*A Corujinha dos Olhos Brilhantes*

Meu Pai era representante de vendas e sua vida era mais na estrada do que em casa.

Sempre que havia alguma viagem mais perto no fim de semana, se possível, ele levava a mim e a minha irmãzinha e quando Mamãe podia, ia junto também.

Papai tinha um carro grandão chamado Rural, era vermelha e branca muito bonita, só era feia, quando a gente tinha que lavar e limpar por dentro.

Quando chegou no sábado, Mamãe sempre nos deixava dormir até mais tarde, pois, levantávamos as seis horas da manhã, mas, neste dia ela começou a nos morder, puxar as cobertas e fazer cóceguinhas até acordarmos.

Me pegou no colo e me jogou na cama da Jane e pulou em cima da gente, mordendo e beijando muito. A gente ria muito...Mamãe era muito legal e brincalhona.

De repente ela ficou quieta e nos olhou séria e perguntou;

Mamãe veio dizer que vai sair com Papai, e como vocês não gostam de viajar, então, vim apenas dar um beijinho em cada um.

Ficamos desesperados gritando que gostávamos sim de viajar e ela fingia que não estava escutando, enquanto arrumava as malas...Corremos até o Papai pedindo para ele nos levar e ele falou para que pedíssemos a Mamãe...Voltamos correndo de novo e pedimos, quase implorando para que nos levasse.

Mamãe se abaixou e nos abraçou dizendo;

Acha que eu iria deixar meus anjinhos sozinhos aqui ??? Suas malas já estão prontas embaixo das suas camas.

Trocamos de roupa, tomamos o café da manhã, colocamos tudo dentro do carro e pegamos a estrada.

O carro estava lotado de caixas e logo paramos em uma cidade e Papai entregou em uma loja, varias caixas e seguimos a viagem. Paramos em mais três cidades e ficou somente uma caixa dentro do carro.

Papai disse a Mamãe que iríamos dormir na próxima cidade e entrou por uma estrada de terra toda esburacada. Tinha que andar devagar e o carro chacoalhava todo. Eu e minha irmã adoramos, pois, a cada buraco, a gente dava um pulão no banco de trás, isto quando não escorregávamos pra lá e pra cá.

Estava muito divertido, até que uma hora eu vi duas coisas brilhando naquela escuridão e gritei pra Mamãe. Papai brecou o carro com meu grito e eu falei que tinha duas luzinhas brilhantes lá atrás.

Papai que era corajoso, desceu do carro e me deu a mão, para eu mostrar o que tinha visto.

Era uma estrada muito escura e de repente eu vi as luzinhas e falei...Aliiii...Olha ali e apontei com o dedinho.

Dentro de um tronco grosso, de uma cerca de arame farpado, estavam as luzinhas. Papai acendeu a lanterna e começou a rir do meu medo. Iluminou o caminho e gritou para que Mamãe viesse com a Jane, pois o carro estava bem pertinho.

Então, todos juntos fomos nos aproximando do tronco e Papai colocou a luz da lanterna nas luzinhas.

Foi quando vimos uma pequenina coruja, bem branquinha que parecia um pacotinho de algodão.

Mamãe com muito cuidado a pegou nas mãos e começou a fazer carinho. Colocou nas mãos de minha irmã e então nos sentamos a beira da estrada e ficamos fazendo carinho e conversando com ela, um bom tempo.

De repente ela virou o pescocinho e pensamos que iria quebrar, porque virou a cabeça para o outro lado e Mamãe começou a rir muito, porque ficamos até com medo. Mamãe riu tanto que as lagrimas desciam dos olhos dela e fizemos coro, sem saber porque riamos.

Estava ficando muito tarde, Mamãe falou que teríamos que ir embora e queríamos porque queríamos levar a corujinha conosco, masssss.

Mamãe explicou que aquele tronco era a casinha da família Coruja...Falou que ela só estava sozinha, porque o Papai e a Mamãe Coruja, haviam saído para caçar, para pegar comidinha para o filhote e se levássemos o filhotinho, como iriam ficar os Papais Coruja...Iriam ficar desesperados, chorando, pensando que algum animal, havia comido seu filhote.

Vocês querem ver o Papai e Mamãe Coruja chorando desesperados por não terem mais o filhinho ???

E se um homem mau roubassem o Carlos e a Jane do Papai e da Mamãe ??? Como vocês acham que eu ficaria sem vocês dois ??? Vocês gostariam de ficar sem a Mamãe ???

Nossa...Chegou a dar uma dor enorme em nossos corações...Falamos que nunca iríamos ficar longe da Mamãe e do Papai...Entendemos que teríamos que colocar a corujinha de volta no buraco do tronco da arvore, pois, os Pais dela iriam voltar com comidinha logo logo.

Abraçamos, fizemos carinho, beijamos e Mamãe a colocou de volta no tronco e voltamos a viajar.

Na viagem de volta, pedimos ao Papai para passar pela mesma estrada...Escutamos Papai e Mamãe discutindo e por fim, estávamos naquela estrada de terra, aflitos para chegar ao tronco...Prestávamos atenção para não errar o lugar eeeeeeee...É ali Mamãe...Aliiiii...

Descemos do carro correndo eeeeeeee...Ela estava lá, quietinha como da primeira vez...Que alegria.

Ficamos brincando com ela por uma hora...Fizemos muito carinho...Fazia cócegas quando Mamãe a colocou em nosso ombro...Mamãe pegou a maquina e tirou lindas fotos...O bebe coruja era a coisinha mais fofa que tínhamos visto.

Mamãe o colocou no ninho, a Jane colocou dois biscoitinhos e voltamos para casa.

Eu queria tanto morar pertinho do tronco para vê-la crescer e depois ter outros filhotinhos, que peninha que moro em São Paulo e só tem casas e edifícios e quase nenhuma arvore ou ninhos de passarinhos...Que peninha...CMRS.

Camaro CMRS
Enviado por Camaro CMRS em 19/05/2012
Código do texto: T3676436
Classificação de conteúdo: seguro