AS MOEDAS DE OURO

AS MOEDAS DE OURO!

Sobe a rampa cantando,

descalço,

sozinho,

chutando pedrinhas.

Leva às mãos um cesto,

o vendedor de doces!

É criança ainda,

Coitado!

Já trabalha,

vende doces.

Sai ao raiar o sol,

visitando fregueses,

perdendo a hora do almoço.

Mas, coitadinho, vende seus doces.

Um dia vai por este lado,

no outro por aquel’ outro.

Amanhã vai mais longe,

subindo e descendo,

Buscando seus fregueses,

perdendo a hora do almoço,

mas cumprindo sua missão.

É criança ainda,

coitado,

coitado do menino!

Sempre chega em casa

cesto vazio,

bolsos cheios.

Do seu pequenino bolso

sempre tira um maço de notas.

Foi a féria do dia,

Entregando-a ao pai rude.

Coitado,

menino ainda vendedor de doces!

Menino ainda

o vendedor de doces.

Trabalha para sua mãezinha

e para o pai rude.

Lá vem ele,

pés descalços,

calça suja,

rasgada,

cabelos na testa,

sorrindo,

subindo a ladeira.

Seus companheiros,

levados,

traquinas à bessa,

não trabalham.

Ao vê-lo,

jogam seu cesto no chão,

roubam-lhe os doces.

A pobre criança,

chorando e com medo,

do pai severo,

segue para casa com o cesto vazio,

com os bolsinhos vazios.

Pergunta-lhe o irado pai,

onde deixou os doces

e o dinheiro onde está?

O pequenino, com medo da chibata,

não sabe o que dizer!

Súbito, voz trêmula, diz:

- Papai,

os doces eu os dei ao Menino Jesus.

Sim, papai,

eu os dei para o Menino Jesus,

ao passar pela igreja.

Filho maldito,

pestilento,

a troco de quê?

A troco de quê deste os doces?

O filho balbuciando

medrosamente afirma:

- Papai,

troquei-os

por uma porção de moedas de ouro.

O pai toma-lhe o cesto,

abre-o e vê,

no fundo,

uma porção de moedas de ouro!

Karuk
Enviado por Karuk em 18/03/2006
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