O MAGRELA BOMBADO

Quando menino era magrela, feio, coitado,

mal se via atrás de um porte,

"come como uma draga", mas era seco, quanta pena,

voaria se batesse um vento forte.

Vem lá o "perna de muriossoca", riam dele,

se pisar num "ninho" de formiga cai lá dentro,

não suportava tais comentários, era penante,

era triste o " palito de dente de elefante".

Um dia choramingava sobre o corpo fino, o pobre magrelinho,

pensava: "serei perna de garça a vida toda,

então chega pedro "bomba" e lhe mostra a solução,

toma hormônio de cavalo besta, vai virar homenzarrão.

Estava eufórico, mal via a hora de seu corpinho inchar,

a agulha tadinha quase quebrou, só osso tocou.

No outro dia, que alegria, mal se continha,

surgira musculo, um musculozinho do tamanho de uma ervilha.

A cada dia aumentava a dose mais e mais,

as garotas de sua escola o queriam,

agora era feliz, um forte rapaz,

só de passar, os bagunceiros se borravam, se tremiam.

Mais um dia ao acordar, quase morrera de susto,

o que aconteceu com seu lindo corpo?Rabo?Crina?Pêlo?

De tanto hormônio de cavalo que tomava, no tal equino se transformara,

dava coices, gritava de desespero.

Triste, desejava ser o "seco" novamente.

Sua mãe dizia:" bem feito! quem mandou ser burro"",

"seu filho de uma égua, ja pra fora seu jumento,

se fosse magrela, esquelético, mais, como nós,

dormiria com a gente e não ao relento.

Ewerton Lages