O Palhaço Chiquinho

Chiquinho era o brinquedo mais bonito que Helena tinha na casa de brinquedos.

Vestido com um macacão bem colorido, um largo sorriso e o olhar alegre tal qual o sorriso de todas as crianças que se alegravam em sua presença.

Helena nunca dera a devida importância ao palhacinho até que um dia, caiu doente.

Seu cãozinho de estimação havia morrido, desde este dia ela nunca mais voltara a sorrir, estava sempre febril e recusava-se a brincar com quem quer que fosse.

Sentada em frente à caixa de brinquedo surpreendeu-se com uma voz que dizia: psiu! Ei menina!

Ela arregalou os grandes olhos e disse: ué e você fala?

Claro que falo, mas só para garotinhas sensíveis iguais a você!

Agora estavam os dois sentadinhos a conversar, ele macaqueando, Heleninha dobrava o corpo de tanto rir.

Mas Chiquinho ficou sério e disse: por que você está sempre chorando?

Ah você ainda não sabe? Perdi meu cãozinho, agora não tenho com quem brincar passo o tempo inteiro sem companhia e depois sinto falta dele e de novo caiu a chorar.

Chiquinho muito desajeitado em suas folgadas roupas saltou em várias piruetas e disse: Não chore Heleninha! Eu não sou cãozinho, mas faço cambalhotas, piruetas, sei estórias engraçadas, e posso ficar com você quando não estiver na escola que me diz?

A garota suspirou, piscou os olhinhos e disse: mas você late?

Caíram no chão de tanto rir, não claro, que não faço isso, eu sou apenas um palhaço que adora fazer os outros rir!

Mas olha menina eu também fico o tempo inteiro sorrindo, mas dentro de mim também estou triste posso contar? É segredo, promete que não conta pra ninguém?

Heleninha chegou mais perto o olhou e disse, mas Chiquinho você está chorando?

Ele meio sem jeito desconversou e disse: eu não estou apenas resfriado do tanto que fiquei mofando nesta caixa de brinquedos.

Está sim, insistiu Heleninha.

Ah Chiquinho, não faz assim, agora somos amigos, se você prometer não chorar eu também não choro.

E assim o tempo passou-se e sempre que Heleninha por qualquer motivo entristecia ia ter com Chiquinho, este ficou a cada dia um palhaço mais sapeca.

Heleninha nunca esqueceu seu cãozinho, mas aprendeu que um amigo ajuda muito nestas horas.

E Chiquinho passava horas pacientemente sendo arrastado de um lado para outro pelas mãos da garotinha.

Heleninha sorria e Chiquinho também: você é o primeiro palhaço que vejo chorar e ele: e você é a garotinha mais linda que vejo chorando.

E passaram a ser grandes amigos, Heleninha agora quando estava triste não sentia mais febre, os dias passavam e os dois ensinaram a todos a importância do carinho.

Chiquinho passou a ser o seu maior amigo, sempre andavam a conversar e a brincar onde quer que estivessem.

Agora, ela tinha um amigo de verdade e juntos seguiam pelos caminhos ensinando as coisas que um ia aprendendo com o outro.