A FLAUTA MÁGICA

A FLAUTA MÁGICA...

Pedrinho era um menino muito inteligente. Morava com seus pais numa casinha pequena. Todas as manhãs ia para a escola. Precisava, acordar antes do sol nascer. Ajudava seu pai, a tirar o leite das vacas, colocava milho para as galinhas, e ainda recolhia os ovos que encontrava escondidos dentro e fora do galinheiro, Tomava café muito rápido e saía correndo saltando até chegar à escola. Caminhava uma boa distância a pé, mais de meia hora.

Ele gostava de ver o sol ensaiando sua jornada e muitas manhãs se atrasava. Gostava de correr atrás dos raios do sol. Apreciava cada trechinho do seu caminho. Caminhava tão feliz que jamais sentia-se sozinho.

Certo dia ao voltar da escola, percebeu que um menino moreninho o acompanhava. Era um menino bem magrinho, andava descalço e tinha um bambu cheio de furinhos em uma das mãos. Pedrinho notou que o menino levava o pedaço de bambu aos lábios, soprava e tirava vários sons que formavam linda melodia. Chegando perto de casa, Pedrinho viu o menino afastar-se.

Muitos dias se passaram sem que Pedrinho voltasse a ver o menino da flauta. Pedrinho procurou a cansar por todo o caminho entre a escola e sua casa, no sítio onde morava, e além muito além, por onde não costumava se arriscar, bem longe de sua casa. Sem resultado, não avistou mais o menino magrinho. Certo dia, quando revirava a terra em busca de algumas minhocas para pescar, sentiu um forte toque em suas costas e voltou-se. Viu o menino sorrindo com a flauta nas mãos. Eles ficaram se olhando e se entendiam sem palavras. Pedrinho passou a tarde inteira pescando na companhia do menino que ficou ao seu lado sem pronunciar palavra. Na volta, ao aproximar-se de casa, Pedrinho notou que o menino sumiu em uma curva do caminho.

Na manhã seguinte quando ia para a escola, encantado a correr atrás dos raios de sol, saltando pelos canteiros de rosas e margaridas, Pedrinho encontrou a flauta caída no chão. Levou-a consigo para a escola dentro de sua mochila. Na hora do lanche, retirou a flauta da mochila, e fez menção de tocá-la, levou-a aos lábios. Viu que seus coleguinhas da turma começaram a se aproximar, e alguns debochavam dizendo: - Olha,o Pedrinho é flautista! Ha! Ha! Ha! Ha! – Onde você aprendeu a tocar?????

Pedrinho foi ficando nervoso com as provocações, e soprou, soprou soprou, esquecendo-se que não sabia toar, enquanto soprava colocava para fora de seu coraçãozinho jovem a tristeza, o medo e o susto e as notas se formaram linda melodia. A sineta tocou, o lanche acabou. Voltando para casa Pedrinho ainda estava surpreso, gostaria de saber como aquilo tinha acontecido. Encontrou com o menino magrinho no caminho de casa, este então sorridente falou-lhe: - Pedrinho esta flauta é mágica, e te dou de presente. Ela toca sem que você precise saber tocar. Basta pedir a ela: - Flauta, toque, e ela realizará seu pedido. A mágica acaba quando você revelar seu segredo para qualquer pessoa.

Assim Pedrinho continuou tocando sua flauta por muito tempo. Cresceu, tornou-se homem, foi estudar na cidade e trabalhar numa grande companhia, esqueceu-se da flauta? Não nas horas difíceis da vida em que enfrentou dificuldades, falta de dinheiro, morte dos pais, e outras coisas, ele tocou sua flauta, e depois na melhor idade, tocava para seus netinhos, até que um dia, a flauta caiu no chão, jogada por um coleguinha mau de um dos seus netinhos, aí aconteceu uma coisa misteriosa. O menino gritava, urrava de dor, parecendo que estava muito ferido. Os adultos vieram acudir e não sabiam o que estava acontecendo pois o menino berrava caído no chão, e fazia movimentos estranhos como se estivesse tentando se livrar de golpes desfechados por alguém invisível. Pedrinho viu nitidamente a flauta se deslocando de lá para cá, desferindo pequenos golpes no menino, e levemente começou a ver a sua frente a figura do menino magrinho que lhe dera a flauta de presente, ia falar alguma coisa, mas viu o gesto do menino, colocando um dedinho na boca em sinal de silêncio. Pedrinho calou-se, o menino magrinho desapareceu, a flauta ficou no chão, Pedrinho a guardou, enquanto o colega do seu netinho ia embora no colo de uma tia.

Alguns dias depois, um dos netinhos de Pedrinho encontrou o vovô dormindo, com a flauta nas mãos. O vovô Pedrinho não queria acordar, então o netinho começou a tocar a flauta, enquanto vovô Pedrinho subia no ar embalado pelas doces notas tiradas por seu neto da velha flauta sua companheira. Chegando lá no alto encontrou um milhão de anjos, entre eles estava o menino magrinho e moreninho que o acompanhava na curva do caminho de sua infância. Era um dos seus anjos da guarda, que o velaram por sua longa vida.

Aradia Rhianon
Enviado por Aradia Rhianon em 13/09/2010
Código do texto: T2495585
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