O pé de alface
Um dia, uma menina chamada, Luísa, no dia do seu aniversário ganhou um pezinho de alface da sua tia, Neusa.
Sua tia disse a ela que plantasse o pezinho de alface que ela iria crescer e se tornar sua amiga.
Todos os dias Luísa molhava o pezinho e a levava para pegar sol da manhã, à tarde levava para dentro de casa e conversava com o pezinho, dizendo que quando ela crescesse, ela viraria sua amiga. Todos os dias Luísa fazia a mesma coisa esperando o pezinho crescer, para que ela pudesse se tornar sua amiga.
Tia Neusa sempre dizia a Luísa que ela tinha que esperar o pezinho crescer.
Luísa ficou molhando o pezinho e levando para pegar sol. Até que um dia, o pezinho de alface abriu as folhas e Luísa ficou olhando o pé de alface se abrindo, os olhinhos e a boquinha viraram para Luísa e falou:
- Bom dia, Luísa. Luísa respondeu:
- Bom dia, pé de alface como você cresceu rápido!
- Olha, Luísa, eu cresci rápido porque você cuidou muito bem de mim.
- Então, pé de alface, você vai ser minha amiga?
- Sim, Luísa, eu vou ser sua amiga
- Então, vamos brincar.
- Sim, Luísa.
- Você quer brincar de escolinha, pé de alface?
- Sim, Luísa, eu quero brincar, mas eu não sei brincar de escolinha, você sabe Luísa?
- Sim, eu sei e vou ensinar a você como se brinca. O que você acha?
- Se é assim, tudo bem.
- Então, vamos, eu passo o dever e você faz.
- Eu faço como?
- Eu vou ensinar para você, aqui está o material escolar.
- Luísa, tudo isso!
- Sim, tudo isso, todas essas coisas se chamam material escolar, com esse material, você aprende a ler e a escrever.
- Mas, Luísa é muita coisa.
- Sim, pé de alface. E nós temos que ir à escola todos os dias, menos sábado, domingo e feriados, e nas férias que nós não vamos à escola.
- Por que nós não vamos à escola nesses dias?
- Porque nesses dias, nós ficamos em casa para descansar.
- Que bom! Se for assim, eu já estou gostando de estudar.
- Na escola, a gente também faz muitos amigos.
- Então, Luísa vamos brincar, pode passar o dever para mim.
- Eu vou passar o dever para você e vou explicar como se faz.
- Sim Luísa.
- Agora, você pode fazer que eu vou corrigir.
- Luísa, por que você tem que corrigir o dever?
- Os professores têm que corrigir o dever para saber se os alunos estão aprendendo.
- Mas, se eu não aprender o dever que você passou?
- Se o aluno não aprender, o professor tem que explicar tudo de novo, até que o aluno aprenda.
- Agora, entendi Luísa.
- Que bom pé-de-alface, agora você tem que me chamar de tia Luísa.
- Por que eu tenho que te chamar de tia?
- Porque na escola, os alunos chamam assim os professores.
- Está bem tia Luísa. E você vai me chamar como?
- Olha pé-de-alface, os professores chamam os alunos pelo nome.
- Está bem tia Luísa, eu já fiz o dever que você passou.
- Nossa! Você já fez tudo.
- Sim, tia Luísa, eu já fiz tudo.
- Como você aprendeu rápido.
- Sim, tia Luísa, assim como nós crescemos rápidos, nós aprendemos rápido. E agora nós vamos brincar de quê?
- Nós vamos brincar de casinha. E agora você vai me chamar de mãe Luísa.
- Por que eu tenho que te chamar de mãe?
- Porque eu vou ser a sua mãe de brincadeira.
- E você mãe Luísa vai me chamar de quê?
- Você vai ser minha filha pé-de-alface.
- Eu vou lhe ensinar como se faz comida de verdade.
- Nossa! Tudo isso.
- Sim, filha eu vou fazer o almoço.
- Como mãe Luísa você vai fazer o almoço?
- Eu vou fazendo e vou lhe ensinando. Já está pronto filha.
- Isso é almoço, mãe Luísa?
