"MAMÃE NATUREZA E A MAGIA DA CENTOPÉIA" Peça teatral infantil de: Flávio Cavalcante

MAMÃE NATUREZA E A MAGIA DA CENTOPÉIA

Peça teatreal de:

Flávio Cavalcante

Roll dos personagens

DESTRUIDOR1

Fantoche (Rato Bravo).

DESTRUIDOR2

Fantoche (Rato Manso).

DEFENSOR.

Fantoche

(Árvore Maluca, Hospedeiro, Bicho Preguiça, Ganso).

Sinopse

Existem histórias ou estória que aparentemente se tratam de um simples conto infantil. Vários autores na maioria das vezes realmente objetivam apenas a diversão da criançada no intuito de levar uma espécie de brincadeira ao palco do teatro; outros, mais profundos viajam além deste intuito levando não só a diversão desejada dos pequeninos, mas também uma boa mensagem no final da história para os adultos.

Este espetáculo tem este intuito. Até podemos dizer que serve de motivo para alertarmos a sociedade do perigo que a humanidade está correndo de tempos muito breves serem também extintos do planeta.

Imagine o socorro da natureza chegando a ser gritante e os bichos se mobilizando para dar um jeito de qualquer maneira para salvar a natureza dos agressores e manter as espécies dos animais em abundância.

Na nossa estória, a centopéia é uma espécie de protetora da natureza. Quando ela passa transforma os agressores em bichos ainda no não ameaçados de extinção e os ameaçados viram agressores fieis dos destruidores. A centopéia passa, lançando sua magia e todos se transformam em fantoches. Repentinamente o palco vira um imenso teatro de bonecos, preenchido com muitos efeitos sonoros e luminosos e muita ação no decorrer da trama. Os bonecos são grandes, proporcionalmente ao tamanho do teatro de fantoche. Na realidade os atores viram fantoches.

Espero que este espetáculo venha suprir as necessidades, não só da criançada que busca no momento a diversão desejada, mas também que sirva de alerta para os destruidores da natureza, deixando como mensagem que em tempos muito breve ele mesmo poderá ser a vítimas, também ameaçado de extinção.

Flávio Cavalcante

Cena escura, a sonoplastia libera sons de cânticos de pássaros e muitas cigarras cantando. A luz vai clareando gradativamente. O cenário é uma floresta de mata fechada. Repentinamente barulho pássaros voando. Tiros de espingardas. Armadilhas desarmando. Sons de desesperos de vários bichos. Entra em cena o defensor1 desesperado com uma enorme espingarda de cano imensamente grosso.

DEFENSOR

(Desesperado). Onde está... Eu ouvi... Eu vi... Não vou deixar ninguém, mas ninguém prejudicar a mamãe natureza... Chega! A partir de agora eu vou dar um basta na extinção de animais do nosso planeta... (Transição com a criançada). Meus amiguinhos... Nós temos que defender os animaizinhos de nossa floresta... Mamãe natureza fica chorando quando aparece um destruidor... Eu já calculei aqui... Um, dois, três, quatro, cinco, seis... (Transição). E agora? Sete... Oito... Esqueci de novo... (Forçando a criança a falar o número). Nove e... e... (Forçando a criança a falar). Dez... Viva ele acertou... Palmas pro nosso amiguinho, que ajudou esse burrinho aqui a falar... (Transição). Ué! Mas eu não sou burro... Esquece... (Ouvem-se tiros). São eles... São eles... Os destruidores da mamãe natureza... (O defensor corre de um lado para o outro do palco acompanhado de sonoplastia numa música bem agitada tipo desenho animado e mergulha num monte de folhagem da floresta, ficando só de bunda pra cima. Entra os destruidores).

DESTRUIDOR1

(Em tom de ordem). Põe fogo aqui... Põe fogo ali... Põe fogo acolá... (O Destruidor2 corre igual a um maluco com uma caixa de fósforos imensa nas mãos).

DESTRUIDOR2

Aonde! Aqui? Aqui não... (Vai pra outro lugar). Pode ser aqui?

DESTRUIDOR1

Não...

DESTRUIDOR2

Aonde? Já sei ali...

DESTRUIDOR1

Não, não, não e não...

DESTRUIDOR2

Então só pode ser acolá...

DESTRUIDOR1

(Aos berros). Nãããããããooooooo, cara de sapo... Já prendemos quase todos os bichos desta floresta! Não quero nenhum pra contar historinhas... Vamos destruir tudo... Tudo... Vamos pôr fogo em toda planta que encontrarmos pela frente... Destruição total... (Ri).

DESTRUIDOR2

E por onde eu começo?

DESTRUIDOR1

Ora! Deixa que conversar asneiras e age logo, antes que estes defensores malditos apareçam... (Transição). Naquele monte de folha, pronto... Já está até amontoado... (Se aproxima do Defensor). É só por o fogo e acender o fogaréu... Os bichos vão todos se acabarem... As plantas vão morrer... Não vejo a hora pra ver tudo isto acabado... (Dá uma risada).

DESTRUIDOR2

(Analisando o monte). Mas isto não é folha, destruidor...

DESTRUIDOR1

(Revoltado). Como não é folha? Eu mesmo estou vendo que é... Pode atear fogo agora... Eu estou ordenando... (O monte se mexe).

DESTRUIDOR2

(Com medo). Eu não posso! Ele ta se mexendo! Ele ta se mexendo! Ele não é um simples monte de folha...

DESTRUIDOR1

Me dá esse fósforo... Medroso! Quem vai atear fogo agora, sou eu... (O defensor pula escandalizado).

DEFENSOR

(Assustado). Em mim não... Vai atear fogo em qualquer lugar... Aqui não...

DESTRUIDOR1

(Sem entender). O que é isso?

DESTRUIDOR2

É uma espécie de animal raro... Vamos destruí-lo pra não acontecer a perpetuação da espécie...

DESTRUIDOR1

Você tem toda razão... Afinal de contas, nós somos os destruidores de floresta... Eu não quero mais surgimento de outros animais por aqui... Já tou ficando louco de tanto trabalho!

DESTRUIDOR2

É verdade! Realmente o surgimento de mais um, só vai aumentar a nossa lista de destruição... Avançar...

DEFENSOR

(Aos berros). Socorro... Os destruidores querem me matar...

DESTRUIDOR2

Atacar...

DESTRUIDOR1

Espere! Ué! Ele fala...

DESTRUIDOR2

Falou...

DESTRUIDOR1

Eu nunca vi animal falar...

DESTRUIDOR2

Eu também não!

DESTRUIDOR1

Mas eu o ouvi falando...

DESTRUIDOR2

Eu também o ouvi falando...

DESTRUIDOR1

(Começa a andar pra cima e pra baixo e destruidor2 o acompanha) Bom! Não precisa se gênio pra pensar num assunto tão óbvio desse! Se ele falou porque ele não é animal e se ele não é animal ele... (Dá de cara com o destruidor2). Sai da minha frente, animal... (Transição). Afinal de contas se ele não é animal ele é o que?

DESTRUIDOR2

Fale de uma vez por todas, cabeção... Quem é você?

DEFENSOR

Eu sou o defensor da natureza... E eu estou aqui exatamente para proibir qualquer destruidor invadir esta floresta...

DESTRUIDOR1

Ah, mas ninguém impede a gente de destruir o que encontra pela frente! Nós nascemos destruidores... Esses bichos vivem fazendo sujeira por aqui... Essas árvores, espalham folhas pra tudo quanto é lado... E quando chove, já viu a lama que fica por aqui...

