O PICA-PAU (PÓ DE SERRA)


A bicharada da floresta
Já não tinha mais sossego
Se o Pó-de-Serra aparecia
Os bichos naquele dia
Tinham que acordar mais cedo.
 
Pó-de-Serra estufava o peito
Com um gesto de grandeza
A árvore que ele escolhia
Em pouco tempo deixaria
De existir na natureza.
 
Não foi uma, nem foi duas
Foi centenas foi milhares
Que o seu bico derrubou
Agrediu e desmatou
Matas em muitos lugares.
 
O Macaco não queria
Ser amigo do Pó-de-Serra
O Gambá e o Quati
Diziam fora daqui
Sai pra lá, vê se me erra.
  
A Preguiça e a Tartaruga
Diziam sempre ao Tatu
Queira Deus que o Pó-de-Serra
Desapareça da Terra
No bico do Urubu.
 
Porém o João-de-Barro
Dizia sempre aos amigos
Não devemos odiar
Porque o criador nos ensina amar
E orar pelos nossos inimigos.
 
Dizia a Cobra vamos agir
Chega de tanto discurso
Por mim eu já dava um bote
E com um pouquinho de sorte
Mandava ele pro bucho.
 
A Pombinha dócil e mansa
Repreendia a Serpente
Dizendo: é o Criador quem determina
Se concede ou elimina
A vida do ser vivente
 
Digo-lhe mais ainda
Poupar a vida é preciso
Pois você é um exemplo
Que no passado há muito tempo
Com vida foi expulsa do Paraíso.
 
Reuniram-se todos então
E procuraram o Pó-de-Serra
Pois nunca é tarde de mais
Para iniciar a Paz
E finalizar uma Guerra.
 
A Coruja acanhada
Perguntou com delicadeza
Pó-de-Serra qual o motivo
Que você usa o seu bico
Pra destruir a natureza?
 
Pó-de-Serra pediu desculpas
Contando uma história comovente
Revelou que todos os dias
Era ameaçado e obedecia
As ordens da falsa Serpente.
  
Nesse instante o Avestruz
Sacudiu a Serpente no Espaço
Dizendo fale a verdade
Antes que seja tarde
E eu te solte goela a baixo.
 
A cobra então pediu:
 - Por favor, não faça isso
Desde o tempo de Adão
Eu uso a traição
Pra devorar os outros bichos.
 
- O Pó-de-Serra não tem culpa
A destruição é estratégia minha
Porque as aves pousando no chão
Eu garanto a refeição
Pra mim e as minhas cobrinhas. 
 
E se você não me engolir
Eu prometo que vou mudar
A Amazônia será a minha opção
Pois lá os homens com as próprias mãos
Não para de desmatar...


                           ( FIM)

                      ATAIDE VIEIRA(poeta ambiental)
POETA AMBIENTAL (ATAIDE VIEIRA)
Enviado por POETA AMBIENTAL (ATAIDE VIEIRA) em 11/08/2010
Reeditado em 27/09/2010
Código do texto: T2432707
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