Infância

Era o tempo que eu esticava minhas pernas

no banco traseiro do carro

e dormia sossegadamente

Era o tempo que podia falar tudo sem pensar

Porque grande parte das minhas palavras eram irrelevantes

Era o tempo que um filme cheio de terríveis monstros

me botava medo

Era o tempo que comia o que quisesse

Sem essa neura de engordar

Era o tempo que brincava de pique-esconde à noite

Corria, suava, caía e amava

Era o tempo que brincava de coisas de menino

Como jogar bola com o meu primo, o que eu muito fazia

Era o tempo que minhas provas eram tão fáceis

Mamão com açúcar e eu errava tão pouca coisa

Era o tempo que tinha medo de ficar em frente ao espelho

E de olhar para ele pensando que ia aparecer algum mosntro

Era o tempo que eu ouvia Sandy e Júnior

Ainda juntos e a Maria Chiquinha ía cortar lenha todos os dia

Era o tempo que eu e minha prima saíamos para caçar tesouros

Com mapas confeccionados por nós duas à procura de algum brinquedo

Era o tempo que brincava de boneca com minha vizinha

E pular elástico. E mãe e filha. E escolinha.

Era o tempo que crianças viviam como crianças

E adultos como adultos

E hoje elas têm uma enorme ânsia de virar eles.

Stephanie Darós
Enviado por Stephanie Darós em 25/05/2008
Reeditado em 25/05/2008
Código do texto: T1004539
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