DESTRUIDOR2

Além deste lugar ser uma reserva própria pra exploração... Se a gente destruir isto aqui, certamente ganharemos muito dinheiro...

DESTRUIDOR1

Já estou pensando na grana depois que tiver aqui em minhas mãos... (Transição como em um delírio). Esse tostão é meu... Esse tostão é seu...

DEFENSOR

E os bichos? Onde é que ficam? Por causa de vocês a maioria deles desapareceu pra sempre da terra... Alem de outros estarem ameaçados de extinção...

DESTRUDOR1

Ainda está nessa de ter peninha da natureza? Vai arrumar o que fazer... Deixa a gente em paz...

DEFENSOR

Cuidado, que dizem que essa floresta carrega um encanto... Vocês já ouviram falar na magia da Centopéia?

DESTRUIDOR2

Lá vem ele com histórias de fantasmas...

DESTRUIDOR1

Olha só como estou morrendo de medo de fantasmas...

DEFENSOR

O problema é que é real... O mundo da centopéia é bem diferente deste aqui... E estamos bem na época dela passar... E é bom ir pelo outro lado do rio... Se não vocês podem ser atingidos por ela...

DESTRUIDOR1

Ninguém aqui acredita em histórias de carochinha, seu defensor... Nós não vamos deixar de fazer a nossa missão de destruir... Só por causa de uma magiazinha que não sabemos nem se é verdade... E queira sair da nossa frente... Não se meta nesse assunto...

DEFENSOR

Vocês vão ter que passar por cima de mim primeiro...

DESTRUIDOR2

Aí é mais fácil do que eu pensava... Vamos dar um jeito nele também...

DESTRUIDOR1

É verdade! É mais um extinto do planeta e de nossas vidas... (Os dois caem na gargalhada. A sonoplastia libera um som de vento forte. Transição). O que foi isto? (Destruidor2 continua a ri. Transição). Cala a tua boca... Eu ouvi um barulho...

DESTRUIDOR2

Deve ter sido alguma cobra rastejando pelas folhas secas... (A ventania aumenta. Transição). Estranho...

DEFENSOR

Não podemos mais sair... Fugir nem pensar... Eu falei... A centopéia ta chegando...

DESTRUIDOR1

Deixa de maluquice... Não existe nada disso...

DEFENSOR

Eu estou tranqüilo... Sou um defensor da Natureza... A centopéia vem arrastar quem destrói...

DESTRUIDOR2

Então a gente ta frito...

DESTRUIDOR1

(De olhos arregalados). Frito que nada... Vamos continuar os afazeres... Daqui á pouco ta anoitecendo... (A sonoplastia libera um trovão acompanhado de relâmpago, assustando a todos, que procuram de onde vem o barulho. A ventania aumenta ainda mais, arrastando a todos. E eles mergulham no chão tentando se proteger. A sonoplastia libera um som característico de alguma ave de rapina). O que está acontecendo?

DESTRUIDOR2

Sei lá... Tudo é muito louco...

DEFENSOR

A centopéia... Vamos ser devorados por ela... (A iluminação joga fachos de luz acompanhado de muita música. Entra em cena uma enorme centopéia).

DESTRUIDOR1

(Com medo). Ai, meu Deus... O que é isso? (Todos começam a gritar. A centopéia faz menção que vai abocanhá-los. E os jogam de um lado para o outro como se tivesse os mastigando. Tudo pára com um forte estrondo e um Black-out. Silêncio total).

NARRADOR

Era um dia comum como qualquer outro. A centopéia mastigou, mastigou... Jogou pra cá... Jogou pra lá... E depois engoliu os dois malfeitores da floresta, inclusive o nosso amiguinho defensor da Natureza. Todos dormiam, dormiam, inclusive a Centopéia. De repente eles foram acordando... (A luz vai clareando em resistência. A centopéia acaba de virar um teatro de bonecos. Os dois destruidores viram dois ratos e o defensor passa agora a fazer todos os personagens e não está em cena).

RATO MANSO

(Vai acordando lentamente e se espreguiçando como se estivesse acordando de um dia de muito trabalho). O que está acontecendo? Tem alguma coisa errada. A floresta já não é mais como era antes... Ta tudo diferente... Olha isto aqui... As plantas estão amassadas...

RATO BRAVO

Tem coisa errada por aqui! Você viu o tamanho daquela centopéia? Não parecia ser deste planeta! (Os dois se olham e dão um grito de susto). Um rato gigante... Aiiii... (Os dois correm de um lado para o outro). Outra espécie rara...

RATO MANSO

Esse vai ser difícil de destruir... Mas temos que dar um jeito antes que ele traga pra cá os seus parentes...

RATO BRAVO

Nem fale uma coisa dessas... (Transição). Ei! Espere aí... Não tem rato nenhum aqui!

RATO MANSO

Como não?

RATO BRAVO

Olhe pro seu corpo e braço... (o Rato manso começa e se olhar).

RATO MANSO

Estamos dentro da centopéia...

TODOS

(Escandalizados). Nós viramos ratos... (Entra a árvore maluca, através de uma música bem movimentada).

ÁRVORE MALUCA

Corram... Corram, pelo amor de Deus... Corram... Ou subam em cima de mim... De pressa que ele está chegando!

RATO MANSO

Mas quem ta vindo pra cá...

ÁRVORE MALUCA

Vocês não sabem?

RATO BRAVO

Não... (Com o rato manso). Você sabe?

RATO MANSO

Também não...

RATO BRAVO

Não sabemos de nada... Agora quem é você?

ÁRVORE MALUCA

Eu? (Ri). Todos me chamam de árvore maluca... Mas isso é coisa da cabeça deles... De maluca eu não tenho nada, entende? Não sei de onde eles tiraram essa idéia que uma folhosa como eu, tem tendência pra ser uma lunática...

RATO BRAVO

Acho que eles que eu não sei quem é... Tem toda razão...

ÁRVORE MALUCA

(Com raiva). O que? Por acaso você também faz parte desta corja, que vive me chamando de árvore maluca?

RATO MANSO

Ihhhh... Não precisa ficar zangada conosco, dona Árvore maluca... (Transição). Quer dizer... (Transição). Mas como devemos chamá-la?

RATO BRAVO

Pra mim você é maluca mesmo! Desmiolada! Sem parafuso nenhum!

ÁRVORE MALUCA

(Com raiva). Aiiiiiii... Que raiva eu tenho desse rato... (Transição). Tudo bem podem me chamar do jeito que quiserem, pronto! Mas o rei ta procurando vocês dois!

RATO MANSO

(Espantado). O rei? Que rei? Não venha me dizer que é o rei leão! (Transição com medo). Se for estamos fritos!

RATO BRAVO

Não estou gostando nada disso...

ÁRVORE MALUCA

Eu estava serena, paradinha, paradinha... Ele chegou pra descansar e falou pra mim, que o próximo banquete dele serão vocês...

RATO BRAVO

(De salto). Ele ta maluco?

RATO MANSO

Ai, meu Deus! Ele vai nos comer... Eu já estou me vendo rasgado pelas presas afiadas do rei... Ai... Já estou ficando tonto com esta notícia...

