FUGA

Tento fugir da noite densa - prolongada,
Busco a casa, a sala, o refúgio do quarto,
Acendo as luzes, deixo a televisão ligada.

Espero com angústia os sinais da alvorada,
Invento coisas - converso com meu retrato,
Que me olha na moldura empoeirada.

Me posiciono, me direciono pro sol que vai nascer.

Mas, a noite insiste em habitar dentro do meu ser.


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ESCURIDÃO
 
Fugir? Eu nem tento.
A noite me prende, me rende,
me sufoca, faz-me medo,
deixa-me angustiada,
na escuridão acordada...
Já nem sei se é tarde ou cedo.
 Só ouço o barulho do vento
arrastando na calçada
as folhas caidas ao relento,
na calada madrugada.
 Tomara essa noite vá embora,
pra que chegue a alvorada
e, então direi: agora
não me arreceio de nada.

(HLuna)