O Segredo de Salemko

Todos os dias , o brilho frágil dos primeiros raios de sol o encontravam descendo a colina em passos grandes rumo à floresta. Em sua capa muito azul com estrelinhas brancas , parecia carregar consigo um pedacinho do céu. Seus olhos amendoados e inquietos pareciam estar o tempo todo em todas as direções com o brilho incansável de um farol. Era magro,mais alto que os habitantes da Cidade Azul , de cor branca , faces rosadas,queixo fino e nariz bem feito.

Alguns diziam que ele era meio biruta, outros diziam que ele era um tanto quanto desligado, mas inofensivo.

-È um bruxo - diziam alguns.

-È só um estrangeiro eremita – discordavam outros.

_ Com aquela capa esquisita e aquele chapelão, só pode ser um louco mesmo.Piradão!-opinou o dono da taverna aproximando – se da mesa onde teciam comentários acerca do forasteiro.

Ele é um mago-afirmou categoricamente a mocinha de cabelos e olhos negros, filha do taverneiro.

O silêncio reinou não mais que alguns segundos e prosseguiram-se os mexericos.

-Um mago?È isso aí! Como não pensei nisso antes?

-Oooh!!-exclamaram todos em tom zombeteiro, virando-se para o rapaz de cabelos vermelhos e semblante apático.

-Tinha que ser o “Maria –vai – com- as- outras”_ acrescentou o taverneiro.

Tal alcunha não mais o incomodava,parecia até ter se acostumado à ela.E depois, sempre fora de boa paz.Continuou batendo com os dedos na região temporal como se tocasse as teclas de um piano, o cotovelo sobre a mesa e o olhar distante.

Segundo as más línguas, que na Cidade Azul atendiam pelos nomes de Zilá e Zilú-duas irmãs extremamente fofoqueiras- o rapaz teria ficado com aquele ar de idiota , após ter ido ao castelo do suposto bruxo para entregar algumas compras.

Zilá e Zilú andaram moendo o juízo do senhor Stanislau, dono do mercado , para saber o que o forasteiro costumava comprar; mas não conseguiram deste um só palavra ou sílaba.Começaram então a perseguir o pobre do Rick, tentando à todo custo lhe arrancar algum segredo, sedentas por fofoca.

-Não sei de nada, senhoras -respondia o “Maria-vai-com-as-outras”

Ou ainda:

- Estou atrasado pro trabalho, com licença- e as deixava apressando o passo rumo ao mercado.

- Sei não! Nesse mato tem coelho, Zilú!

-Concordo.- esse aí não me engana com esse jeitinho de mosca morta -respondia Zilú.

-“Maria – vai- com- as – outras”?Isso é só um disfarce! De imbecil esse aí não tem nada!

- È isso aí, Zilá.Isso não vai ficar assim.Esse moleque ainda há de se trair e nos contar o segredo do bruxo.

- Cruzes!-respondeu a voz aguda de Zilá e ambas fizeram o sinal da cruz.-será mesmo um bruxo?-observou ainda em voz baixa.

Naquele fim de tarde, após aquelas conjeturas todas à respeito do habitante do antigo castelo da Cidade Azul , o Maria-vai-com-as-outras saiu com seu semblante apático rumo à casa onde vivia com sua avó e não mais deu as caras por um bom tempo.Só era visto de casa para o trabalho e vice-versa.

Certo dia foi abordado mais uma vez por Zilá e Zilú :

_ O quê tem dentro desta caixa, rapaz?

_O quê o bruxo costuma comprar?

- Não sei da vida dos fregueses,senhoras.Só entrego as compras do senhor Salemko.

- Salemko? Isso é nome de bruxo!-comentaram ambas ao mesmo tempo.

- Ele é um mago-afirmou em um tom de voz mais forte que o costumeiro, dir-se-ia que estava irritado.

As fofoqueiras se entreolharam e ele desapareceu com as compras.

Quando ele retornou,seu rosto tinha a aparência serena de sempre,aquela expressão quase patética..Não Foi abordado por mais ninguém e seu dia terminou muito bem.Zilá e Zilú o deixaram em paz por alguns dias.Talvez estivessem apenas dando um descanso para a língua.E a cidade inteira começou a ficar intrigada com o silêncio das duas irmãs...silêncio? Ném tanto.As fofoqueiras estavam se encontrando em segredo com Luca , Noca e Deco, o trio da maldade. Eram os vilões mais conhecidos da Cidade Azul e tramavam uma possível invasão ao velho castelo.