RATO BRAVO

Não seja dramático... Nós somos indigestos! Ele não teria coragem de fazer tal façanha, dona Árvore Maluca... Esqueceu que agora somos ratos? Ninguém gosta de ratos... (Transição). Quer ver só? (Com a platéia). Alguém gosta de ratos aí? (Transição). Ta vendo só? Ninguém gosta de ratos...

ÁRVORE MALUCA

(Super nervosa). Ai, ai... Estou vendo que você não conhece mesmo o rei da floresta e dos animais... Ele é forte pra derrubar qualquer coisa que ele queira derrubar... Por ele ser o rei, come o banquete que ele quiser e na hora que ele desejar...

RATO MANSO

(Com medo). Eu tou morrendo de medo! Eu vou arrancar os meus cabelos...

RATO BRAVO

(Dá uma risada). Hoje nós não temos mais cabelos... temos pêlos... Esqueceu que nos transformamos em ratos, seu idiota?

ÁRVORE MALUCA

O rei chama você de Rato bravo e aquele lá de Rato manso... Foi a forma que ele encontrou de diferenciar cada um...

RATO BRAVO

Rato bravo? Eu? Mas somos iguais... Ele não vai saber quem de nós é um ou o outro...

ÁRVORE MALUCA

(Uma risada dando uma sacodida em suas folhas). O rei nunca erra... Afinal de contas ele é o rei, esqueceu?

RATO MANSO

(Mordendo os dedos de medo). Mas por que ele cismou exatamente com a gente, principalmente comigo que sou o rato manso? Se não tiver outro jeito ele come o rato bravo mesmo, que é um rato valente, bravo...

RATO BRAVO

(Com raiva). Não fala isso pra ele,dona Árvore Maluca... O rato manso ta faltando cérebro em sua cabeça... Ele ta tão doido quanto...

ÁRVORE MALUCA

Quanto a mim, por acaso? Foi o isso que o senhor quis dizer, senhor Rato Bravo?

RATO BRAVO

Nãããããooooo... Imagina se eu teria essa coragem de falar uma coisa dessas com uma árvore tão amiga assim quanto a senhora... Nunca...

RATO MANSO

Mas passou pela sua cabeça isso...

RATO BRAVO

Cala a tua boca, rato manso sem graça... Eu jamais pensaria tal coisa desta boa árvore...

ÁRVORE MALUCA

(Outra gargalhada balançando suas folhas e galhos). Boa Árvore? Era só o que estava me faltando... Depois de velha passar a ser uma árvore boazinha... Ninguém merece... (Transição com ironia e com raiva). Eu não sou boa coisa nenhuma... Eu sou muito má... Muito má... (Outra gargalhada).

RATO BRAVO

Então você é muito diferente das outras árvores...

RATO MANSO

Isso é verdade! As outras árvores, dão sombras, dão frutos... Tudo isso na floresta...

ÁRVORE MALUCA

(Bem afetada). É! Mas vocês não estão na floresta! Esqueceram que foram engolidos pela centopéia? Aqui tudo é diferente de lá! O que é bom lá, aqui fica ruim... E o ruim, fica tão frágil, que dá dó de ver o final...

RATO MANSO

(Tremendo de medo). Então dona Árvore maluca... A senhora quer dizer que o que é ruim fica bom?

RATO BRAVO

E quem disse que o rei da floresta é coisa boa? Ninguém quer nem vê-lo quanto mais chegar perto... Está tudo errado... O leão lá é coisa ruim...

ÁRVORE MALUCA

E quem disse que o rei daqui é um Leão? (Dá uma gargalhada).

RATO BRAVO

(Aliviado). Então não é um leão, rato manso...

RATO MANSO

Aí, que alívio...

ÁRVORE MALUCA

É muito pior do que dez leões juntos... Essa floresta daqui é muito diferente da floresta de lá... As presas do nosso rei são dez vezes maiores que as presas do leão da floresta. A maldade impera nesse reinado... Ninguém nem consegue se curvar diante de sua majestade... E são vocês dois que ele quer como banquete!

RATO BRAVO

Ele pode ser o rei... Mas não é o dono do mundo... Vamos fugir... Duvido ele encontrar um rato assim como eu... Esperto...

ÁRVORE MALUCA

(Outra gargalhada sarcástica). Ninguém consegue fugir dele. (Em tom de cochicho). Ele tem a magia da centopéia... Eu tenho pena de vocês... Eu estou com muita peninha de vocês... Eu estou morrendo de peninha de vocês... (Outra gargalhada).

RATO MANSO

(Se ajoelha diante da árvore maluca). Ai meu Deus! Eu não quero morrer. Nos ajude por favor, dona árvore maluca... Eu sei que a senhora não é coisa boa, mas, pelo menos nos dê uma luz pra gente livrar a nossa pele... Por favor... A senhora não está vendo o nosso desespero?

RATO BRAVO

Se nos ajudar, nós vamos ficar eternamente gratos por isso...

ÁRVORE MALUCA

Tudo bem... Mas saibam que tudo que vocês estão pedindo pode ser usado contra vocês mesmos... Não esqueçam que ela está ouvindo tudo...

RATO MANSO

Ela quem?

ÁRVORE MALUCA

A centopéia, ora! Só o hospedeiro é quem pode ajudá-los... Só ele é quem sabe o segredo de tudo e como ajudar a qualquer um a se sair das garras da centopéia... Bem! O meu recado foi dado... O rei me espera... Cuidado! Vocês estão á beira de um abismo... Para despencar, basta um passo para frente!

RATO MANSO

Pare de falar, dona árvore maluca... Eu já tou ficando desmiolado de tanto terror na minha cabeça...

RATO BRAVO

(Repreende). Deixa de ser medroso, rato manso... Apesar de a centopéia nos ter transformados em ratos ainda não estamos mortos... Como dona árvore maluca falou, resta ainda uma esperança... Vamos procurar o hospedeiro...

ÁRVORE MALUCA

Não sei se ele vai ajudar, não...

RATO MANSO

Mas a senhora falou...

ÁRVORE MALUCA

Eu falei que só ele é quem pode ajudar... Mas eu não sei se ele vai fazer tal coisa... Infelizmente lá vocês fizeram muita coisa feia com a mãe natureza... O rei ta furioso com vocês dois...

RATO BRAVO

(Perplexo). Espere aí... Quer dizer então que a nossa atitude gerou o motivo de estarmos aqui?

RATO MANSO

Ta vendo só, rato bravo?! A culpa é toda sua... Essa sua mania de destruir tudo que encontra pela frente... Foi mexer logo com quem? Com a pessoa errada...

ÁRVORE MALUCA

Exatamente! Acordaram da burrice que vocês fizeram? Ah? Tudo na natureza é dependente... Uma coisa depende da outra... É uma engrenagem... Se algo sair fora do lugar, tudo desanda... Agora vocês passaram a ser mal visto perante a centopéia... O rei daqui fatalmente não vai perdoar mesmo... (Faz menção que vai sair). Estou indo e o recado da vossa majestade já foi dado...

RATO BRAVO

(Em tom alto). Avante, rato manso... Segura essa árvore maluca...

RATO MANSO

Atacar...

ÁRVORE MALUCA

Não se atrevam a encostar uma unha sequer em meu tronco... A fúria da centopéia vai aumentar ainda mais...

RATO BRAVO

(Caindo na real). Dona árvore maluca ajude a gente pelo menos uma vez... Eu confesso que errei... Destruí muita coisa na natureza... Ateei fogo aonde não devia atear...

