O Amiguinho do Gato
Afonso Celso*
Eu gosto do gato,
Que é manso, que é bom;
Se o pelo lhe cato,
Que meigo Ron-ron!...
Se o gato me arranha,
Bem caro lhe sai.
E o pobre, se apanha,
Não chama seu pai.
Das vis ratazanas
Valente agressor,
Em troças maganas
O gato é doutor.
Se a mão não lhe estendo,
Não vem nem a pau,
Só eu é que entendo
Seu doce miau.
Oh! Nunca de ingrato
Ninguém me chamou;
Amigo do gato,
Serei, fui e sou!...
*Afonso Celso de Assis Figueiredo Júnior, natural de Ouro Preto - Minas Gerais, nascido em 31 de março de 1860 e veio a falecer no Rio de Janeiro a 11 de julho de 1938. Filho do Visconde de Ouro Preto e de D. Francisca de Paula Martins de Toledo.
Aos 15 anos publicou os "Prelúdios", reunindo uma pequena coleção de poesias de conteúdo romântico. Cursou a Faculdade de Direito de São Paulo. Casou-se em 1884 com D. Eugênia da Costa.
De sua vasta obra merecem especial destaque os seguintes livros: "Oito anos de parlamento", "Porque me ufano de meu país" - título que gerou críticas e elogios e a popularidade da expressão "ufanismo" - "Segredo conjugal", "O imperador no exílio", "O assassinato do coronel Gentil de Castro", "Um enjeitado", "Rimas de outrora", "Minha filha", "Vultos e fatos", "Um Invejado", "Lupe", "Giovanina".
Afonso Celso participou das atividades da Academia Brasileira de Letras, como um dos membros fundadores, tendo como patrono - na cadeira nº 36 - o poeta Teófilo Dias de Mesquita, sobrinho de Gonçalves Dias, falecido em 1889.