MILAGRE EM MIRELÂNDIA

Mirelândia é uma cidade pequena deste imenso Brasil. É lá que vive uma família simples composta de pai, João, mãe, Maria e os filhos: Marcelo, seis anos, Ana Maria, quatro anos e Ricardo, dois anos. Á época do acontecimento, Marcelo freqüentava a escola Martim Pereio situada na rua paralela a Rua São Cristovão, onde ele morava. No final do mês de novembro de 2000, por serem alunos aplicados, Marcelo e alguns amiguinhos, já estavam dispensados das aulas. A Rua São Cristovão é uma rua sem saída e, por essa razão o trânsito é quase zero.

Os meninos, comandados por Marcelo, estavam reunidos no meio da rua combinando a brincadeira que mais gostavam: a corrida de bicicleta. Foi aí que, como num passe de mágica, surgiu um carro em alta velocidade e atropelou as crianças. O moço que dirigia o carro disse que não conhecia a cidade e por isso errou o caminho. Os feridos foram levados ao hospital da região. Marcelo foi o que sofreu ferimentos sérios. O forte traumatismo craniano levou o menino a um estado de coma sem esperança, segundo os médicos que cuidavam dele.

A mãe sofria, orava e pedia a Deus que ajudasse o filho. Que ele voltasse a ser aquele menino alegre e feliz que sempre fora. Vinte dias se passaram e o menino, internado no quarto 29 do Hospital Santa Maria, continuava em coma. Nada mudou, disse o médico.

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Sentado em seu trono, Deus pediu que viesse a sua presença um anjo coletor de almas para uma nova missão.

- Senhor... - pronunciou o anjo coletor diante de Deus.

- Aqui está a sua missão. – disse o Senhor entregando-lhe um papel. O coletor abriu e leu: Mirelândia, quarto 29 – Hospital Santa Maria.

- Senhor, está alma está na lista dos pedidos urgentes. A mãe sofre e pede a sua misericórdia...

- Traga meu filho de volta para casa. Aqui ele não sofrerá...

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Faltava apenas uma semana para o Natal. Maria estava sentada ao lado da cama segurando a mão do filho inerte. O coração estava estraçalhado depois de ouvir da boca do médico que nada mais poderia ser feito. O coma era irreversível. Então ela orou:

- Nossa Senhora, pelo amor que tem por seu filho, interceda pelo meu Marcelinho junto a Deus... – e continuou a oração em silêncio curvando-se para beijar o rosto do filho.

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Os anjos ficaram surpresos com a visita à sala do trono. Era Nossa Senhora que chegava com seu manto azul e pedia uma audiência com Deus. Ela entrou e ficou por lá um longo tempo. O anjo coletor ainda estava ali segurando o papel com ordem do Pai.

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Dia 23 de dezembro, 19 horas, a mãe percebeu um leve movimento nas pálpebras da criança. Chamou o médico, eufórica.

- Senhora, isso não pode ser...

Por volta das 22 horas, o menino mexeu uma das mãos. A fé da mulher aumentou mais e, cerrando os olhos, mais vez ela invocou o nome de Maria, a mãe de Jesus. No momento da prece a mãe sentiu a mão do filho apertar a sua. A atmosfera do quarto 29 mudou. De penumbra passou a ser iluminado por uma luz que só a alma é capaz de ver. E o menino acordou do coma. A mãe abriu os olhos ao ouvir a voz do filho:

- Mãe - disse ele -, por que está chorando? A enfermeira de roupa azul disse que eu vou ficar bom. Você não viu? Ela estava aqui segurando a minha cabeça. Ela disse que a minha cabeça não vai doer mais e que eu vou pra casa brincar com meus amiguinhos e os meus irmãos. Você não viu?

O assunto do dia no hospital era Marcelinho, o menino que recebera um milagre no mês do Natal.

No dia da saída do hospital, o menino pediu para ver a enfermeira vestida de azul. Ninguém conhecia tal mulher. Ao passar diante da capela do hospital o menino, levado em uma cadeira de rodas por uma das enfermeiras do hospital vestida de branco, acenou e mandou um beijo na direção do altar.

- Para quem é o beijo? Perguntou a enfermeira sorrindo.

- É para a enfermeira de azul... ela está acenando pra mim...

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Jesus entrou na sala do Pai e foi logo perguntando:

- Minha mãe esteve aqui. O que ela queria tanto falar consigo, meu Pai?

- Você conhece sua mãe. Veio interceder por alguém, e como ela sempre consegue o que quer...

E os dois sorriram enquanto o anjo coletor era despachado para outra missão.

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Para a família de Marcelo aquele foi o melhor Natal que já tiveram. O Natal da ressurreição.

02/08/11

(histórias que contava para o meu neto)