RATO MANSO

É! E tudo isso que a gente fez... Os bichos da floresta foram desaparecendo um a um... (Chorando). Estamos arrependidos... (Olha para o rato bravo). Chora também... (O rato bravo cai em prantos).

ÁRVORE MALUCA

Isto não é comigo! Tem solução para o problema... (Em tom de cochicho). Só o hospedeiro é que quem pode trazer através da magia da centopéia... No despertar do trovão e do relâmpago na cauda da ventania... Isto trás uma esperança pra vocês...

RATO MANSO

(Feliz). Esperança... Esperança... Temos esperança, rato Bravo...

RATO BRAVO

(Dança de felicidade). Eureca! E como podemos encontrar o hospedeiro?

ÁRVORE MALUCA

Não precisa procura-lo! Ele vai encontrá-los... Não quero estar na pele de vocês quando aparecer...

RATO MANSO

E aonde ele está?

ÁRVORE MAUCA

Em qualquer lugar... (Fazendo piruetas). Ele pode estar aqui... Também pode estar ali... Mas também ele pode estar acolá... Depende do seu modo de ver... Aguardem e verá... (Sai de cena triunfantemente soltando gargalhadas sarcásticas).

RATO BRAVO

Que arvorezinha mais maluca...

RATO MANSO

Doidinha mesmo... Mas vamos tentar fugir daqui... Antes que outra coisa indesejada apareça...

RATO BRAVO

Fugir pra onde? Esqueceu que fomos engolido pela magia da centopéia, rato manso? Agora temos que ir até o fim... Precisamos encontrar este hospedeiro o mais breve possível, antes que a fúria deste tal rei desça sobre nossas cabeças...

RATO MANSO

(Morrendo de medo). Ele vai matar a gente! Eu não quero morrer... Eu não queria derrubar aquelas árvores... Eu não queria por fogo na floresta... Mas sua ganância fez tudo aquilo acontecer... Você sabe quantos animais estão pra desaparecer do planeta por causa de sua ganância, rato bravo?

RATO BRAVO

Não adianta rebrotar uma planta que sumiu do planeta pra sempre... Ah! Foi só uma plantinha, rato manso... (A sonoplastia libera um estrondo tipo trovão e a iluminação joga fachos de luz dando idéia de relâmpagos acompanhados de uma música apropriada para a cena. Os dois ratos cambaleiam de um lado para o outro. A sonoplastia libera uma narração).

NARRAÇÃO

A centopéia tem medo de trovões e relâmpagos. Ela balança muito. O rato bravo cai aqui. O rato manso cai ali. Os dois caem acolá. O efeitos da natureza depois que os destruidores derrubaram as árvores e queimaram toda floresta, não foram os melhores para o mundo. Tudo ficou descontrolado. O trovão ficou furioso. O vento soprou muito e está agora arrastando a centopéia pra e pra lá. De repente o trovão ficou brando e o relâmpago menos luminoso. Tudo por causa da destruição da natureza.

RATO BRAVO

(Sai de dentro de uma toca sentindo dor na coluna). Ai, minhas costas... O que foi que aconteceu?

RATO MANSO

Tá tudo errado, rato bravo... E tudo isto conseqüência de nossas atitudes... (A sonoplastia libera uma música bem movimentada. O hospedeiro entra com duas ratoeiras enormes).

HOSPEDEIRO

(Aos berros). Não tentem fugir de mim, seus vermes... O rei mandou captura-los... Vamos... As ratoeiras já estão prontas pra desarmar na cabeça de vocês... Não tentem se esconder de mim... Quero levá-los já degolados pra o rei...

RATO BRAVO

Que receptividade! A árvore maluca mentiu ao seu respeito...

HOSPEDEIRO

Não quero saber o que aquela velha fofoqueira falou... Vamos depressa... O rei não pode esperar muito...

RATO MANSO

Chegou o nosso fim, rato bravo...

RATO BRAVO

Vamos com calma que a gente sai dessa...

RATO MANSO

Como? Me diz como? Já estamos pronto pra sermos devorados por um rei que a gente nem sabe como ele é...

HOSPEDEIRO

Vamos obedeçam... Vocês são inimigos... Eu não posso perder tempo!

RATO BRAVO

Ninguém vai sair daqui...Precisamos conversar... O que fizemos a mãe natureza já temos consciência que foi errado... Agora estamos querendo reparar o nosso erro... Falamos isto com a árvore maluca...

RATO MANSO

Isto mesmo!

HOSPEDEIRO

(Irônico). Reparar erro? Ninguém repara erro aqui no mundo da centopéia... O final é aqui... Tudo que a centopéia cata será devorado pelo nosso rei...

RATO BRAVO

(Agitado). Mas finalmente quem é esse rei?

RATO MANSO

Você está nos deixando com os nervos á flor da pele... Eu mesmo já não estou conseguindo nem falar... Minhas pernas já estão ficando todas entrevadas... (Transição). Fala... Pelo amor de Deus... Diga logo quem é esse rei? (a sonoplastia libera um som estranho. Transição). O que foi isso?

HOSPEDEIRO

Vamos depressa... O rei já está furioso... Eu não vou mais esperar... (Coloca as ratoeiras em pontos estratégicos). Pronto! Vamos rapidinho depositem as cabeças de vocês nas ratoeiras, eu desarmo e pronto... Vocês não vão sentir dor nenhuma...

RATO BRAVO

(De salto). Nem pensar! Pode chamar reforço... Eu posso morrer de qualquer jeito... Vou morrer me defendendo, mas a minha cabeça na guilhotina eu não coloco...

RATO MANSO

Mas isso não é guilhotina, rato bravo... É uma ratoeira...

RATO BRAVO

Cala a tua boca, não ta vendo que eu tou querendo dá um tempo pra pensar como a gente vai se sair dessa? (A sonoplastia libera outra vez o som estranho).

HOPEDEIRO

Não existe nenhuma forma de escapar daqui... Aos pouco vocês vão ser degustados pelo nosso rei, o que se torna uma honra pra gente...

RATO BRAVO

Mas quem finalmente é este tal rei? Se trata de um leão? A árvore maluca falou que só o senhor poderia resolver esta situação.

RATO MANSO

Foi sim... Ela falou isto mesmo...

HOSPEDEIRO

Eu não sei de nada! Eu só sei que vocês vão ter que desarmar essa ratoeira na cabeça de vocês,claro... O rei já está se lambendo a espera... Vocês não devem dar ouvidos aquela árvore maluca... Eu vim em missão de levá-los pra o grande rei... Não de ajudá-los coisa nenhuma...

RATO BRAVO

Mas como pode ser? (Transição irônico). Senhor hospedeiro... O senhor não está achando que eu e meu amigo rato manso vamos colocar nossas cabeças aí, nesta ratoeira, não é?

HOSPEDEIRO

Ninguém nunca desafiou-me dessa forma... Quer dizer então, que vocês ousam desafiar-me perante o grande rei da centopéia? Estou ficando furioso com a sua resposta... Muito furioso... Aliás, eu não vou admitir que dois ratos de esgoto consigam me derrotar... Ou vocês botas as cabeças na ratoeira ou vou ter que chamar o reforço...

RATO MANSO

(Com medo). Reforço? Mas um já ta até demais... Não precisa se preocupar se é pra decepar a minha cabeça eu não vou me opor... Pode preparar que eu estou entregue...

RATO BRAVO

(Repreende). Deixa de ser molenga, rato manso... (Transição). Senhor hospedeiro, pode chamar todo reforço da guarda... Aliás, quem o senhor quiser...

