Minhas mãos estão sujas

O CANTO DO CISNE

Minhas mãos estão sujas

Dos pecados que te acometi

Minhas mãos vão nuas

Como de mim tudo o que perdi.

Meus dedos são garras

O pouso de minha mão

Traz o toque da morte com ela

E eu apelo à razão

Que me leve junto a ela

Sem apelo nem comoção.

Todo eu sou sombras

Coisa informe e delicada

E quanto mais eu me conheço

Quanto mais não me mereço

Mais e mais me envelheço

Para esta vida pouco mais

Que nada...

Ah, que se me cegassem os olhos

O dia em que te vi

E que as mãos me dormissem

Ao chegar-me junto a ti –

Como não há razão

Que não supere a emoção

Outro tanto de felicidade

Esquecida na saudade.

Mas ah, tu vinhas tão linda,

Nobre, o traço esmiuçado

Que eu logo supus morrer

Para não te dar agravo

Desse teu viver.

Jorge Humberto.

27, Setembro, de 2005

Jorge Humberto
Enviado por Jorge Humberto em 22/02/2014
Código do texto: T4702069
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