CADÊ O CARRO?

Saindo da loja, o sujeito confere o troco, separa os miúdos para o flanelinha e se dirige à rua onde estacionou o carro. Procura daqui... procura de lá, vai ficando apreensivo, tenso, o coração dispara... Cadê o carro? Cadê o flanelinha?

Mais um roubo de veículo na cidade! Desnorteado, sem saber o que fazer e o que pensar, ele fica naquele estado de torpor característico do primeiro minuto depois de se sair de um sono profundo. Passado o transe, mas não a tremedeira, toma um táxi rumo ao Distrito Policial mais próximo e registra a ocorrência.

De novo na rua, não se sente satisfeito com a providência tomada. Aguardar em casa, de braços cruzados, enquanto os marginais depenam a sua máquina ou a conduzem ao Paraguai, não basta. Ocorre-lhe então encomendar um anúncio no jornal do bairro prometendo vultosa gratificação.

Cumprida a missão, já a caminho de casa, amaldiçoa-se por não ter colocado o veículo no seguro. Está ainda pensando na maneira menos chocante de informar à mulher o seu infortúnio, quando a empregada vem abrir o portão. De repente, ele estremece. O carro está ali na garagem, inteirinho da silva. Que maçada! Naquela tarde, ele havia saído de casa a pé.

Depois de trocar boas gargalhadas com a mulher, decide percorrer de novo a via-crucis, desfazendo as providências tomadas. Agora sim, ao volante do seu Santana, passa pelo DP, cancela o boletim de ocorrência, dirigindo-se em seguida ao Balcão de Anúncios do jornal. Pronto! Já tem assunto pra divertir os amigos numa rodada de cerveja.

Quando chega à calçada... procura daqui... procura de lá, vai ficando apreensivo, tenso. O coração dispara... Cadê o carro?

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Dorival Coutinho da Silva
Enviado por Dorival Coutinho da Silva em 03/04/2008
Reeditado em 09/05/2009
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