HOSPEDEIRO

Vou chamar pelo rádio... (Transição). Já que vocês não querem obedecer por bem, vão obedecer por mal... (Transição). Alô... Cambio... Cambio... (A sonoplastia libera um barulho de um rádio antigo fora de sintonia). Macacos pulem por cima da minha cabeça... Esse rádio está pronto... Pra ser jogado no lixo... (A sonoplastia libera um som de voz incompreensível). Fala que eu estou ouvindo... Cambio... Bicho preguiça... Quero reforço aqui... Muito reforço... Tragam todos os bicho que passaram pelas mãos desses dois ratos... Agora... (Continua fazendo o barulho de rádio fora de sintonia). Isso não presta mais... (Joga fora). Espero que eles tenham ouvido o meu apelo...

RATO BRAVO

Espere aí... Eu ouvi bem o que os meus ouvidos ouviram? Você está chamando o bicho preguiça pra nos deter... (Gargalhada). Você só pode estar brincando...

RATO MANSO

Preguiçoso do jeito que ele é? O senhor só pode ta ficando pirado mesmo...

HOSPEDEIRO

(Rir sarcasticamente). Vocês não tem a mínima noção do que estão falando! Cada bicho ameaçado de extinção lá... Se torna uma ameaça imensa aqui no reino mágico da centopéia... Vocês são animais dóceis... Ainda... Ratos na floresta ainda se tratam de uma praga em abundância... (A sonoplastia libera uma música de tensão). Definitivamente vamos... Coloquem as cabeças de vocês aqui nas ratoeiras... Vocês vão sentir menos dor...

RATO MANSO

Nesse caso é bom a gente pensar mesmo, rato bravo...

RATO BRAVO

Nem pensar! E a minha honra fica aonde? Eu vou morrer lutando... Mas não vou ficar como um covarde diante de um bicho preguiça...

HOSPEDEIRO

Então pode ficar á vontade... O bicho preguiça é todo seu... Depois não falem que eu não avisei... (Sai de cena).

RATO MANSO

Eu não quero morrer... Eu já tou com a minha barriga brigando com o estômago... Que mundo mais louco que a gente se meteu, rato bravo... Eu tou sentindo uma tonteira... Eu tou vendo coisa aonde não existe... Eu quero a mamãe...

RATO BRAVO

Realmente esse mundo da centopéia é uma loucura... Viramos ratos, estamos pra ser destruímos por um rei que não leão. Aqui se tem medo de bicho preguiça...

RATO MANSO

É, e estamos na terra desse tal rei... O guardiões estão fazendo de tudo pra nos levar de bandeja pra fera, rato Bravo...

RATO BRAVO

É... Mas precisamos montar uma estratégia pra fugir daqui e voltarmos a nossa forma normal...

RATO MANSO

(feliz). Boa idéia, rato bravo... Que idéia de gênio você teve? Fale que agora eu tenho a certeza que dessa cabecinha vai sair uma estratégia de gênio... (O rato bravo fica pensativo. Transição). Vamos eu estou esperando...

RATO BRAVO

Eu não sei...

RATO MANSO

Ah, você não sabe... Primeiro a gente encontra uma árvore maluca dizendo que vamos ser engolidos por um tal rei que a gente nem sabe quem é... Depois me aparece um hospedeiro que de hospedeiro ele não tem nada... De repente você diz que tem uma idéia genial e agora me diz que não sabe? (Entra o ganso provocando susto em todos). Que susto.

RATO BRAVO

Outro maluco...

GANSO

Eu ou ouvi... queeeennmm... Queeeemmmm... Ouvi tudo que você falou ao meu respeito... Retire o que disse... retire o que disse... Queeeemmmm

RATO BRAVO

Ta retirado, pronto!

GANSO

Eu odeio quando acham que eu sou maluco... Queeeemmmm... Queeeemmmm? Queeeemmmm!

RATO MANSO

Com licença... Deixe-me apresentar! Eu sou o rato manso e ele é o rato bravo... Ele não quis dizer isso! É que o senhor chegou aqui de repente! Tomamos o maior susto... Não há quem possa dizer que o senhor é uma espécie... (O ganso atrapalha).

GANSO

Nobre... Queeeemmmm... Eu sou do mais alto nível de plumagem...

RATO BRAVO

Não precisa ser gênio pra adivinhar, rato manso... Não ta vendo que esse bicho...

GANSO

(Revoltado). Bicho?!

RATO BRAVO

... É uma pata?

GANSO

(Escandalizado). Pata?! Queeeemmmm .... Queeeemmmm ... Onde é que uma pata tem o mais alto nível de plumagem? (Aos berros). Eu sou um ganso... Macho... Reprodutor... E não estou ameaçado de extinção... Na floresta ainda existem muitos de mim, para garantir a perpetuação da espécie... Queeeemmmm...

RATO MANSO

Então, rato bravo... Ele é um dos nossos...

GANSO

Negativo... Eu sou um cara de nobreza... Minha nobreza vai além das fronteiras...

RATO MANSO

Eu estou falando com relação ao senhor não ser ameaçado de extinção... Acontece que nós também não estamos...

GANSO

(Feliz). Queeeemmmm... Eureca! Queeeemmmm... Eureca... (Pula de felicidade). Encontrei dois bichos iguais a mim...

RATO MANSO

Dobre a língua, seu pato...

GANSO

(Repreende). Queeeemmmm... Pato não... Ganso...

RATO BRAVO

Ganso... Seja como o senhor quiser... seu pato... Ganso... Tudo tem bico do mesmo jeito...

GANSO

Ganso... Eu sou um ganso... Ganso que se preza não bica em terreiro de pato... Queeeemmmm... Não me rebaixem á nível tão inferior! Mas deixa pra lá... O que interessa é que estamos no mesmo barco... Eu era um desmatador... Essa maldita centopéia acabou com a minha vida... Queeeemmmm...

RATO MANSO

A gente precisa arrumar uma forma de sair daqui...

GANSO

Mas temos sim... Uma forma de sair daqui ileso... Sem um arranhão sequer...

RATO BRAVO

(De salto). Tem? Não brinca... Então fale...

RATO MANSO

É! Fale logo, antes a gente seja engolido pelo rei...

GANSO

Nem fale... Só em lembrar que eu consegui sair das garras da fera, me sinto até mais aliviado...

RATO BRAVO

(Espantado). Então você já viu o rei tão falado?

GANSO

Claro, que eu vi! E você acha que eu tou correndo até agora por que?

RATO MANSO

Então foi muita sorte você sair das garras dele, então...

GANSO

Sorte? Ele foi que teve azar de me encontrar pela frente... Dei uma de esquerda e depois dei outra de direita... Queeeemmmm ... Bati na cara... Dei um soco bem dentro do olho dele que o rei ta cego até agora... Queeeemmmm... (A sonoplastia libera um urro. Transição com medo). Não foi não... Eu menti... Eu tou mentindo seu rei... sai pra lá... Sai pra lá... Eu juro que nunca mais eu vou mentir... Queeeemmmm...

RATO BRAVO

(Irônico). Mas você não vai mais precisar mentir... Foi só uma brincadeirinha. Que fez o urro fui eu...

GANSO

(Aliviado). Ah, foi? Queeeemmmm... Dos males o menor...

RATO MANSO

Quer dizer então que tudo que você falou foi mentira? Você devia se envergonhar disso, ganso de uma figa...

