DELICIOSA  
PORPETA 

 

 

- Relembrando meus tempos de jovem, em casa tínhamos uma norma bastante rígida, não comer em lugar algum, sem ordem e permissão de meus pais e avós. Mas como eu corria o Mundo (Cidade), visitava a todos e a todas, amizades múltiplas,  andava mais que notícia ruim, gostava de aprender os Costumes  nipônicos, ciganos, árabes, judeus, italianos, húngaros, espanhóis e outros para aconchega-los aos meus. Conhecia o meu Bairro na palma da mão. Cada Civilização uma novidade, uma  Crença, um olhar diferente para o mesmo Deus, um cultuar e postular especial.

- Passei momentos superiores, com amigos e amigas especiais, tudo na busca de informações materiais e espirituais que me explicasse a grande caminhada pela vida. Um novato conquistando novos horizontes,  num  Bairro simples e Pessoas simples, vidas e histórias únicas e saudosas, tristes, alegres, festivas, com alimentação estranhas e com nomes estranhos, mas hoje eu digo: viajei grande parte do mundo sem ter que sair de meu querido Bairro.

- Este assunto está sendo desviado, mas é interessante, amigo de uma querida família Italiana, pessoas alegres, vivas, “parlantes”, fez com que alguns horas da semana eu passasse com os membros da família, criando um grande laço de amizade, mas toda vez que eles me convidavam para fazer uma boquinha eu dava uma desculpa e saia de fininho.

- Num Domingo, após a missa da Igreja da Matriz, saímos juntos toda família, conversa vai e conversa vai, com a minha amiga, chegamos até a sua residência. Entrei, de pronto me ofereceram um suco de uva artesanal, frutas rochas doces, parreira fundo de quintal, safra especial, não resisti, bebi até o último gole.

- Sentamos na varanda, cadeiras de palhinha trançada, logo veio o “Capo” e ordenou, Bambino, vamo come uma Macarronada com Porpeta feita pela “Mama” um manjare, de uma forma tão incisiva que eu não aceitei e também não recusei.

- Ao tabular uma conversa,  imaginei, que será esta tal “Porpeta”, que coisa estranha, todos estes anos,  nunca havia provado comida em vizinho algum, e vou comer logo esta estranha e sonora “Porpeta”, meu Deus, o que vou dizer em casa. O tempo foi passando, a fome aumentando, as desculpas esvaziaram em minha faminta cabeça.

- Então, ouvi uma voz, avisando que estava pronto, assustado caminhei vagarosamente para a cozinha, um fogão de rabo, feito de alvenaria, mesa comprida de madeira, panelas grandes, todas tampadas, um aroma delicioso, sentei bem no cantinho da mesa, disfarçado e vi aquela família se reunindo em gritaria, risadas, fala nas alturas, um barulho danado, eu calado só observando.

- Quando fizeram meu prato, percebendo a minha vergonha, capricharam, uma montanha de macarrão, uns bolinhos de carne com molho vermelho e uma tasca de pão italiano duro, feito em casa, pronto para ser molhado naquele delicioso e suculento molho.

- Esta parte eu cuidei bem, trabalhei como um exímio conhecedor do ramo, uma delícia, estava tudo ao  ponto. Consegui devorar com muita educação italiana,  aquela delícia da ‘PORPETA”, que maravilha, Prima Dona.

- Após consumir aquela iguaria e tomar um copo de vinho, fui para casa, vermelho que nem um tomate, suando, e lembrando da Porpeta.

- Ao chegar em casa, minha mãe preocupada perguntou com uma cara de poucos amigos, e ai, estava onde?, fazendo o quê?, seu pai já estava preparando para te buscar em lugar nenhum certo cabritinho?? Me explique já!!! (sangue de cearense)...

-   Mãe eu estava na casa do seu Italiano e a filha dele convidou para comer a sua Porpeta, estava uma delícia, agora eu estou com sonoooo e vou dormirrrr...

- Ao caminhar para o quarto, minha Mãe correu para onde estava meu Pai desesperada e gritava: O meu filho comeu a Porpeta da filha do Italiano, meu bem!!! ele comeu a Porpeta da filha do Italiano, Santo Deus, eta cabra safado, vai virar farofa de biju, ah vai!!!.

- Foi quando meu Pai chegou nervoso, com uma voz rouca, emitida daquele corpanzil de 120 kg,  me explique direitinho o assunto, para eu conversar com o meu amigo Italiano e resolver o assunto, mas se tiver que casar, vai casar mesmo, não tem choro nem vela!!!! Nem catinga de febre amarela!!!

- Pai, é o seguinte, eu almoçei na casa de minha amiga italiana e ela me ofereceu uma macarronada com  molho de porpeta, é estava uma delícia, não é nada disso que estão pensando, certo.

- Final do assunto, fiquei conhecido na família como o mais jovem que  ia casar por ter comido uma porpeta fora de casa....

     

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Kulayb
Enviado por Kulayb em 02/03/2008
Reeditado em 02/03/2008
Código do texto: T884073
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.