Os pintinhos da galinha Cota

Logo que amanheceu (esperara impaciente deitada em sua rede) saltou contente esquecendo-se por minutos até do café. Tina não se aguentava de ansiedade por vir os pintinhos da galinha Cota. Durante a noite, ela ouvira os pios da ninhada nascendo. Talvez tenha soltado pequenos gritos (de alegria), pois a mãe dissera do quarto pegado ao seu:

_Nem pense em levantar, mocinha! Ou de manhã acertamos nossas contas!

Restara à menina permanecer deitada e tentar dormir novamente. Estranhas eram as batidas de seu coração – ele parecia o tambor da escola na semana da pátria – tum, tum, tum. Os olhinhos pequenos pesaram de tanto imaginar como seriam os filhinhos de Cota. Por fim, dormiu de cansada.

Excitada com a novidade no aviário não chegou a si demorar no café adoçado com rapadura. Sorria numa felicidade misturada ao sabor do fim de semana. Não queria se prender a certos costumes que tinha dos sábados anteriores- - ter ido semanalmente banhar no riacho quando neste ainda se conservava uma camada fina da neblina da noite. Ainda lembrava que por entre os galhos das árvores que o circundavam, os raios do sol infiltravam- se tais meninos correndo das folhas ao espelho das águas. Mas agora...

No entanto, criança é criança, e seus olhinhos pequenos cruzaram de sobre a mesa pela janela aberta até o muro de tijolos a sua frente. Radiante, em ebulição, viu um canário passeando em cima do muro. Seria um ponto de ligação entre um menino e uma baladeira. E se Tina não estivesse tão envolvida com o nascimento dos pintinhos teria ido pegar o atiradeira de seu irmão Zé.

Era certo uma menina caçar passarinhos? Uma vozinha dentro dela brigava com uma espécie de lagartinha que corria em seus dedos nessas ocasiões (E se eu tentasse só espantar o bichinho?).

A pergunta desta vez não foi necessária fazê-la. A alma inocente não via mais a ave. Nesta manhã, Tina tinha o vento nos pés. Quando o corpinho alegre chegou ao galinheiro, a única coisa interessante do dia estava por detrás da tela de arame. O que viu? A mais bela ninhada de pintinhos que seus poucos anos de vida já tinham vislumbrado.

__... nove, dez, onze... Ôps! Mais um... (pretinho)! Doze pintinhos buscavam a proteção das asas da galinha Cota.

Teresa Cristina flordecaju
Enviado por Teresa Cristina flordecaju em 15/06/2009
Reeditado em 16/06/2009
Código do texto: T1650195
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