Meu reino encantado- memorias

Meu reino encantado.

Marlene B. Cerviglieri

Memorias

Jamais esquecerei o meu espaço encantado!

Todos nós devemos lembrar de um lugar onde magias acontecem.O meu espaço era no fundo de meu imenso quintal no alto de uma enorme goiabeira.

Sempre que podia me refugiava lá no alto.Levava comigo o meu Louro, que era o papagaio mais engraçado qiue já vi em minha vida.Se não o levasse, gritava por mim o tempo todo deixando meus familiares doidos.

Desta arvore lá no topo eu via toda minha casa e quintal.E que belo quintal, tínhamos de tudo desde arvores de pêra de duas qualidades e parreiras de uvas, brancas rosadas e pretas.

A horta era cuidada pelos meus avós e no meio de legumes e folhas havia também muitas flores.Era lindo de se ver, tenho na memória até hoje.

Bem mas na goiabeira eu fazia mil estripulias.Era o meu palco, acrobacias de ponta cabeça cantava tudo que sabia e pensava mil coisas...

Lá embaixo eu via as galinhas ciscando e comendo as goiabas maduras que caiam.Havia muitos ovos para recolher no fim da tarde dos ninhos todos ajeitados ali mesmo.

Meus pais comercializavam aves e ovos, e sempre havia um freguês por ali.

Certo dia chegou num engradadinho um porquinho marrom muito pequenino.

Fiquei curioso e desci para ver de perto.O coitadinho era muito magrinho eu disse para minha mãe.

Ela me respondeu;

Não se incomode ela vai engordar.Soube então que era uma leitoa.

Voltei ao meu refugio para poder brincar um pouco mais lá em cima, era uma sensação de plena liberdade apesar de meus avós não gostarem muito.Achavam que eu iria cair...e poderia mesmo.

No meu quintal eu tinha vários esconderijos.É, guardava meu pião e minhas fubecas em cantinhos que ninguém iria achar.

Porque?

Bem, era menina e menina não brincava com piões e fubecas e figurinhas!

Não havia quem ganhasse de mim no bafo de figurinhas ou nas fubecas.

É claro que tinha minhas bonecas e panelinhas também, mas sempre gostava de desafiar os meninos empoados da minha rua.

Certa vez dois deles me jogaram na piscina do clube.Quase morri afogada do susto que levei.

Esperei me recuperar e então um por vez dei uma surra neles que até hoje se lembram...

Eu era muito danada.

Não sei explicar o que havia, mas no alto da arvore me sentia mágica.parecia que podia tudo.

Via o céu mais de pertinho, e tudo lá embaixo me esperando.

O tempo foi passando e fui me afeiçoando a leitoa que crescia comigo.Aonde eu ia ela estava atrás.Quando chegava da escola era uma festa para ela e meu louro.

Sem que eu percebesse ela sumiu.Minha mãe não me deu muita explicação, chorei um pouco e acreditei no sumiço dela.

O tempo foi passando, cresci e outras mágicas tive que aprender, agora para sobreviver.Estudar, ajudar ser educada aprender piano e não subir mais em arvores, pois mocinha não faz isso!

Eu hein, continuei mesmo sem o meu lourinho apenas com minhas fantasias e lembranças que ninguém tirará de mim.

Hoje, a arvore ainda existe atrás de uma grande loja firme lá no mesmo lugar.

Passo de carro pois se tornou uma grande avenida, e revejo toda minha infância na minha querida General Glicério que foi o grande palco de minha infância.

Tenho na memória a lembrança de todo o quintal, da rua do caminho que fazia para ir a escola.

Uma por uma revejo as casas de meus antigos amigos e amigas.

Meu reino encantado que divido com voceis.

E o seu já esta se formando?Cuide bem para ter o prazer de poder revê-lo depois.

Mesmo sem um grande quintal como foi o meu, dá para termos nossos momentos e nossas magias e nossos amigos.

Um grande abraço.

Marlene Cerviglieri
Enviado por Marlene Cerviglieri em 12/12/2006
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