter sido tirada dos filmes dos Três Patetas:

- Se eu soubesse de tudo isso, eu é quem tinha ficado com o buquê!