LIVROTERBO

Era uma vez... / não, não, não.../ vamos começar diferente:

Na longínqua Capital Mundial da Fantasia, conhecida como Bibliolândia, viviam muitos livros.

Livros de todas as formas e tamanhos.

Livros lindos, coloridos, em forma de nuvem, de castelo, de pirulito, de bolacha Maria, de sorvete...esperando serem abertos, descobertos, lidos, devorados...

No meio deles estava Livroterbo, um livro esquisito, amarelado, sem um pedaço da capa, faltando algumas letras do título e um tanto quanto torto, devido a um banho de café que tomou recentemente.

Ele era feio, estava rasgado e empoeirado. Há muito tempo atrás ele já foi lido por várias crianças, tantas vezes que ficou assim.

Então Livroterbo foi colocado na pilha da restauração. É isso mesmo que você leu: RESTAURAÇÃO, um tipo de cirurgia que fazem nos livros. Usa-se luva e tudo mais.

Quando voltou da restauração, pensou que seria lido imediatamente.

Mas havia marcas em Livroterbo. Mesmo depois de restaurado, ninguém olhou pra ele como olhavam para os outros livros “normais”. Aliás, olhavam pra ele com pena.

Nunca conhecerão as histórias que Livroterbo carrega em suas páginas.

Dentro dele havia muitas histórias e fantasias. Quem o abrisse certamente faria uma viagem pelo mundo da imaginação.

Encontrariam heróis, vilões, bruxas, príncipes, princesas, fadas, rainhas, cavalos alados, carruagens que voam, chapeleiros malucos, coelhos atrasados, barquinho de papel, bolinho que fala...

Ele poderia “Levar qualquer um pra conhecer castelos, reis, rainhas

...unicórnios, gnomos e fadas madrinhas”

Livroterbo é um grande mundo encantado, esperando ser aberto. Ser aceito.

Ser visto como um livro igual aos outros. Ser lido! Mesmo sabendo que nunca será.

Livroterbo continua lá na Bibliolândia, olhando as pessoas pela vidraça. Cantando a sua tristeza:

“ Olhem pra mim

Posso levar qualquer um pra conhecer castelos, reis, rainhas

Unicórnios, gnomos e fadas madrinhas.

Olhem pra mim!”