GANSO

Tudo bem eu sou um mentiroso... Mas escutem! Eu tenho como tirar a gente daqui...

RATO BRAVO

Eu não acredito mais...

GANSO

Queeeemmmm... Acredita em mim...

RATO MANSO

Você mentiu tanto, que mesmo que fale agora uma verdade ninguém vai mais acreditar...

GANSO

Mas agora eu tou falando a verdade... Eu tou falando a absoluta verdade...

OS RATOS

Não acreditamos... (O ganso chora desesperado).

GANSO

Queeeeeennnnn... Queeeennnnn... Quennnnn... Por que eu menti... Eu não devia ter brincado com um assunto tão sério... O rei ta vindo, meus amigos...

RATO BRAVO

Pára de chorar, seu pato...

RATO MANSO

Mas rato Bravo... Ele não gosta que chame ele de pato...

GANSO

Podem me chamar de pato... De pata... De marreco! De Cisne! De urubu... (Transição). Espere aí... De urubu não... Não me chamem de urubu... Se não eu vou eu vou acabar arrancando ainda mais as minhas penas... Aliás, o tal rei arrancou um monte de penas do meu rabo... Eu tou muito bravo com isso... Eu bravo... Eu tou morrendo de raiva...

RATO MANSO

Se acalme... Agora fala de uma vez por todas como a gente pode sair daqui e voltar ao nosso normal...

GANSO

Vocês prometem que vão acreditar em mim?

RATO BRAVO

Não deveríamos, mas não estamos vendo outra forma...

RATO MANSO

Agora se você contar mais alguma mentira... Eu juro que quem vai arrancar o restinho de suas penas, sou eu...

RATO BRAVO

(Surpreso). Olha só! O rato manso de repente ficou uma fera...

GANSO

Obrigado pela oportunidade... Eu vou falar toda a verdade... Quemmm... Queemmmm... Eu enganei o bicho preguiça... E ele acabou me falando o segredo da centopéia...

RATO BRAVO

Isso é verdade mesmo?

GANSO

(Tom alto). Eu falei que não ia mentir mais... (Transição). Deixa eu continuar se não vamos ser devorados pela ira do rei... O bicho preguiça daqui... É diferente do bicho preguiça de lá... Aqui ele não tem nada de preguiçoso...

RATO BRAVO

O hospedeiro falou... Mas continue...

GANSO

Ele me falou um segredo que a esta hora o grande rei já deve ter devorado ele... Se não ele deve ta me catando pra me devorar primeiro...

RATO MANSO

E que segredo é este?

GANSO

(Em tom de cochicho). O chocalho...

OS RATOS

O chocalho?

RATO BRAVO

Que história é esta de chocalho, ganso?

RATO MANSO

Sem mentiras...

GANSO

Eu não estou mentindooo... Quemmmm... Quemmmm... Vou arrancar minhas penas de raiva...

RATO BRAVO

O que é que tem o chocalho...

GANSO

Ta bom... Tá bom... Eu falo... Precisamos acordar a centopéia...

OS RATOS

(Escandalizados). O que??

RATO MANSO

Enlouqueceu de vez, ganso?

RATO BRAVO

Acha pouco o rei querer fazer da gente banquete? Deixa ela dormindo que é melhor... Apesar de estarmos correndo muito perigo, ta muito melhor do jeito que ta...

GANSO

Mas vocês esquecem que estamos dentro da centopéia... E pra onde a gente correr, estamos andando em círculos... Uma hora dessas, fatalmente o rei vai nos encontrar... Estamos perdidos... Queeeemmmm...

RATO MANSO

Nisso o ganso tem razão, rato bravo...

RATO BRAVO

E o que devemos fazer?

GANSO

O bicho preguiça falou que temos que colocar um chocalho no pescoço do rei...

RATO BRAVO

(De olhos arregalados). O que?! Aí vamos virar presas mais fáceis...

RATO MANSO

Antes eu tivesse colocado a minha cabeça na ratoeira do hospedeiro...

RATO BRAVO

Devia mesmo... Como pode ser tão inútil, rato manso? Depois de tanta batalha pra sobrevivência... Quer desistir no caminho?

GANSO

Agora resta saber uma pergunta... Quem vai colocar o chocalho no pescoço do rei da centopéia? (Fixando o olhar no rato bravo).

RATO BRAVO

Nem olhe para mim, que eu já estou tremendo só de você olhar pra mim! (Transição). O rato manso é o mais indicado...

RATO MANSO

(Escandalizado). Eu?!

RATO BRAVO

Claro... Você sempre foi mais corajoso...

RATO MANSO

Eu não... Você ta ficando maluco? Nem fale esse assunto muito alto que o rei pode ouvir, e pode acabar acreditando no que você falou...

RATO BRAVO

(Repreendendo). Medroso!

GANSO

Queeeemmmm... Então... É com você mesmo, rato bravo... Não estou vendo outro mais corajoso que você pra fazer essa missão...

RATO BRAVO

E por que você não vai?

GANSO

Ora! Já fiz minha parte que foi sair da boca do rei... Agora é com você mesmo... A minha parte eu já fiz...

RATO BRAVO

Tem que existir outra forma da gente sair daqui...

GANSO

Não há outra forma! A magia da centopéia é muito poderosa e ela antes de adormecer deixou o chocalho pra quando o rei aprontar a refeição dela, ele chocalha e ela acorda!

RATO BRAVO

Isto pode ser muito perigoso...

RATO MANSO

É muito bom saber que ela está dormindo... E que ela continue sempre assim... Dormindo...

GANSO

Aí o rei vai chegar e todos nós vamos virar banquetes do rei... (A sonoplastia libera um acorde de tensão). Ele já ta chegando... E acho que é o bicho preguiça... Vou me esconder e vocês tentam desviar ele. Cuidado que ele também é guardião do rei... Ele vem me procurar e qualquer coisa fale que vocês já sabem o segredo, mas não contem nada o que sabe... Ta certo... Enquanto isso eu vou desviar e pegar o chocalho... Volto já... Quemmmm... Quemmmm... (Sai de cena rapidamente).

RATO BRAVO

Mas volte logo com esse chocalho...

RATO MANSO

(Aliviado). Ainda bem que apareceu o ganso aqui... Pelo menos temos uma oportunidade de sair dessa magia da centopéia... (A sonoplastia libera uma música de tensão). Tem alguém vindo aí... Vamos se esconder... (Os dois se escondem. Entra o bicho preguiça. Um dançador street dance).

BICHO PREGUIÇA

(A sonoplastia libera um som de street dance e o bicho preguiça faz a coreografia. Transição com gíria). Eu vim aqui andando bem manso... procurando comida por todo lugar... vou parar um pouquinho pra descansar... E esperar o ganso passar... Oiéééé´...

RATO BRAVO

(Em tom de cochicho). Eu nunca vi bicho preguiça dançar streed dance...

RATO MANSO

Eu também não...

BICHO PREGUIÇA

Mano brother... Eu tou vendo vocês aí... Como é ta? Tou procurando ganso vacilão... Vocês viram por aqui ele passar?

RATO BRAVO

Como conseguiu ver a gente aqui?

BICHO PREGUIÇA

A magia da centopéia me faz ver além de horizontes... Se liga aí... Não se esqueçam... Nunca se esqueçam tá ligado! É nóis na fita, brother... Vocês fugiram da árvore maluca e escaparam do hospedeiro, fui claro... Papo reto? O rei já deu o castigo que eles merecem... Eu não vou ser castigado também... Por isso que eu vim procurar o maldito ganso...

