Cada passarinho no seu cantinho!

Numa bela manhã de sol, nos galhos de uma mangueira frondosa,

Um papagaio falante resolveu organizar uma cantoria maravilhosa.

- Curupaco-pa-pa-co! - disse ele – Vai ser uma espetacular apresentação!

- Curupaco-pa-pa-co! Vou convidar alguns vizinhos da região!

Assim que recebeu o convite, o rouxinol ficou roxo de emoção!

E pensou: - Ah! Este é um motivo de muita comemoração!

- Afinal, vou poder apresentar algumas cantigas,

Que aprendi quando criança com algumas de minhas amigas!

- Curupaco-pa-pa-co! O canário não pode faltar! Será que o convite ele vai aceitar?

Não demorou pra ele vir voando lá da beira do rio, assim como o rouxinol.

Ele vestia um casaco amarelo e macio, que brilhava como a luz do sol.

De maneira alguma ele queria ficar do lado de fora,

Mesmo sabendo que morava longe e que iria chegar em cima da hora.

O sabiá, apesar de parecer muito sabido e esperto,

Só soube da novidade quando ia passando por perto.

Até então, de nada o sabiá sabia

Que naquela majestosa mangueira haveria uma grande cantoria.

O bem-te-vi, quando ouviu aquela história

Chegou para os demais e disse sem demora:

- Ora, bem que eu vi! Bem que eu vi!

- Bem que eu vi, que de longe algo diferente nesta árvore acontecia!

- E é claro que eu vou participar desta cantoria!

- Curupaco-pa-pa-co! O pardal é da turma que nunca perde uma festança!

- Curupaco-pa-pa-co! Ainda mais uma como esta, que vai ter dança e até comilança!

E como o pardalzinho não gostava de andar sozinho, o coitado,

Trouxe junto com ele uma nuvem de amigos, pra cantar melhor acompanhado.

No meio dessa animação toda, ainda tinha um bichinho desanimado.

Era um tímido anum-preto, que de mansinho havia chegado.

Ele vivia piando baixinho: - Ah! Num sei se isso vai dar certo!

E andava por ali, sempre resmungando de bico aberto.

Quando o pombo-correio que levava os convites apontou na esquina,

Logo avistou o galo-campina que, rapidinho, colocou seu capuz vermelho

E deu uma arrumada nas suas penas diante do espelho.

Antes de bater as asas em direção ao grande encontro

Assobiou algumas notas para ver se seu gogó estava no ponto!

O papagaio falante continuava, então, com os seus convites a enviar.

- Curupaco-pa-pa-co! Preciso chamar dona graúna pra ensaiar esta bela orquestra!

Ela gostou da ideia e, na hora marcada, estava quase tudo pronto pra grande festa.

Além desses passarinhos, muitos outros apareceram para cantar.

Tinha currupião, tico-tico, curió e azulão, entre tantas outras aves daquele lugar.

- Curupaco-pa-pa-co! Estou quase no fim da chamada!

- Curupaco-pa-pa-co! E ainda falta o golinha de paletó cinza e gravata apertada!

O pintassilgo já vinha pelo caminho vestido num terno muito elegante.

Ele tinha pinta de boa gente e ar de gente muito importante!

No final, o coral estava muito colorido, organizado e bem afinado.

Depois que os passarinhos pousaram e passaram o dia inteiro ensaiando,

Cada qual mostrou o que tinha de mais bonito no seu canto

Para alegria dos outros bichos que o papagaio falante havia convidado.

Mano Kleber
Enviado por Mano Kleber em 07/11/2011
Reeditado em 26/10/2012
Código do texto: T3322570
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