Naquela manhã,quando o sol dourava os campos de trigo da Cidade Azul e secava pouco à pouco o orvalho cintilante em cada folha e em cada flor, o mago foi visto como sempre descendo a colina com sua capa azul e seu chapelão da mesma cor.

Ocorre que,Zilá e Zilú resolveram também fazer um passeio por aqueles lados sob o pretexto de um piquenique.

-Bom dia , senhoras!- saudou o mago em tom de voz agradabilíssimo, porém formal.

Ambas se entreolharam antes de responder e ele prosseguiu seu destino.

Permaneceu ausente por um bom tempo.

Zilá e Zilú tomaram o cuidado de marcar em seus relógios o tempo de ausênncia do forasteiro e foram em seguida comunicar ao trio da maldade conforme haviam combinado.

Luca, Noca e Deco ficaram a noite inteira preparando uma armadilha para Salemko.Era uma enorme jaula feita de madeira e toda coberta por ramos verdes...mas como uma jaula de madeira poderia deter um mago? Bom, não era uma jaula comum.Graças ao cérbro maligno de Luca,descendente de um bruxo que foi aprisionado e queimado na cidade vizinha há muitos anos,foi levado ao conhecimento de seus parceiros de maldade, que a cera fabricada pelas abelhas da Cidade Azul,era a única coisa no mundo com o poder de enfraquecer um mago.Ciente disso, o trio da maldade após construir a jaula, a cobriu com a fatídica cera , colando em seguida os ramos sobre a mesma.Levaram-na para a floresta quando a cidade ainda dormia.

Quando Salemko se aproximou da floresta,encontrou Zilá e Zilú muito aflitas , pedindo-lhe ajuda.

- Sr.Salemko!Por favor , nos ajude! Nosso vizinho está ferido!-pediu Zilá com as mãos na cabeça em falso desespero.

-Está com uma perna quebrada!-dramatizou Zilú-ele só estava caçando, coitatdo!

-Não devia estar caçando.Deveria deixar os animais em paz-respondeu ele calmamente,e continuou seu andar apressado.

-Que sujeito cri-cri!-cochichou Zilá aos ouvidos da irmã.

-Um ranzinza.-respondeu Zilú em voz baixa.

Em seguida, seguiram ambas os passos do mago e o alcançaram.

-Ele não estava caçando, estava passeando-disse Zilá.

-E deve ter quebrado as duas pernas-exagerou Zilú tentando comovê-lo.

-Está bem , senhoras-concordou enfim-vamos ver o seu vizinho.

Ambas se abraçaram comemorando e ele as acompanhou até uma clareira no meio da floresta.Andaram mais alguns passos e viram o Noca uivando de dor,dentro da jaula camuflada onde se viam apenas os ramos verdes.

O mago mal se adentrou à jaula e Luca saiu de seu esconderijo fechando a porta com força enquanto Deco surgia repentinamente,ajudando Noca a sair pela outra porta e fechando-a em seguida.

Quando o trio da maldade se retirou deixando o mago confuso, Zilá e Zilú já haviam fugido assustadas.

Salemko nada podia fazer,pois havia sido fragilizado pela cera das ùltimas abelhas mágicas do mundo , e jamais sairia dalí se não contasse com a ajuda do amigo sol.

O tempo porém se fez nublado e o dia já estava pela metade quando o sol reapareceu mais brilhante e magestoso do que nunca!Dois raios-meninos que brincavam pelos ramos verdes, chegaram ao interior da jaula onde se achava Salemko e , ficaram tão indignados com tamanha maldade, que foram correndo buscar auxílio de todos os raios de sol.

E o dia nunca fora tão quente!

E o sol nunca fora tão forte na Cidade Azul!

As flores se sentiam sufocadas, as borboletas e os pássaros estavam exaustos.E os peixes,pobrezinhos!Subiam á superfície e olhavam em todas as direções sem entender o que se passava.

E a cera das abelhas mágicas não foi mais forte que o sol: se derreteu desparecendo no solo e libertando o mago Salemko para sempre.

