O Piano e as Teclas
O Piano e as teclas...
Marlene B. Cerviglieri
A sala era muito grande, toda circundada pelas janelas altas, com vidros coloridos.Quando o sol batia ali parecia que um grande arco íris estava dentro da sala.
Era ali, que estava o imenso piano.
De cor preta com imensa cauda brilhando sempre!
O banquinho que sempre o acompanhava era da mesma cor, preto brilhante e com o estofado vermelho.
Orgulhava-se de acompanhar o piano seu grande senhor!
Por cima deste não havia nada.Não colocavam vasos nem porta retratos que era para não arranhar o móvel tão maravilhoso.
E o som que dali saia então, era divino!
Mas com tudo isto o piano estava triste.
O som já não era o mesmo!
O que estaria acontecendo?
O banquinho andava meio nervoso pois percebendo toda esta tristeza não podia fazer nada.
Ah, pensou vou perguntar direto para ele.
Assim o fez.
-Diga-me senhor piano o que esta acontecendo?
Sinto sua tristeza seu som não esta igual?
É meu amigo as coisas não vão bem.
Porque ? posso saber ou ajudar?
Agradeço a atenção banquinho, mas já falei até com o pedal que lá debaixo vê tudo.
Até as cordas já me perguntaram o que estaria acontecendo...
Sei o que é mas duvido que eu consiga resolver.
Diga-me então, quem sabe posso ajudar.
São as teclas meu caro.
Estão brigando entre elas por causa da flanelinha.
Não querem mais a flanelinha encima delas o tempo todo.
Assim sendo ficam irritadas e não prestam atenção no serviço.
Não tenho culpa já disse a elas, mas esta difícil.
Estão misturando tudo, até as teclinhas pretas entraram no joguinho delas.
Ah, sr Piano e agora o que vai fazer?
Não sei estou pensando ainda para ver se resolvo ocaso.
Passaram-se alguns dias e a situação era a mesma.
Foi então que na sala apareceu o espanador!Grande com seus penachos tirando o pó de tudo!
Pronto esta aí a solução vou pedir para que ele ajude as teclas, poderemos então retirar a flanelinha.
E assim foi feito.
Estavam livres sem a flanelinha agora, já podiam trabalhar.
Mas no cantinho da sala a flanelinha toda sentida chorava o lugar que havia perdido.
Com que carinho cobrira as teclas por muitos anos, e agora não servia para mais nada!
Foi então que alguém ali na sala disse:
Puxa que maravilha era a flanelinha que eu estava procurando!
Gosto de ter uma sempre no meu carro e esta é ótima!
E lá se foi a flanelinha toda contente pois iria ser útil novamente.
É amiguinho precisamos tomar cuidado para não fazermos trocas desnecessárias, magoando até quem nos ajudou por muito tempo.
Mas pensando bem sempre há alguém que precise do que descartamos.
É sempre melhor dar do que jogar fora.
Ah, as teclas se arrependeram pois o espanador era meio brusco e muitas vezes arranhava as pobrezinhas que já sentiam falta da flanelinha sempre macia e delicada.
Portanto preste muita atenção numa possível troca, quando estamos muito bem e procuramos novidades as vezes mais tarde reconhecemos que tínhamos o melhor!
Marlene B. Cerviglieri
Marlene B. Cerviglieri