COÇA COÇA

Uma pulga gorda cançada de sugar um cão.

que sarnento lhe perturbava a pestana.

Pulou para as alvas vestes de uma freira,

da ordem cristã das freiras italianas.

Afundou pelas brechas do clarissimo brim,

num lugar de difícil captura para a freira.

Que tentou ficar quieta e postergar-se

mas levou uma picada na primeira.

Para um paladar diferente se viu disposta,

a fresco líquido, certamente apurado.

Lascou logo mais uma picada a toda carga,

naquela pele macia e saltando pro lado.

A incomodada estava em silencioso ato,

cumprindo em sacrifício votos de mudez.

O diacho é que a pulga não tinha tais votos,

e lhe pinica debaixo da veste outra vez.

A freira mordida tentou capturar a vilã,

remexendo o hábito com estranheza,

E as outras freiras se olhando diziam,

ai está uma maluca, com certeza.

a pulga dentro do hábito ficou á vontade,

e vem a freira de unhadas e ela se esconde.

E se permitindo a um lanche, nada frugal,

dá nela uma pinicada e adivinha aonde?

Mas no remelexo a pulga perde o sossego,

irrequieta, a freira recebe um sermão da madre.

Aliás, a pulga cançada de fugir do coça, coça,

de um salto pula pra batina de um padre.