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**O MUNDO MÁGICO DAS LETRINHAS**



 

Cotinha, uma menina nascida e criada na roça, não conhecia um computador, nem geladeira, tampouco um carro ou mesmo um picolé ou sorvete.
 

 

A sua vidinha era a mais pura simplicidade...
 


 

As distâncias mais longas eram percorridas em cima de uma mula velha que sacolejava tanto que ao término do passeio a Cotinha falava que as suas "tripas" haviam se misturado dentro da sua barriguinha.
 

 

A água de beber era resfriada no pote ou na moringa que era colocada na janela da casa onde o ventinho ia esfriando aos pouquinhos...
 

 

Os doces que se via por lá, eram: a rapadura que era saboreada aos pedaços com punhados de farinha, e o melaço que eles passavam nas rodelas de pão e comiam enquanto bebiam copos e mais copos de "garapa de limão", assim chamavam a limonada.
 

 

Cotinha amava a sua vidinha, os seus pais e a sua escolinha pequena, onde aprendiam a ler em pedaços de papel que vinham da cidade embrulhando mantimentos e a dona Lulu, improvisava livrinhos costurados com as suas grossas agulhas onde colava figurinhas das revistas velhas e ela mesma criava as historinhas.
 

 

Um dia, quando as crianças estavam na escolinha , chega o padre João, segurando uma sacolinha onde havia muitos livrinhos de história. 
 

 

Era um presentinho seu para aquelas criancinhas tão necessitadas...
 

 

Dentre os livrinhos, havia um, o maior de todos e o mais bonito, que tinha um maior número de páginas e, portanto, mais historinhas.
 

 

Todas as crianças cresceram os olhinhos para ele.
 

 

Todas elas desejaram ganhar aquela mina de ouro. 
 

 

_ Como satisfazer a todos se só havia um ? 

- perguntou-se o padre.
 

 

_ Já sei! murmurou;  farei um sorteio.
 

 

E o fez.
 

 

Cortou pedacinhos de papel onde colocou o nome dos livrinhos dobrando-os bem dobradinhos,  inclusive o que todas as crianças sonhavam ganhar cujo título era: " O Mundo Mágico das Letrinhas", colocando-os dentro de uma canequinha de alumínio onde elas bebiam água.
 

 

O padre João foi passando a canequinha por todas as crianças,elas enfiavam a mãozinha magricela e tiravam um papelzinho.
 

 

Olhinhos brilhando, peitinho arfando e o coraçãozinho acelerado na expectativa de ganhar o tão sonhado livro.
 

 

Um a um foi pegando o seu papelzinho ao tempo que escutavam o padre falar:
 

 

_ Não abram agora...esperem que vamos abrir todos ao mesmo tempo!
 

 

Finalmente a última criança pegou o seu papel e imediatamente escutaram a voz rouca do padre dizer:
 

 

_Podem abrir!
 

 

O silêncio se fez tão forte que se podia escutar a respiração da gurizada e o farfalhar dos papéis se abrindo.
 

 

No  meio do silêncio ouve-se um gritinho de alegria:
 

 

- UAU! ganhei...eu ganhei o Mundo Mágico das Letrinhas!
 

 

Era a Cotinha que saltitava de um canto a outro da sala dando pulos de alegria e, finalmente, correu até o padre e falou:
 

 

- É meu, seu padre! O livro é meu!
 

 

_ Muito bem Cotinha...muito bem, mas me deixe ver o seu papelzinho.
 

 

Conferido se estava certo, o padre entregou o livro à Cotinha que recebeu com as duas mãos, apertando-o de encontro ao peito depois de muito beijá-lo.
 

 

- Este será o meu melhor amigo! - falou a garota.
 

 

E assim foi . 
 

 

Todos os dias as pessoas podiam ver a garotinha com o seu livro, bem apertadinho contra o seu corpinho, como se carregasse o bem mais precioso do mundo, e um largo sorriso iluminava o seu rostinho.
 

 

beijinhos.

 

29 de Outubro:
DIA NACIONAL DO LIVRO!

 


Sônia Maria Cidreira de Farias
Enviado por Sônia Maria Cidreira de Farias em 29/10/2011
Reeditado em 30/10/2011
Código do texto: T3305265
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