RATO MANSO

Ele passou por aqui... Só parou pra descansar um pouco e depois saiu rapidamente...

RATO BRAVO

Foi isto mesmo!

BICHO PREGUIÇA

E por acaso o ganso vacilão comentou alguma coisa com vocês?

RATO BRAVO

Á respeito do seu segredo?

BICHO PREGUIÇA

Eu sabia que ele ia explanar... Quando eu pegar aquele ganso vou arrancar todas as penas dele com as minhas mãos... E vocês não vão pra lugar nenhum sem a minha autorização... Vocês não podem escapar das minhas vistas... Logo agora que o ganso falou o meu segredo... Ninguém pode saber desse segredo a não ser os guardiões do rei da centopéia...

RATO BRAVO

Pois o ganso sabe muito... E a esta hora já deve ta espalhando pra todo mundo que ele encontra pela frente...

BICHO PREGUIÇA

(Com gíria). Qual é, mano?! O brother ganso quer acabar comigo, meu? Eu tou acabado perante o grande rei... Não sei mais o que fazer... Eu falhei e ele não vai me perdoar... Agora estou no mesmo barco de que vocês... Nós vamos ser destruídos... Todo mundo...

RATO MANSO

Por que você não se une a gente? Dessa forma uniremos mais forças pra acordar a centopéia...

BICHO PREGUIÇA

(Com gíria). Ihhhhhh... Olhe o cara... Ta como diz o ditado... Não pode com o inimigo se alie a ele, é isso mesmo que acabei de ouvir?

RATO MANSO

Isso mesmo! Você é diferente dos bicho preguiça que costumamos ver... É inteligente...

RATO BRAVO

O seu segredo que o ganso revelou pra gente, saiu de uma porta estreita e agora estamos numa porta larga... Podemos sair daqui...

BICHO PREGUIÇA

Vocês podem sair daqui através do segredo... Mas eu não faço parte da magia da centopéia... Esqueceu que eu sou daqui? Não tenho outra saída á penar as leis desse lugar... E já que eu vou ser devorado pelo meu grande rei... Vou cumprir a minha missão... Pelo menos eu morro de peito erguido... (Aos gritos). Oh grande rei... Venha ao nosso encontro... O seu jantar está aqui lhe esperando...

RATO MANSO

(Morrendo de medo). Aí, meu Deus... Estamos fritos...

BICHO PREGUIÇA

Frito tou eu, se não obedecer ás ordens do grande rei...

RATO BRAVO

Não temos outra saída a não ser esperar o ganso voltar com a chave do segredo... Precisamos acordar de uma vez por todas a centopéia...

BICHO PREGUIÇA

Mas eu não vou deixar isso acontecer... Primeiro tem que passar por cima de mim... Além do segredo que a centopéia deixou em minhas mãos, também me deu uma forma paralisá-los através de uma magia... Por isso que eu falei que ninguém escapa das minhas artimanhas...

RATO MANSO

Aí ferrou... Desse jeito o que devemos fazer agora é correr, correr, correr e correr...

RATO BRAVO

Então o que estamos esperando? Vamos correr...

BICHO PREGUIÇA

(Irônico. Dá uma gargalhada sarcástica). Ahahaha... Ninguém sai daqui... Estátuas... (Os dois ficam paralisados. Outra gargalhada).

RATO BRAVO

Mas o que está acontecendo?

RATO MANSO

Viramos estátuas...

BICHO PREGUIÇA

Exatamente... Nunca duvide da magia da centopéia... O bicho preguiça nesse mundo é mágico... É bruxo... E vocês agora vão virar comida do grande rei... (Outra gargalhada).

RATO MANSO

E agora? O que a gente vai fazer?

RATO BRAVO

Só o ganso é que poderia nos tirar dessa... (Transição). Tem que existir uma forma de desativar a magia da centopéia...

BICHO PREGUIÇA

Ninguém nunca conseguiu... Não vai ser agora que dois ratos molengas venham a conseguir passar a perna na centopéia, principalmente vocês dois que já se tornaram presas fáceis pro rei! (Ri). E banquete! Tudo que o rei tava querendo pra satisfazer sua barriga...

RATO BRAVO

Mas lembre-se de uma coisa, senhor bicho preguiça... Não é só a gente que vai virar banquete não... A esta hora o grande rei já sabe que foi revelado o segredo da centopéia e como você foi o causador dessa façanha já sabe o que vai lhe acontecer também...

BICHO PREGUIÇA

Eu não tinha pensado nesse fato... Aquele ganso maldito me enganou... Como eu odeio aquele ganso... Eu vou estraçalhar ele... Quando aparecer na minha frente...

RATO MANSO

Não precisa... Mas tem que ser rápido se não, o grande vai lhe estraçalhar primeiro...

BICHO PREGUIÇA

Pode até ser... Mas também eu tenho uma boa esperança que isto não venha acontecer... Afinal de contas o meu rei não é burro e quando ele chegar até aqui, vai ver que eu deixei um banquete pra ele... Acho que ele vai é me agradecer... Ninguém conseguiu capturar vocês... Somente o grande bicho preguiça... (Gargalha sarcasticamente). Eu vou amarrar vocês com uma corda... (Pega uma corda e os amarra). Pronto! Agora deixem de ser estátuas... (Os ratos voltam ao normal). Mas estão amarrados...

RATO BRAVO

Pode até ser... Mas eu posso falar pra o grande rei, que resolvemos nos amarrar e nos entregar de bandeja pra ele...

RATO MANSO

Boa idéia, rato bravo!

RATO BRAVO

É isso mesmo... Pode ir embora, bicho preguiça... Entrego você nas mãos do grande rei... Vamos ficar esperando aqui pra você ver o que vai acontecer...

BICHO PREGUIÇA

De jeito nenhum... Eu não vou ficar esperando a hora da morte... Vou fugir... O grande está muito perto... (Faz menção que vai sair e volta). Ah, sim... E ninguém me viu passar por aqui... Estão ouvindo?

RATO MANSO

Desamarra a gente...

BICHO PREGUIÇA

Nem pensar... Se eu fizer isso... Eu vou me tornar uma presa mais fácil... E enquanto o grande rei está ocupado devorando vocês, eu... Estou eu correndo incansavelmente tentando livrar a minha pele... Tchau comidinhas do grande rei... (Sai de cena dando gargalhadas).

RATO MANSO

E agora, rato bravo?

RATO BRAVO

Agora não tem mais saída... Chegou o nosso fim... Vamos morrer devorados pelo grande rei... (A sonoplastia um som parecido com um urro). Que barulho foi este?

RATO MANSO

Não sei, mas eu não estou gostando nada disso... Eu tou morrendo de medo...

RATO BRAVO

Apesar de bravo eu posso lhe dizer uma coisa... Eu também tou morrendo de medo... (A sonoplastia líber uma música de tenção e o urro vai aumentando cada mais e os ratos olham de um lado para o outro como em uma coreografia. O Ganso entra provocando susto em todos, inclusive nele mesmo). Não... Eu não quero morrer... (Transição rir de felicidade). Ah, é você, Ganso? Tem certeza que é você mesmo?

GANSO

Claro, que sou eu...

RATO MANSO

A gente nunca sentiu tanta alegria, senhor ganso...

