Na época dos velocípedes
Ana Luiza acordava cedo, espreguiçava, e levantava feliz! Com três aninhos apenas ainda poderia ficar até mais tarde na cama. Mas ela tinha lá seus motivos. Depois de tomar o café , já buscava o velocípede e somente anunciava:
— Mamãe, vou para a casa da Vivi.
A amiguinha Vivi morava ao lado. A casa tinha um grande quintal com uma pequena área plantada. O restante de chão estava à mercê das duas pequetitas que ali ficavam até à hora do almoço na maior felicidade.
Ana Luiza chegava suada em casa. Era a conta de tomar o banho, almoçar e ir para a escolinha.
A cena se repetia todos os dias.
Uma noite choveu muito. Poças d’água se formaram no quintal de Vivi.
Ana Luiza, como de costume, segue o mesmo ritual:
— Mamãe, vou para a casa da Vivi.
A mãe vê passar em átimos de segundo, como num filme, a cena da filha chegar toda suja de barro depois daquela noite tão chuvosa.
Olhando bem em seus olhos azuis, com o dedo em riste foi bem categórica com duas pequeninas palavras:
- NEM PENSAR!
A filhinha, fechando a cara, saiu da cozinha emburrada e com a resposta na ponta da língua:
— PENSAR EU PENSO!