Quando o mago retornou a seu castelo, este estava tomado pelos curiosos da cidade.Haviam pessoas espalhadas por todos os cantos, bisbilhotando tudo.Ela ficou parado na porta principal com a mobilidade de uma estátua, e , os olhos serenos,fixos no movimento e no burburinho causado pelas indesejáveis visitas.

As primeiras pessoas que notaram sua presença, foram Zilá e Zilú, que começaram a gritar como se tivessem visto um fantasma, o que chamou a atenção dos demais.

-Saiam todos!Agora!-ordenou finalmente o mago e todos abandonaram o castelo sem olhar pra trás.

Mal chegaram em suas casas, e notaram que seus jardins já não tinham mais cor.As flores tinham a cor e a frieza do gelo.As borboletas, as aves e as árvores da Cidade Azul também haviam perdido suas cores.

Tolhidos de medo, nada disseram sobre o acontecido.Ninguém mais saiu ás ruas até o dia seguinte.

De manhã o Maria-vai-com-as-outras apanhou sua bicicleta e saiu rumo ao mercado do Sr.Stanislau.Notou que por todas as ruas onde passava, as casas pareciam jamais terem sido pintadas.

No mercado, a pequena Luli, o esperava em prantos:

- Rick,você é o único amigo do mago Salemko.Por favor, peça á ele que devolva as cores da cidade,das árvores,dos bichos!

- Não chore ,pequena Luli.Falarei com ele.

Ao final do dia, quando Rick voltava do castelo, encontrou Zilá e Zilú,com suas impertinentes indagações.

- E aí,Maria-vai-com-as-outras? O quê disse o bruxo?

-Quem disse ás senhoras que estive com o mago?

-Estávamos passando por acaso e ouvimos sua conversa com a pequena Luli-esclareceu Zilú.

O rapaz respirou fundo e nada respondeu.Foi seguido pelas irmãs curiosas até sua casa, onde Luli o aguardava.Ficaram então sabendo que o mundo ficaria sem cor por cem anos, a menos que alguém descobrisse o segredo do mago Salemko.

-Quê segredo?-Perguntou Zilá.

-Se alguém soubesse, não seria segredo-respondeu o Rick.

-Alguém vai ter que descobrir porquê ele veio para Cidade Azul-explicou Luli.

- Mas quem ousaria?-perguntou Zilá

Rick e Luli as olharam fixamente.

-Não!!-responderam as duas ao mesmo tempo.

- Senhoras, quem é que vê tudo, sabe tudo,descobre tudo na Cidade Azul?-insistiu Rick.

Elas se retiraram sem argumentos e logo a cidade inteira tomou conhecimento do motivo pelo qual o mundo inteiro estava ficando sem cor.

E o Maria-vai-com-as-outras desta vez não foi com as outras, ném com os outros; foi sozinho ao castelo e todos ficaram aguardando com muita ansiedade por sua volta.

Ele mal desceu a colina e uma multidão veio ao seu encontro.

-E então, Rick?-pergunou aflita a pequena Luli.

- Fala, homem!-insistiram alguns.

-Descobriu?perguntaram outros.

-O quê é que vocês acham?-disse o jovem apontando com o indicador para cima.

Então todos viram com espanto, que o céu já não era mais azul, mas tinha a mesma cor do gelo que havia nas flores.Retornaram tristonhos para suas casa e seus afazeres.

No outro dia , o trio da maldade, pressionado pela cidade inteira por terem sido os causadores da catástrofe, subiram a colina cabisbaixos, na tentativa de desvendar o mistério do mago.

E não mais voltaram.

Zilá e Zilú se armaram de coragem e subiram a colina rumo ao castelo de Salemko.

Suas tentativas também foram infrutíferas.

E as duas irmãs não mais foram vistas na cidade.

Outras pessoas ousaram também fazer suas tentativas, mas quando voltaram,suas vestes,seus rostos,seus olhos tinham a cor do gelo como a cidade.

Muitos dias depois,Rick teve a idéia de pedir à pequena Luli que subisse a colina, pois a menina tinha o coração puro e desconhecia a maldade. O mago certamente a pouparia.

Como não teve autorização de seus pais para ver o mago, a menina fugiu pela janela de seu quarto com a ajuda do amigo Rick, e, à meia noite, estava ela á porta do castelo batendo com força.Então o mago Salemko surgiu em seu pijama muito azul, com estrelinhas brancas e um gorro da mesma cor, e Luli o observava fascinada.

