O Porquinho Hortelão

Pokinho vivia muito feliz, cultivando em sua horta as mais belas hortaliças. Do arrebol ao por do sol, lá estava o porquinho cuidando de suas plantinhas: aguando, fofando e adubando a terra, arrancando os nocivos matinhos. A couve, o repolho, o espinafre, a mostarda... enfim, tudo que ele plantava crescia viçoso aos olhos carinhosos de seu dono. Depois de tudo bem cuidado, pegava seu carrinho de mão enchia-o de legumes e verduras e, cantando, chegava até à cidade onde vendia tudo para sua fiel freguesia. Um belo dia, porém, Pokinho sentindo-se desanimado com a falta de chuva e com o sol escaldante do verão, resolveu sair pelo mundo à procura de um outro tipo de serviço. Ele queria mesmo conhecer o mundo e aprender outras profissões que lhe proporcionassem muito dinheiro e mais tempo de lazer. Ele ouviu um macaquinho dizer que havia muita novidade, muitos trabalhos diferentes em outras regiões. Pokinho pegou sua trouxinha e pôs o pé na estrada! Andara já umas duas horas, quando viu na beira da estrada um anúncio de emprego. Precisava-se de ajudante numa Fábrica de Queijos.

- Que bom! pensou Pokinho, deve ser ótimo fazer queijos. Bem que o macaquinho me disse que muita coisa interessante havia por estas bandas!

E para lá se dirigiu todo animado! Com as mãos já bem lavadas, colocou o avental e, assoviando, foi apertando a massa coalhada nas formas. E, com força, ele apertava... apertava... Mas logo Pokinho cansou-se e quis dar uma paradinha. Dona Cabra zangou-se com ele:

- Nada de parar, senão a massa não fica no ponto ideal do queijo!

Pokinho não mais tinha forças nos braços e, mesmo com a Dona Cabra ralhando com ele, desistiu do emprego, pegou sua trouxinha e novamente colocou o pé na estrada à procura de coisa melhor. Não demorou muito, ele escutou uma linda melodia que vinha de uma elegante casa. Era uma Escola de Música. Oba! Acho que aqui é meu lugar. Eu sempre gostei de cantar. Pokinho entrou e viu o professor, Mestre Cão tocando violino.

- Que interessante! Que maravilha! Era isto o que eu queria, suspirou Pokinho.

Segurando o violino, começou a receber as primeiras instruções. E tentou tocar, acompanhando o mestre, mas nada. Tentava de novo, suava de aflição e o que saia eram sons desafinados. Mestre Cão explicou que precisaria de muitos anos de esforço, de treino para saber tocar violino. Depois de algumas poucas horas, Pokinho desanimou-se. Pegou novamente sua trouxinha e ganhou a estrada. Já estava desanimando, quando ficou deslumbrado com o que viu. O Sr. Urso, parecendo um astronauta, cuidando das colméias e carregando lindos favos de mel.

- É esse serviço que eu quero, pensou ele. Mel é o que mais gosto!

Logo se ofereceu para trabalhar e foi aceito. Vestiu também o macacão próprio, as luvas, o capacete e lá estava feliz, ajudando a fazer a limpeza das caixas de abelhas e fazendo funcionar o fumegador. Não demorou muito, quando uma abelhinha, conseguindo uma aberturinha naquele macacão, deu-lhe uma ferroada no pescoço. Pokinho deu um grunhido muito alto, mesmo sob os protestos do apicultor. Não podia fazer barulho que as abelhas se exaltariam e ninguém conseguiria acalmá-las. Mas Pokinho continuava a grunhir com mais força. E não deu outra. As abelhas apavoraram e foi aquele alvoroço! Pokinho saiu correndo e adeus emprego.

Com a sua inseparável trouxinha, lá vai Pokinho cantando pela estrada:

“Cada macaco em seu galho,

O ditado assim o diz.

Vou voltar ao meu trabalho,

Onde sempre fui feliz!”

fernanda araujo
Enviado por fernanda araujo em 02/09/2006
Reeditado em 10/09/2006
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