Pássaro ferido

Laranjeira carregada de flores.

Observada à distância é um lindo buquê de noiva.

Em meio as ramagens, no mais alto dos seus galhos.

Um pardalzinho, com seu peito ferido, cantava.

Seu canto soava como um doloroso lamento.

E quanto mais tentava cantar, mais fraco ia ficando.

Seu canto era de tristeza, era um canto de adeus.

Distante de sua amada, não tinha mais motivos pra viver.

Pois sabia que as forças lhe faltavam e que não resistiria.

Pois com seu peito ferido, em chaga aberta não sobreviveria,

sabia que ali mesmo morreria.

Então estufou o peito, pensou em sua doce amada.

E no espinho mais agudo que ali encontrou,

espetou seu coraçãozinho ferido.

E cantou... cantou como jamais em toda sua vida já havia cantado.

Queria que sua última melodia, chegasse até a sua amada em forma

de mensagem de amor.

A noite chegou e consigo trouxe um manto de estrelas, que cobriu

um débil pardalzinho ferido de dor de morte.

Quem por ali de manhã passou, quiçá nem percebeu.

Um pardalzinho morto, coberto de flores de laranjeira!

*Poema baseado na Lenda "O Rouxinol e a Rosa"

SP/01/2008