-O quê quer aquí à essa hora, menina?-perguntou ele.

-A sua roupa!È tão linda! Tão...colorida!-e abaixou os olhos em seguida-e a nossa cidade...

-Por quê veio aquí?-insistiu ele-deveria estar dormindo-observou ainda.

E ela ignorou sua pergunta mais uma vez desatando à falar sem folegar:

-O senhor não é mau, senhor cri-cri...quero dizer Salemko! Não está aquí pra fazer o mal mas pra destruir o mau! Quem sabe uma bruxa!È! Uma bruxa terrível, poderosa!

Surpreso, ele a deteve em sua última frase:

-Como disse?

O rosto de Luli se iluminou em um sorriso e ela olhou fundo nos olhos do mago:

-È isso! O senhor está aquí pra destruir uma terrível bruxa, que talvez queira tomar a cidade...ou o mundo!...

A pequena Luli, com seu coração puro e a imaginação povoada de fantasias das suas quinze primaveras, acabara de descobrir o segredo de Salemko.

E o dia seguinte foi o mais lindo que a Cidade Azul já tivera, com vivas e belas cores.

Zilá e Zilú reapareceram e sairam pela cidade a contar a façanha de Luli.O trio da maldade também reapareceu,um mais confuso que o outro e todos com aparência patética e sem condições de contar aos outros o que lhes acontecera enquanto ausentes da cidade.Zilá e Zilú juraram que eles estiveram no Deserto de Névoas , lugar sombrio e asqueroso ´para onde eram mandadas as bruxas e os bruxos que não eram queimados pelos mortais naquela época.

Mas a cidade ainda não podia respirar aliviada.Luli lembrava à todos que, enquanto a terrível bruxa Kléu não fosse capturada pelo mago, não viveriam em paz.

Quando ele descia a colina na tentativa de encontrar o enviado da bruxa Kléu próximo à última colmeia de abelhas mágicas não era mais importunado por ninguém,mas admirado por todos.

-Por quê ele não localiza o mensageiro da bruxa com a mágica?-perguntou um dos frequentadores da taverna.

-Porque quando o mensageiro chegar, vai estar coberto de cera de abelhas mágicas.Não poderá ser visto no cristal gigante do mago-esclarecia pacientemente a pequena Luli.

-Vamos fazer uma fogueira enorme em volta da cidade para que a bruxa não possa entrar-continuou a menina-cercaremos também o castelo para quae ela não se aproxime do cristal gigante do mago.

-Apoiado!-gritaram todos aplaudindo.

Passaram-se trê dias, e finalmente o mago Salemko se vira diante do duende Valtesco.Ficou por alguns segundos estudando a figura coberta pela cera que só podia ser vista à olho nu.Era bem magro , cabelos muito crespos,despenteados e barba crescida.Seus olhos malignos e tristes mostravam a palidez da cera em todo o seu ser.Certamente seria assim mesmo sem o disfarce.Antes que a sinistra criatura dissesse uma palavra,o mago ergueu os braços em cruz,lançando fortes raios dourados em forma de anéis enormes.Tais anéis aprisionaram Valtesco por poucos instatntes, pois a cera o protegia.Então Salemko lançou raios mais fortes, mas desta vez direto nos olhos do inimigo,pois estavam desprotegidos e este ficou estendido no chão inerte.

Enquanto isso , a pequena Luli chamava por Zilá e Zilú, pedindo que convocassem todos os habitatntes da Cidade Azul para então fazerem a enorme fogueira em torno da cidade.

-Depressa!Depressa,senhoras!Chegou a hora!-pedia a mocinha apavorada.

-Como sabe?-perguntou Zilá.

-Ele encontrou o enviado da bruxa Kléu.

-Como sabe?-repetiu Zilú.

A pequena Luli abriu a mão direita vagarosamente e as irmãs viram uma luz muito azul em forma de esfera, do tamanho de um limão sobre a mão da mocinha. Então sairam correndo rumo ao mercado para avisar o Rick.

-Uma luz enorme! Do tamanho de uma laranja!-explicou Zilá.

-Do tamanho de um melão!-corrigiu sua irmã-ou seria de uma jaca?

