CASAMENTO DO SAPO-BOI

Um grande sapo morava numa floresta enorme, mas sua pele a cada dia ficava mais enrugada, porque todo sapo precisa de uma lagoa para mergulhar e hidratar a pele.

Lamartine abrigava-se durante o dia no tronco de uma árvaro, e somente à noite, saia para passear.

Certa noite, apareceu-lhe em sonho, a fada madrinha dos sapos e disse-lhe que tinha um dom para oferecer. Estava procurando um sapo de bom coração para lhe dar o dom da felicidade.

Assustado, Lamartine acordou. Chovia forte.

O barulho da chuva nas folhas dos galhos trouxe a seus ouvidos o som de uma cachoeira. Será que ainda estou sonhando?

Moro nesta floresta há tantos anos e jamais vi nela uma cachoeira, uma lagoa ou uma boa poça d’água!

Rapidamente, aguçou os ouvidos: havia mesmo uma cascata por ali.

Pulando como todos os sapos, avançou mata adentro com o coração quase saltando fora, de tanta alegria.

Eis que momentos depois, deparou-se com um lago azul.

A chuva parara de chover aqueles pingos pequeninos que os anjos passam na peneira do céu e derramam sobre a terra.

A lua brilhava, refletindo luz no espelho das águas e nuvens de algodão viajavam apressadas...

Ôba, achei uma lagoa! Ela agora é minha – disse o sapo em voz alta.

No meio do lago tinha uma pedra. Mas não representava pedra de tropeço. Seria sua nova morada.

Todo sapo precisa de uma lagoa para mergulhar e uma pedra para descansar...

Lamartine precisa de uma pedra bem firme, para dali, lançar sua enorme língua e capturar insetos.

Sapos comem insetos e as cobras comem os sapos - a vida é assim. Só o bicho homem não é caçado por nenhum outro bicho.

Imediatamente, Lamartine apoderou da pedra e da lagoa e já estava ali há vários dias, quando em determinado momento, ouviu um pedido de socorro, vindo da direção em que o lago era mais profundo...

Uma perereca desesperada sobre uma folha, estava prestes a afogar-se.

Os sapos não se afogam - disse a netinha que atentamente ouvia a história.

É verdade, minha filha: sapos são anfíbios, isso quer dizer que podem viver na água ou na terra, mas aquela sapinha estava ferida.

Teve as patas machucadas num ataque de serpente. Conseguiu fugir antes de ser engolia, mas cansada e fraca, não podia nadar.

Lamartine lançou-se em águas profundas e salvou Matilde. Colocou-a sobre a pedra e aplicou sumo de mastruz nas feridas.

Em poucos dias, a perereca saltava alegre da pedra para o lago e do lago para a pedra...

Matilde era uma perereca sapeca. Embora fosse sapo, saltava como uma perereca fazendo gracinha para seu herói.

Brincavam "do pega" e davam saltos espetaculares como se a pedra fosse um trampolim preso à margem da lagoa...

Os dias se passaram, e, entre um e outro piscar de olhos, fizeram juras de amor, casaram-se e tiveram lindos filhos.