PEQUENO TEATRO INFANTIL - I

PEQUENO TEATRO INFANTIL - I

NO JARDIM DO REI

APRESENTADOR:

Todo dia um rei poeta,

De forma muito discreta,

Passeia por entre as flores.

Procura, assim, Sua Alteza,

Unir à sua nobreza

Toda a harmonia das cores.

REI:

Sou rei, mas sei, com mestria,

Encontrar a poesia,

Encontrar satisfação.

Dou valor à pirueta

De uma simples borboleta

Quando sopra a viração.

Gosto da rosa singela,

E quando eu abro a janela

Para ver o sol nascer,

O seu perfume discreto

Invade o castelo, certo

Que me oferece prazer.

APRESENTADOR:

E, na sua poesia,

Vai o rei com alegria

No jardim a caminhar.

Tão grande amigo das flores,

Cumprimenta os seus amores

Com seu alegre cantar.

REI:

Bom dia, Rosa Vermelha!

Tão bela fonte onde a abelha

Doce mel vem procurar!

Olá lindo Amor Perfeito,

Dono de fato e direito

Desse nome singular!

ROSA:

Meu bom dia, Majestade!

Que, por imensa bondade,

Vem às flores visitar!

Tão logo que raia o dia,

Vem trazer a poesia

Tão meiga do seu olhar.

As flores, minhas amigas,

Ouvindo as Vossas cantigas,

Abrem todos os botões.

Pena que o mundo a uma flor

Não dê o mesmo valor

Que o Rei em suas canções.

Antigamente, no mundo,

Havia amor mais profundo,

O Beija-flor sempre diz...

Em cada lar, muitas flores

Ofertavam os seus amores,

A vida era mais feliz.

Hoje nem sombras suaves,

Nem o gorjeio das aves,

Nem um riacho a cantar.

O sol bate na parede

Aumentando a nossa sede

Com um calor de amargar.

Toda a tarde uma andorinha

Deixava o bando e então vinha

Pousar aqui no jardim.

Hoje, essa vida agitada,

Não deixa sobrar mais nada

E tudo já chega ao fim.

APRESENTADOR:

Com voz modesta, cantando,

O rei segue caminhando

Sorrindo à rosa tão pura.

E a rosa, ruborizada,

Do rei, a musa encantada,

Fica ouvindo com ternura.

REI:

Olhem que imensa beleza!

Foi a amiga natureza

Quem tudo fez, eu bem sei!

Pra compensar nossas dores,

Trouxe o perfume das flores

Para o pobre e para o rei!

Do palácio, eu troco a festa,

Pela alegria modesta,

Pela paz deste jardim.

Que tristeza, eu rei nasci!

Queria ser Colibri,

Bem melhor seria assim!

APRESENTADOR:

Responde-lhe o Beija-flor

Que com todo o seu amor

Ao jardim é dedicado,

Que tudo é pura ilusão,

Que, com dor no coração,

Vê o mundo tão mudado.

BEIJA-FLOR:

Perdão, Vossa Majestade!

Nem sempre a felicidade

Vosso humilde servidor

Conhece, pois, no momento,

Tudo é feito de cimento,

Sem pena do Beija-flor.

Por Vosso infeliz decreto

Tudo é feito de concreto,

Nada mais é natural.

Tem mel que não se aconselha,

Pois mel não consegue a abelha

Na flor artificial.

Ouvi, da Rosa, o queixume!

Como manter seu perfume,

Com tanta poluição?

Que Vossa mão competente

Seja, por nós, mais clemente,

Seja a nossa proteção.

(CAI O PANO)

Gilson Faustino Maia
Enviado por Gilson Faustino Maia em 05/02/2010
Código do texto: T2071296
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