Vida de Taturana

Eu era uma borboleta, vivia voando feliz e colorida pousando em tudo quanto é flor. De vez em quando trombava com alguma abelha ou algum beija flor, pois eles também gostam de sugar aquele docinho da flor.

O lugar onde eu vivia era lindo, cheio de flores, cheio de borboletas coloridas. Umas eram azuis, outras amarelas, outras tinham várias cores. Minha cor era laranja.

O tempo foi passando, eu fui envelhecendo, até que um dia minha mãe disse para mim: - Madalena, você já é uma borboleta adulta, está na hora de você ter seus filhinhos, botando ovinhos em algumas folhas.

Depois que minha mãe disse isso, notei que sentia uma sensação estranha na barriga, então perguntei a minha mãe:

- Mami (era assim que eu a chamava), e como vou saber onde botar meus filhinhos ?

Mami respondeu:

- Procure folhas macias como as do pé de maracujá, pois nossas criancinhas quando saem dos ovinhos não sabem voar, são taturaninhas e precisam comer folhas molinhas.

Eu respondi: - Está bem Mami !

Sai então a procurar o pé de maracujá, pois já sentia que os ovinhos queriam sair. Ao longe avistei uma parreira de maracujá, reconheci pelas lindas flores que ali estavam. Escolhi uma folha bem verdinha e fiquei em posição de botar os ovinhos.

- Uiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii ! Disse eu quando ia saindo o primeiro ovinho. Nesse momento, lembrei do que disse uma vez minha tia Jurema, que era uma borboleta amarela, daquelas que gostam de deixar os filhinhos nas folhas dos abacateiros:

- Pipinha (esse era o meu nome), nos borboletas devemos sempre botar nossos ovinhos todos em ordem, um ao lado do outro, assim ficam todos pertinho e protegidos, não esqueça nunca disso !

Sendo assim, fiz do jeito que aprendi. Depois de botar todos olhei e vi como eram lindos os 70 ovinhos que botei, fiz 10 fileiras de sete ovinhos cada uma. Fiquei horas olhando para eles, mas eles não se mexiam, pois eram apenas ovinhos. Sai voando mais feliz do que nunca. Sorria feliz para todos que passavam por mim pelo ar, na terra e nas flores: - Bom dia dona Maria Fedida ! - Bom dia sr. Grilo ! - Bom dia dona Abelha ! Bom dia ..............

Depois de alguns dias voltei lá na folhinha onde havia colocado os ovinhos, para minha surpresa todas as minhas 70 filhinhas já haviam saído dos ovinhos, tinham comido toda a folha na qual estavam. As minhas taturaninhas já estavam bem gordinhas. Coloquei nome em todas elas. As mais gordinhas eram a Fifita e a Borbolita !

Continuei voando pra me alimentar nas flores e voltei só na semana seguinte.

Quando retornei minhas filhinhas já estavam todas espalhadas, algumas já estavam em posição de metamorfose. Nós borboletas, quando criancinhas, somos ovinhos que viram taturaninhas que depois de grandes nos transformamos em borboletas.

Ficamos penduradas em algum cantinho ou galho e começamos a passar por uma transformação, isso acontece dentro de um casulo que nós mesmas fazemos enquanto somos taturanas, alguns preferem nos chamar de lagartas, mas gosto mais de taturana.

Aos poucos minhas filhinhas foram crescendo, se pendurando e se transformando. Dentro do casulo, começamos a engordar perto da cabeça, onde serão as asas e a parte de traz se afina e aquele monte de perninhas some, ficando apenas quatro.

Estava olhando para elas quando uma saiu do casulo. Era toda atrapalhada. Ela saiu e o casulo ficou vazio. Caiu no chão e estava tentando voar, mas ainda não conseguia pois suas asas ainda estavam enroladas. Ela tinha a cor bem viva, pois quando saímos do casulo temos a cor laranja bem forte.

O nome dela era Florzinha, quando me viu sorriu e disse: - Mamãe, mamãe, porque a asa não desgruda ?

Respondi: - É assim mesmo Florzinha, faça força que solta ! Ela então abriu as lindas asas e já saiu voando, meia desajeitada, mas voou.

Passados vários dias, o local onde vivíamos ficou cheio de borboletas, pois assim como eu, minha irmãs, que eram em 73, também haviam botado seus ovos.

De manhã quando eu e Florzinha olhávamos para o bosque, de cima de um pé de laranja, tínhamos aquela linda e maravilhosa vista, centenas de borboletas sorridentes, voando de um lado para outro. No meio haviam outras de várias cores, em meio a milhares de flores, rosas, flores da campo, flores do maracujá, flores da laranjeira.

Ficamos contemplando tudo aquilo e pensando como esse mundo é lindo e maravilhoso, quem criou tudo isso deve amar a todos nós como nunca ninguém poderia amar alguém.

Claudio Cortez Francisco
Enviado por Claudio Cortez Francisco em 13/05/2009
Código do texto: T1592579
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