Brincadeiras de Ontem

Brincadeiras de Ontem

Marlene B. Cerviglieri

Cresci brincando em quintais muito grandes e mesmo na rua que sempre era em frente de nossas casas.

Digo nossas casas, pois meus amigos partilhavam desta brincadeira toda.

Naquele tempo se podia empinar pipa no campinho, não havia fios elétricos para enroscarmos a linha.

O tal de Cerol nem se ouvia falar.

Eram brincadeiras divertidas e inocentes.

Também jogávamos saquinho na calçada.

Eram mesmo saquinhos de panos recheados de milho ou feijão.

Como nos divertíamos coma figurinhas jogando a bafo.

O que era bafo? Bater nelas com a mão em forma de concha, quem ganhava era aquele que conseguia vira-las ao contrario.

No meio da rua se jogava barrabol e muitas vezes vôlei também.

Sem rede sem nada.

Já muitas meninas preferiam brincar de casinha.

Tinham tudo que precisava o fogãozinho as panelinhas e os bebes que eram as bonecas com suas caminhas.

Lembro-me que havia até um joguinho de chã, com xícaras e pires eram uma gracinha mesmo.

Saladas mil se faziam com as plantas dos jardins, montavam-se tijolos formando salas e cadeiras, tampas de pasta de dente eram vasinhos...

Bem, agora é que começa a pequena historinha que tenho para vocês!

-Certa tarde as meninas se reuniram no jardim da casa de uma delas.

Iam brincar com todas as panelinhas e fogãozinhos que tinham.

Montaram as casinhas separando-as com blocos de tijolo, aqueles bem vermelhinhos não os de cimento.

Foi quando Zequinha chamou os amigos e disse:

-Ei amigos vamos dar um susto nas meninas?

É claro que todos concordaram...

E assim foi.

Foram para o campinho em frente lá na rua, e começaram a procurar por tatus.

Sabe, tatu bolinha, aquele bicho que quando você encosta ele vira uma bolinha!

É, faz isto para se proteger.

Outros cavaram a procura de minhocas

Colocaram tudo num pedaço de jornal e lá se foram para o lado das meninas.

-Oi, gostaríamos de brincar com vocês também.

Elas aceitaram e eles sentaram no chão junto a elas.

Disse Zeca:

Vamos ajudá-las com o almoço, podemos?

Ah não sei não pensou Renatinha meio desconfiada.

Porque não jogam saquinhos disse ela.

Mesmo assim os meninos continuaram sentados lá.

No primeiro descuido delas colocaram os tatuzinhos na panelinha...

Mais um pouco puseram as minhocas no caldeirão...

Não precisou muito tempo para que uma delas abrisse a panelinha.

E, quando viu as bolinhas, foi um grito para se ouvir no quarteirão todo.

-O que é isso?

Azeitonas disseram!

Não deu tempo viram a minhoca querendo sair do caldeirão...

E isto também.

Macarrão disse o Zeca e todos riam para valer...

Não ia ficar assim não pensou Renatinha.

E enquanto eles riam muito, virou a panelinha na boca de um deles!

Foi um engasgo geral.

Mas espera ai, pegaram as minhocas e quando iam jogar neles...

Saíram todos gritando, pois um enxame de abelhas chegara pronto para picá-los.

Foi um corre corre danado.

A vovó que ouviu muito barulho foi para lá.

Todos queriam falar ao mesmo tempo.

No final riram juntos e foram para o meio da rua jogar barrabol.

É a vida era outra, simples brincadeira, no meio de tatus minhocas e até vaga-lumes pegos a noite. Subir nas arvores e colher fruta.

E ai voltaram para suas casas sujos rindo e alegres. Fazendo guerra com mamonas

O jantar cheirava na casa toda.

Era o caldo do feijão a batatinha frita a noite caindo e prometendo mais brincadeiras só que agora dentro de casa.

Leitura, jogos, quebra cabeças e muita contação de historia.

Foi assim que cresci, com cães e gatos, muita chupetinha de pirulito, puxa puxa bolo de fubá e doce de abobora, e fruta no pé.

Tentem imaginar todas estas brincadeiras e quem sabe brincar de verdade.

Abraço.

Marlene Cerviglieri
Enviado por Marlene Cerviglieri em 19/10/2010
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