MÃEZINHA, CONTA UMA ESTÓRIA!

MÃEZINHA, CONTA UMA ESTÓRIA!

Thereza de Lima

Era uma vez, num reino muito bonito, vivia um principezinho...

-Não era eu não!(resmungou Pedrinho)

-Claro que não! Era outro principezinho. Ele era maior do que você. Já devia ter uns dez anos.

-E porque não pode ser eu? interrompeu –eu já tenho oito.

-Porque o outro tinha dez anos. Vivia no castelo com seu pai e sua mãe, o rei e a rainha.

-Você é rainha?Papai diz que é.

-Sou rainha do nosso lar, mas vai escutar ou não?

Pedrinho calou-se, atento.

Um dia, o rei pai do principezinho saiu para visitar outro rei da corte vizinha e ficaram no castelo só a rainha, filho e os serviçais.

-O que é corte?

-Outro lugar governado por outro rei.

-e serviçais?

-São os empregados que fazem o serviço no castelo.Varrem, passam, cozinham...

-Como Qué qué?( Quequé era Lucrécia, que vivia e trabalhava naquela casa desde a chegada de Pedrinho)

-Mais ou menos. Quequé é quase da família.

Então, ficando em casa mãe e filho, resolveram fazer um passeio pelas terras do castelo. Tinha ali bosques floridos, riachos, pequenos animais, e que o pequeno príncipe quase nunca era autorizado a desbravar.

Levaram uma cestinha de piquenique cheia de guloseimas e saíram só os dois.

Muita coisa linda pelo caminho. As borboletas dançavam à frente deles como que abrindo passagem para as realezas, passarinhos cantavam, coelhinhos corriam...Quando o sol estava na metade do céu, buscaram a sombra de uma árvore, estenderam uma toalha e comeram felizes. Depois da refeição, rainha começou a cantar uma canção tão doce e linda que o filho adormeceu em seus braços. Sem demorar muito, na paz daquele bosque, adormeceu a rainha também.

Algum tempo depois, o principezinho abriu os olhos sonolentos e viu que a mãe ainda dormia, mas o sol já estava quase se escondendo e eles estavam longe do castelo. Ia acordar a mãe, quando ouviu o quizo de uma serpente . Arregalou os olhinhos. Era uma cascavel muito próxima dos dois, que ainda não havia atacado, porque estavam imóveis dormindo e a cobra não ataca quando se está imóvel.

-Ai meu Deus!Se fosse eu, matava essa cobra!

-Você ia ter medo, cobra é perigosa!

- Nada, eu sou é valente!Eu não ia deixar a cobra comer você.

-Cascavel não come gente, Pedrinho, ela pica e solta veneno que pode até matar uma pessoa se não for socorrida para tomar o antídoto.

-O que é antídoto?

- O remédio que anula o veneno. Mas posso continuar? Pois bem, o príncipe levantou-se devagar, sem fazer barulho para não assanhar a cobra, foi por trás dela, e com uma rapidez assombrosa, pegou-lhe pelos guizos e a sacudiu longe! Com o barulho da cobra voando, a rainha acordou:- Meu filho, o que foi isso? Já é tarde, como pude dormir tanto?

-Foi nada não, mamãe, só uma cobrinha que queria picar a gente, mas eu joguei ela longe.

-Quanto perigo, meu amor, porque fez isso? Porque não me acordou?

-Você dormia tão bonito! Eu nem pensei, vi que podia tirar ela daqui e tirei. Desculpe-me se fiz errado, mas um dia vou ser rei e tomarei decisões sem depender de ninguém.

-Um dia , meu filho, por enquanto, você é só o meu pequeno príncipe, deixe as grandes decisões para quando for homem feito. Tá desculpado, mas nunca mais faça isso, poderia ter sido você o prejudicado. Vamos embora que já está tarde demais.

Saíram em busca do castelo. O principezinho se achando o tal e a rainha pensando lá com seus babados...ele vai ser um grande rei!

-Se fosse eu, matava a cobra!

-Com que, Pedrinho?Ele não tinha arma.

-Sei lá, na hora eu via com que. Mãezinha, conta outra estória?