-Não importa, senhoras.Vamos avisar à todos que a bruxa Kléu vai chegar-disse Rick saindo apressadamente seguido pelas fofoqueiras.

Até o Sr. Stanislau fechou o mercado para auxiliar o mago.Foi até a floresta acompanhado por Luli e arrastou o inimigo Valtesco até o castelo a fim de lhe remover a cera do corpo para que enfim pudesse ser aprisionado por Salemko.

Luli apanhou o secador de cabelos que trazia consigo e derreteu toda a cera, e o mago finalmente aprisionou o inimigo em uma enorme gaiola de luzes douradas.Valtesco foi ainda, obrigado pelo mago,a fazer com que as abelhas mágicas enviassem à bruxa Kléu, sob seu comando, um sinal de “aproxime-se”.

E eis que surge,mais assustadora,mais maligna,mais horrorosa do que nunca, a famosa bruxa Kléu,a única bruxa do mundo que conseguira a proeza de escapar do Deserto de Névoas ,portanto, deveria ser exterminada.Era uma figura alta,de pele bem escura,vestes negras,sapatos com saltos muito altos, os cabelos alisados à força e bem puxados para trás.Tinha ainda uma verruga enorme na ponta do nariz e um andar desajeitado em pose forçada.

Ao tentar entrar na cidade, notou que a mesma estava toda cercada pelo fogo.Quis se aproximar do castelo de salemko,mas este estava também protegido pelo fogo.

-Valtesco! Seu traidor! Onde está você?-gritava a bruxa, desesperada pela desagradável surpresa.

Não ouviu resposta e prosseguiu berrando em todas as direções.

-Valtesco, seu inútil!Responda!

Quando voltou seu olhar perverso em direção ao castelo, viu surgir das chamas, a figura de Salemko,que se movia em sua direção com vestes tão reluzentes que a deixaram desnorteada.

-Ele não vai responder-disse o mago em voz grave, porém tranquila e agradável como os primeiros acordes de uma nova canção-ele está no Deserto de Névoas-informou ainda.

- Maldição!-grasnou a bruxa Kléu lançando um raio negro em direção ao mago,porém,não conseguindo atingí-lo.

Quis tentar novo ataque,mas as vestes douradas de Salemko brilhavam com tal intensidade, que à todos parecia que o sol havia descido para visitar a Cidade Azul.E a bruxa nada podia enxergar,pois havia esquecido seus óculos solares.Oh,esquecimento fatal! Saiu cambaleando em direção à cidade cercada pelo fogo.

Foi assim que a perversa e audaciosa bruxa Kléu desapareceu para sempre nas chamas.

O mago Salemko,mais uma vez estendeu seus longos braços em cruz,apagando todo o fogaréu que cercava a cidade e o castelo, com seus raios dourados.

Quando os habitates da cidade se puseram á aplaudir Salemko,este já havia se ausentado.Viram apenas alguns rastros de luz dourada em direção ao castelo.a pequena Luli quis seguir as marcas de luz para agradecê-lo, mas Rick a deteve:

-Vamos todos pra casa descansar e esquecer esse pesadelo.Falaremos com ele amanhã.

Todos concordaram e retornaram às suas casas.

E a pequena Cidade Azul voltou a ser a feliz Cidade Azul de sempre.

No dia seguinte, conforme haviam combinado, todos se encontraram em frente ao castelo para agradecer ao mago.Mas o castelo não estava mais lá.Em seu lugar havia um relva muito verde.Sobre a mesma, haviam muitos lírios azuis como a capa do mago Salemko.Havia ainda flores tão pequeninas quanto graciosas, de cor muito alva como as estrelinhas da capa e do chapéu do mago.

Ele havia cumprido sua missão na Cidade Azul.Certamente havia voltado... pra onde?

Isso nunca ninguém soube.

Mais um segredo do mago Salemko, que por onde passava,deixava seus rastros de luz,não mais no solo, mas na vida de cada um, pra lembrara à todos que a vida é o dom mais precioso e a paz, o presente mais caro; juntos, a realização plena dos mortais.

Silas Santos

Silas Santos
Enviado por Silas Santos em 17/07/2009
Reeditado em 28/07/2009
Código do texto: T1704736
Classificação de conteúdo: seguro
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