Nota do autor - Banzé era exatamente "quase mais ou menos" igual ao cachorrinho da foto que alguém do Recanto tem e me fez lembrar do meu Banzé.
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PROCURANDO BANZÉ

Cadê o Banzé?
Não voltara de seu passeio diário...
Saia raramente para dar uma voltinha e era mesmo meio desarvorado.
Foi o único cachorro que teve acesso as partes internas da casa.
Espera um pouco e nada.
Procura pelas casas vizinhas.
Ninguém viu o Banzé.
Atropelado?
Perdido?
Mais provavelmente roubado.
Banzé brincava com todos que passavam, enroscando-se pelas pernas.
Fazia gato e sapato dele.
Lutava com ele.
Deixava-o, às escondidas, subir na cama...
Já estava meio velhinho, mas ainda tinha graça de cãozinho novo.
A carrocinha passava sempre pelo bairro.
O Centro de Zoonose era longe.
Desespero geral!
Depois de três dias sacrificam os animais.
No dia seguinte, plantão na Zoonose.
Não havia nenhum com as características dele.
Alvinegro, como eu, peludinho.
Nada.
Fomos aconselhados a voltarmos, em dias alternados, com a promessa de que se aparecesse algum cachorro com a descrição, seria poupado um dia ou dois.
Dava pena de ver quantos cãezinhos eram sacrificados diariamente...
A romaria se fez por diversos dias.
Escola pela manhã e logo depois do almoço ia, cheio de esperança, procurar Banzé. Aprendi a ir sozinho e estava ficando amigo do homem que vigiava os cães e os encaminhava para a câmara de gás...
Olhava atento pela janela do ônibus, observando todos os cães que estavam pelo caminho.
Esperança esvaindo.
Banzé não voltaria.
Roubado ou morto?
Nem é preciso comentar o marejar diário nos olhos, na volta da peregrinação e na hora de dormir.
Era época de chuva e frio.
Numa semana, adoeci e não pude procurá-lo.
Em desespero, quando consegui retornar ao Centro de Zoonose, perguntei diversas vezes ao homem dos cães se ele tinha certeza que Banzé não tinha sido capturado e morto.
Já havia até a promessa de novo cãozinho para consolar-me.
Meu pai, estranhamente, estava voltando cedo para casa.
Trazia no colo uma caixa de papelão e me entregou.
Pelo barulho, logo, imaginei o novo cachorrinho.
Curioso, mas sem muita ansiedade, comecei a abrir a caixa, conformando-me em não ver mais o Banzé..
A caixa foi para o chão, mas abracei forte o cachorrinho sujo de barro e todo molhado.
Era o Banzé.
Devia mesmo ter sido roubado.
Meu pai o encontrara há uns três quilômetros de casa.
Ele comentou que, finalmente, poderia ir de ônibus novamente para o trabalho.
Naquela tarde, excepcionalmente, deixaram o Banzé tomar banho na banheira.
E dormiu na minha cama, só naquela noite.
Pedro Galuchi
Enviado por Pedro Galuchi em 30/12/2008
Reeditado em 05/01/2009
Código do texto: T1359319
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