GANSO

(Escandalizado). Vocês estão amarrados? Quem foi que fez isso?

RATO BRAVO

Foi o bicho preguiça...

GANSO

Esse já era... Ele passou por mim e ainda bem que eu estava escondido... Ele foi devorado pelo grande rei... Eu queria dar uma de esquerda e depois dar uma de direita... (A sonoplastia libera uma música de tensão). E ia bater muito nele... Uma daqui... Uma dali... Uma de acolá...

OS DOIS RATOS

(Aos berros). Chega!

GANSO

Aíiiiii... Acabei de ter um problema muito sério com meus ouvidos... Queeeemmmm...

RATO MANSO

Desamarra essa corda...

RATO BRAVO

Rápido antes que a gente seja os próximos do banquete do rei...

GANSO

Ah, vocês estão amarrados... Eu já vi... Agora deixa eu calcular com quantos nós ele conseguiu fazer a amarração dessa corda...

OS DOIS RATOS

(Aos berros). Chega!

GANSO

Ta... Ta... Ta... Eu desamarro... (O ganso começa a desamarrar os nós. A sonoplastia libera ainda mais intensa a música de tensão).

RATO BRAVO

Precisamos acordar a centopéia... E o chocalho?

GANSO

E não é que eu esqueci o chocalho?

RATO MANSO

Estamos fritos e assados...

RATO BRAVO

Mas antes disso eu vou apertar o pescoço desse ganso...

GANSO

(Debochado). Mentirinha... Eu não esqueci não... Eu posso ser um ganso doido, mas maluco eu não sou não... Tá aqui... (Entrega para o rato bravo). É todo seu...

RATO BRAVO

Comigo não... Não tenho estrutura pra ser herói... Isso fica bem pra rato manso...

RATO MANSO

Nem olhe pra mim... Eu já estou tremendo só de olhar pra este chocalho... (Entra uma cara imensa de um mostro. Só a cabeça também em fantoche acompanhado de sonoplastia). Está aí quem a gente não queria... (Entrega o chocalho pra o Ganso).

GANSO

De alguma forma vai ter que ser colocado o chocalho no pescoço do grande rei... Só falta a centopéia... Vamos desviar a atenção do rei... Vamos nos espalhar... (Todos se espalham). Cuidado que ele pode jogar a magia da centopéia... Segura o chocalho, rato bravo... (Joga o chocalho para o rato bravo).

RATO BRAVO

(Nervoso). O que é que eu faço? O que é que eu faço? Pega o chocalho rato manso... (Joga o chocalho para o rato manso. A cabeça do monstro acompanha a posição que o chocalho).

GANSO

Manda pra mim agora... (O rato manso joga para o ganso que pendura no pescoço do grande rei. A cabeça do rei começa a balançar e o chocalho começa a chacoalhar. A sonoplastia libera uma música de tensão e a iluminação joga fachos de luz clareando todo o palco. O chocalho toca intensamente. Uma ventania forte inunda o palco quase que arrastando os personagens, juntamente com trovões e relâmpagos.

RATO BRAVO

Isso é o resultado da destruição da mamãe natureza... O desequilíbrio ambiental... (Transição. Pausa. Transição feliz). Está fazendo efeito! Por acaso este som é acorde de um chocalho? Tudo aconteceu exatamente igual na hora que a centopéia passou na floresta...

RATO MANSO

É sim... Está dando certo... Estamos prestes a reverter este quadro... aliás, precisamos reverter esse quadro... Agora

GANSO

Assim que a centopéia passar temos que dar as mãos, se não somos arrastados e sugado mais ainda pra o fundo dela... A gente precisa agitar ainda mais o rei... pra centopéia acordar...

RATO BRAVO

Eu tive uma idéia...

GANSO

Queeeemmmm...Qualquer idéia é sempre bem vinda nessa hora...

RATO BRAVO

Precisamos chamar a centopéia... (Transição com a criançada). Vamos meus amiguinhos... A titia centopéia precisa acordar e ela que tem passar por aqui novamente... A gente tem chamar por ela... Vocês ajudam? Vamos... É um... é dois... é três e... Centopéia... Centopéia... Centopéia... (A sonoplastia libera uma acorde de tensão. Trovões e relâmpagos povoam a cena).

RATO BRAVO

Com mais intensidade! Precisamos chamar a centopéia... Vamos de novo? É um... é dois... é três e... Centopéia... Centopéia... Centopéia... (A sonoplastia libera um som de pegadas em muitas palhas secas, acompanhada de música apropriada para cena). Vamos correr... Ela está chegando... Cuidado com o rei que é uma ameaça pra nossa espécie...

RATO MANSO

Ai, meu Deus... Vamos ser devorados agora...

GANSO

Vamos dar as mãos... Seguremos fortes... Não podemos largar... (Começa uma ventania forte). Segura...

RATO BRAVO

Com toda a minha brabeza... Eu não vou soltar as mãos...

RATO MANSO

Minhas mãos estão escorregando... (Trovões rasgam na sonoplastia). Eu tenho medo de trovões... Eu tou tremendo... Mamãe... Socorro...

GANSO

A centopéia vai passar... A centopéia vai passar...

TODOS

(Aos berros) Ahhhhhhhhiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii...

(Black-out e fica só em penumbra. Um facho de luz cai em cima da centopéia que desfaz todo o cenário de fantoche e abraça os ratos e o ganso fazendo uma coreografia, terminando em cena completamente escura. A cena vai clareando normalmente e o cenário volta ao normal na floresta. Todos vão acordando se espreguiçando como se estivessem muito cansados.

DEFENSOR

Estou normal... (Com os destruidores). Vocês estão normais...

DESTRUIDOR1

Estou vendo... Não será a magia da centopéia novamente?

DESTRUIDOR2

Diga que não... Pelo amor de Deus... Eu não quero mais ser devorado...

DEFENSOR

Não precisam se preocupar... Acho que a centopéia só quis dar um susto... E mostrar pra vocês o que os bichos e as plantinhas da floresta sofrem nas mãos de vocês...

DESTRUIDOR1

Podemos nos aliar a você? Queremos defender a mamãe Natureza também...

DESTRUIDOR2

Diga que pode! Por favor os bichinhos da floresta precisam da nossa ajuda...

DESTRUIDOR1

Que vergonha! Destruímos tanto... Agora sentimos na pele o que os bichinho passam nas mãos dos destruidores da mamãe natureza... Quero reparar o que fizemos...

DESTRUIDOR2

Por favor diz que você precisa de nossa ajuda...

DEFENSOR

Acho que depois da magia da centopéia, vocês aprenderam a lição. Sejam bem vindo... Em defesa da mamãe natureza é sempre bom ter mais amiguinhos... Defensores da natureza? (Estende a Mao).

DESTRUIDOR1

(Segura na mão do defensor). Defensor da natureza!

DESTRUIDOR2

(Segura nas mãos dos dois). Defensor da natureza!

TODOS

(Em grito de guerra). Somos todos defensores! Viva a mamãe natureza! (Entra uma música e todos fazem a coreografia, chegando o fim da peça. “Mamãe natureza e a magia da centopéia”).

-FIM-

“Mamãe natureza e a magia da centopéia”

Peça teatral infantil de: Flávio Cavalcante

Mês: Fevereiro

Ano: 2009

Flavio Cavalcante
Enviado por Flavio Cavalcante em 20/05/2009
Código do texto: T1604432
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