fabulário 8 O CONDOR, O PAPAGAIO, O URUBU E A ÁGUIA

Os fortes raios de Sol castigavam com seu calor abrasador todos os bichos e aves da floresta na forma mais sofrível possível.

Em um tronco oco de jequitibá com três galhos apodrecidos,

um condor e um urubu ocupavam ocioso tempo com conversa fiada.

- Quente com está choverá em breve. - comenta o condor.

- Ainda ontem, eu vi na lagoa das taiobas um sapo morto que de tão estorricado pelo Sol lhe caiu em cima uma pedra que o partiu em dois. - Comenta desta vez a águia sombreada por uma samambaia do mato, de onde tinha a visão de toda vegetação rasteira, pronta para um rasante voo sobre algum distraído roedor.

- Inclusive com esse calor, a fonte da curva do are ião secou. - entra na conversa o urubu, sendo aquele bate papo ouvido por um abutre, uma coruja e um papagaio sonolento, todos protegidos contra uns contra os outros de uma ataque surpresa do mas astuto e mais próximo.

- Eu chego a voar tão alto que ao atingir a camada de ozônio fico lá em cima olhando todos miudinhos cá em baixo. - Vangloria-se o urubu.

- Ora urubu. - Rebate a águia. - Eu não sou como você já que chego a a voar duas vezes mais alto e ainda ao avistar um camundongo lá de cima enxergo no seu pelo um carrapato sem forçar a vista.

O condor não querendo ficar para trás entra no assunto.

- Ora águia, não veja nada de fantástico nisso. Pois eu além de voar mais alto do que vocês dois, faço meu ninho em local que ave alguma consegue alcançar sem encontrar antes a morte.

e ficaram as três aves confabulando e promovendo cada qual o auto-elogio, onde a modéstia ali era deixada de lado, o que fez com que maldosamente aguçasse a veia ardilosa do abutre que voando baixo provocou aqueles campeões das alturas por enquanto na fanfarronice:

- Ora se me pergunto: Porque a controvérsia? - Se está entre vocês a ave que mais alto voa, vamos logo por isso à prova.

- Isso mesmo fala o urubu que por pilheria ainda brincou:

- Só não podemos deixar de fora o papagaio ali.

- Não me´ponha nesse meio urubu. - sai fora o papagaio.

- Esse papagaio não alcança em altura a metade de um pé de angico dos menores. - Brinca entre rizadas o abutre.

- ainda assim machuca o bico na queda. coçoa desta vez

o urubu caindo na gargalhada.

- Ah é! pois saibam que não se deve duvidar da capacidade dos outros abutre eu topo entrar na disputa. - Fala o papagaio com o ego diminuído e mais reduzido ainda com o comentário do condor.

- Colocar esse papagaio? que piada e essa, papagaios tem preguiça até de andar quem o dirá voar até pelo menos a dez por cento da altura do mais molenga entre nós.

- Eu tenho que defender a todo custo a honra dos papagaios agora condor por isso participarei e serei um páreo a altura.

- Você quis dizer á altura da carcaça de uma tartaruga rasteira. - Zomba novamente o urubu desta vez se desmanchando em rizadas, deixando o papagaio vermelho de nervoso.

- Veremos quem vence, então fala o abutre que define logo a coruja como o juiz da prova.

- Então vamos começar logo com isso!! - Assume a coruja com ar autoritário, quem será o primeiro?

- Eu. - Prepara-se a águia.

Daí que ficou decidido que seriam: Primeiro a águia, depois o condor em seguida o urubu e por último o papagaio que receberia noções rápidas de voo nas alturas do abutre embora não soubesse ser esse outro traiçoeiro oportunista nada confiável e para encurtar a conversa agourento.

A uma ordem da coruja a águia parte para seu voo, sumindo na imensidão do céu sendo identificada por um pontinho negro perto de uma nuvem clara é lógico acima dela, retornando vinte minutos depois vangloriando-se com total ausência de modéstia:

- Só não vi o São Pedro porque não achei a campainha da porta do céu.

- Deixe de conversa fia da águia, vamos lá o próximo - Fala a coruja entediada.

Sem demora despacha-se o urubu, que sem ficar atrás da águia elevou-se a uma altura considerável tendo quem achasse que o pontinho que ele representava no infinito céu fosse menor, o que seria decidido pela juíza coruja, e chega o urubu meia hora depois dizendo:

- Só não fui mais alto porque o céu acabou.

- deixe de espalhafato urubu, o próximo depressa. - avia-se a coruja.

E parte tal e qual um foguete o condor empenando todinho um pé de angico que estava próximo levantando grande quantidade de poeira que se transformou logo num pequeno redemoinho e desaparecendo reduziu-se a um ultra-minúsculo pontinho no céu já ofuscado pelos raios dourados do Sol que queria ir por lado do japão, ensaiando brilhante crepúsculo.

Bem, uns quarenta e cinco minutos depois com a certeza que ficaram derrotados na questão a águia e o urubu, volta o condor, que posando majestoso fala:

- Águia e urubu, como sabemos que o último lugar é do papagaio vejam aí qual de vocês será o segundo colocado. - E virando-se para a coruja arremata:

- Coruja, só não comi um pedaço de queijo na lua porque minha velocidade me fez passar direto.

- E por isso resolveu comer meu tempo? Ah! Vamos lá papagaio sua vez.

Bastante estranho o papagaio decola de forma tão veloz que a coruja teve que se segurar num pé de mamona, para não ser arrastada pelo vento provocado pela forma meteórica a qual o papagaio havia decolado, subindo de um jeito surpreendente, indo para sabe-se lá aonde num canto qualquer do céu já sem o sol que virou o horizonte e ficou longo tempo desaparecido.

A coruja já estava por perder a paciência e destinava o primeiro lugar para o veloz condor quando um estrondo num barranco cheio de capim meloso acusava a chegada nada discreta do papagaio depois de sessenta minutos cravados.

Todos correm para onde ele havia "pousado" (caído) e vendo que sua aterrissagem (queda) provocara um buraco que poderia bem caber uns dois elefantes, sem que um esbarrasse no outro tiveram que concordar que o vencedor seria o´papagaio para tristeza do condor que não deixou de ficar conformado.

O papagaio estava todo cheio da terra do buraco que ele fez e ouviu a coruja dizer:

- Papagaio, parabéns, você foi o felizardo vencedor.

- Parabéns? felizardo? vencedor, onde está o filho da mãe do abutre, aquele peste me tacou pimenta malagueta no rabo. Ah! se eu ponho a mão nele!

Moral: PARA VENCER CERTAS PROVAS É PRECISO DE INCENTIVO

Pacomolina
Enviado por Pacomolina em 10/04/2008
Reeditado em 11/07/2020
Código do texto: T939916
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