- Sim, filha.
- Ficou muito bom, mãe Luísa.
- Agora, você faz o jantar.
- Mas, como eu faço o jantar?
- Filha é a mesma coisa do almoço. Eu vou explicando e você vai fazendo.
- Se é assim, então eu vou fazer mãe.
- Luísa, o jantar já está pronto.
- Nossa filha, você fez mesmo o jantar.
- Sim, mãe Luísa, eu fiz o jantar.
- Ficou bom demais. Eu estou adorando ser sua amiga, e você pé-de-alface?
- Eu também estou adorando ser sua amiga Luísa.
E assim Luísa ensinou tudo ao pé-de-alface e ela aprendeu tudo que Luísa ensinou bem rapidinho.
Um dia, Luísa teve que sair e deixou o pé-de-alface dentro do seu quarto e falou:
- Pé-de-alface eu tenho que sair, mas eu não demoro você está bem tratada, assim eu posso ir despreocupada.
- Sim, Luísa eu estou muito bem, pode ir despreocupada comigo que eu vou ficar bem.
- Tchau pé-de-alface!
- Tchau Luísa!
Só que a irmã de Luísa não sabia do pé-de-alface e pegou o pezinho e levou-o para a cozinha e o colocou na pia. Ana ia picar em pedacinhos o pé-de-alface, quando ela abriu os olhos e a boca e falou:
- Olha! Você vai me comer, Ana?
Ana levou um susto tão grande que saiu correndo ao encontro do pai sem falar uma palavra. O pai de Ana perguntou o que tinha acontecido.
- Pai, o pé-de-alface falou comigo.
- Olha Ana, pé-de-alface não fala.
- Pai, o pé-de-alface falou com a boca e os olhos bem abertos, ela era feia de tal maneira, que eu corri muito, sem olhar pra trás.
- E o que o pé-de-alface falou para você?
- Olha! Você vai me comer, Ana?
- Foi por isso que ela falou, você ia comer o pé-de-alface da sua irmã. Deixa Luísa saber disso.
- Pai, você não entendeu, o pé-de-alface falou comigo disse até o meu nome.
- Ana, planta não fala menos ainda o nome das pessoas.
- Pai, mas essa falou.
- Vamos à cozinha, para ver de perto se o pé-de-alface fala mesmo. Pronto, aqui estamos. Ola! Pé-de-alface, como vai você? Viu Ana, o pé-de-alface não falou.
- Não, você não está vendo.
- Olá! Pé-de-alface, viu não respondeu.
- Então, pai, eu vou picar ela.
- Por que Ana?
- Pai, você não está vendo?
- O que Ana que eu não estou vendo nada?
- O pé-de-alface já está no ponto de virar salada, senão ela vai morrer.
- Sim, Ana realmente estou vendo, já está no ponto.
- Ana, deixa que eu mesmo pico, enquanto você prepara o tempero.
- Sim pai, vou preparar um tempero muito especial.
- Ora, ora, só me faltava essa, o pé-de-alface falando, não me faltava mais nada, só podia ser coisa de criança. Por pouco eu acreditei.
O pé-de-alface de novo abriu os olhos e a boca, olhou bem para o pai de Ana e Luísa e falou:
- Você também quer me comer? Só me faltava essa, virar salada de almoço, é mole.
O pai de Ana e Luísa levou um susto que caiu para trás.
A mãe perguntou o que estava acontecendo na cozinha:
- Que barulho é esse Ana e Paulo?
A mãe correu para a cozinha e viu Paulo no chão:
- Paulo, o que está acontecendo? Acorda! O que houve?
- Maria, o que eu estou vendo? Fala que é um pesadelo, que eu estou sonhando.
- Paulo, o que está acontecendo?
- Ana, você pode me responder o que está acontecendo?
- Mãe, olha você mesma.
A Maria olhou e viu o pé-de-alface com os olhos e a boca aberta e balançando e falando nem pensem em me comer.
O pé-de-alface ficou para lá e para cá dizendo:
- Vocês não vão me comer, vocês não vão me comer...
Fim.