UM RATINHO MUITO ESPERTO

Um ratinho, depois passar muito tempo procurando comida, resolveu voltar para sua toca no tronco de uma árvore seca e muito velha. Vinha meio triste porque não encontrara comida suficiente para encher o seu estômago. De repente ouviu um silvo forte. Era uma cobra aninhada em um monte de capim seco na margem do rio.

- Olá, belo ratinho! Chegou bem na hora.

- Na hora? – perguntou o ratinho intrigado.

- Sim, meu caro! Na hora do meu almoço, ah,ah,ah.

- Mas eu não sirvo para seu almoço. Veja como eu estou magro e sujo. Passei a manhã toda correndo a procura de comida. A senhora não vai querer almoçar um rato fedido como eu, vai?

- Ora, não seja bobo. Para mim o que interessa é comer. Não me importa a sua higiene. Prepara-se porque eu vou hipnotizá-lo para abocanhá-lo mais facilmente, ah, ah, ah.

O cérebro do ratinho trabalhava rapidamente procurando uma maneira de escapar da cobra. Pensou em correr. Não. Isso não seria uma atitude esperta. A cobra estava faminta e o pegaria no primeiro bote. Olhou em volta. Nada havia que pudesse ajudá-lo. Então a cobra levantou a cabeça e começou a executar a dança da hipnose. O ratinho começou a ficar meio sonolento, mesmo assim o cérebro continuava trabalhando. Com os olhos quase fechados ele viu que a cobra havia mudado de pele recentemente. Como ele sabia? Pelo resto de pele velha ainda grudada no rabo da cobra. E foi com muito esforço que ele disse para a cobra.

- A senhora cobra está com um vestido novo. É muito bonito e elegante. Esta pele nova a deixa tão linda. Sabe que não há nesta mata uma cobra tão elegante quanto a senhora?

Neste exato momento a cobra parou a dança da hipnose e com um quase sorriso na boca imensa perguntou:

- Você acha, ratinho? Estou mesmo elegante com esta pele nova?

- Elegantíssima dona cobra! Olhe-se na água do rio.

E a cobra vaidosa virou a cabeça para se olhar no espelho da água que corria mansamente. O ratinho, recuperado da tonteira que a dança da cobra provocou na sua cabeça, saiu correndo pondo-se bem distante do alcance da cobra.

- Ufa! Essa foi por pouco. Nada como apelar para a vaidade feminina. Adeus, dona cobra! ah, ah, ah! Agora quem ri sou eu! – gritou o ratinho voltando para a sua toca no tronco da árvore seca.

09/01/11

(histórias que contava para o meu neto)