O GATO SUBIU NO MURO !!!!!!

 

 

Lá por volta de 1975, eu iniciei um namoro muito apaixonado, marcava presença na casa da garota um dia sim e outro também, todo o tempo que sobrava eu estava juntinho com a menina, uma morena, cabelo curtos, belos olhos, pele morena suave, educada, me tratava com muito carinho, mas...  o seu pai, um camarada emburrado, com paciência nenhuma, existem pessoas que tem estopim curto e este não tinha, era como rabo de paca,  explodia na hora, por qualquer coisa, coitada de sua esposa, assim eu ia passando os dias de namoros, para mim  era um exercício radical. Evidentemente eu tinha um apelido o REI DO SOFÁ, conseguia dobrar qualquer pai bravio e mãe selvagem.

 

Certo dia, ela falou que nos iríamos terminar o namoro, seu pai estava sendo transferido para outra cidade e não queria mais o namoro, perguntei quando? Ela respondeu na próxima segunda – feira, faltavam quatro dias, sai cabisbaixo,  como eu era macho!!! Não falei nada,  coração rebentado, sentimento estrupiado, resultado de um amor apaixonado, vixe!!! Virou moda de viola...

 

Falando em viola, eu tinha uns amigos tocadores que aos finais de semana, reuníamos e ficávamos até altas horas perambulando pelo meu bairro, bebericando umas e outras, então resolvi fazer uma serenata  de despedida para a minha amada...

 

Meu coração parecia uma uva passa, quando pensava nela meus olhos  umedecia de paixão e o meu espírito sofria, sofria tanto..dava vontade de chupar uma dúzia de limão galego, bem azêdo....

 

Convoquei com todos, eu na gaita,          Márcio na viola, Walter na flauta e       Dudu viola e vocalista, preparamos uma fina e doce serenata, para o sábado.

 

Todos pontual no salão azul, antigo ponto de encontro da turma, cheguei numa Dourada Veraneio de meu pai, para acomodar todo mundo, fomos para o boteco do Elísio na Av. 24 de Outubro, degustar um mocotó e umas geladinhas até dar a hora...

 

Acertamos umas 12 músicas, diversos estilos, treinamos até encher o saco do dono do bar, saímos já calibrados e dirigimos até o local da execução bandística.

 

Ao chegarmos deparamos com o primeiro problema, o cachorro da casa começou a latir, latir e provocar uivos de todos os lados, cachorros grandes, pequenos, micros, au, au, au, au, au, au, au, au,  para todo o lado, uma grande loucura, desespero total, o que fazer???? Gritou o Dudu, então pegamos uma parte do mocotó que estava em uma vasilha e colocamos para o dito através do portão, primeiro problema resolvido, mas um outro dizia: eu prometi levar o mocotó para minha mãe ela adora ...um falou: acabou, já era... outro disse: negocia com o cachorrinho policial....hehehehe

 

Segundo problema o muro alto, montamos uma escada humana utilizando o portão, segura aqui sobe lá, leva os instrumentos, ufa !! que trabalho, todos do outro lado, chegamos até uma área aberta, preparamos atraia e ainda ninguém deu sinal de luz, tudo deserto, mas vamos lá... começamos com a Travessia... outra... outra...  executamos todas do repertório e nada..

 

Nem um sinalzinho de luz, quando de repente, saiu pelo corredor um vulto estranho, caminhado para o nosso lado, assustados com aquele andar estranho, e disforme, todos saíram correndo, jogaram os instrumentos pelo muro e saltaram e fiquei para trás e deparei meio estarrecido com  uma velhinha de 85 anos cheias de rugas como maracujazinho de gaveta embrulhada  com um lençol até a cabeça   e disse, se vocês estão fazendo serenata para as minhas netas perderam tempo, elas mudaram ontem, mas foi tudo lindo, adorei, boa noite e vão com Deus e voltem por onde vieram e cuidado com o cachorro...quando cheguei e contei o recado,  os meninos olharam para mim  de uma forma tão agressiva e áspera que senti os espinhais oculares penetrarem em minha alma.

 

Resumo da ópera, após o vexame da serenata, eu perdi meu tênis bamba 704 novinho, ralei os meus braços e pernas, rasguei minha camisa de linho e minha calça de gabardine e finalmente arrebentou o elástico de minha cueca e ela veio parar no pescoço, gozação total,  além de ter que ressarcir os estrados de meus amigos, gastei uma nota e virei piada no Bairro por mais de 6 meses, tudo para fazer feliz uma donzela que eu estava apaixonado. Ficamos na mídia boca a boca (A banda que ralou a bunda)  nos contratavam até para fazer serenada em cemitério, sou assim até hoje,  mas isto também é outra história. Assunto antigo de minha querida Campininha de antigamente que saudades..... Deus te ponha virtude !!!!!

 

Kulayb
Enviado por Kulayb em 20/05/2008
Reeditado em 05/11/2008
Código do texto: T997682
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