Na mais bonita das colinas pretensiosamente querendo beijar as nuvens erguem majestosas torres em forma piramidal.
O castelo real dobra-se às exigências do Sol avermelhado
Querendo fazer entrada pela ponte levadiça
Sem precisar de arrieiros, desmonta das nuvens e sem pressa infiltra pelas frestas e janelas, descuidadamente abertas.
Engolindo todo o espaço aberto fazendo paragem no estábulo Real, ali ele está elegantemente adormecido, como que pronto para receber essa rotineira visita matinal.
Com essa suavidade morna dos raios de sol na brancura das manchas de seus negros pelos, um breve relinchar, acorda o cavalo do Rei, em seus aposentos, fazendo inveja aos olhos da visita que não se cansa de espelhar toda a riqueza ali existente.
Sua refeição requintada em um cocho dourado parece com uma banheira real
O arreio reluzente enfeitando o cavalete sempre pendurado, esperando, tempo de ser montado
Ofuscam pratas na embocadura
Em sua sela cintila ouro
Justo brilho para um Real mouro
Para o cavalo do Rei, um “brilho” de longe mandou buscar algo tão valioso que não poderia comprar
Vasculharam aldeias
Percorreram planícies esverdeadas como o mar
E o “brilho” que o Rei queria não se encontrava em nenhum lugar.
Nesses mesmos raios de sol, os soldados estimulando mais ainda a louca corrida
Em seus cavalos uma palmada amiga em seus pescoços era sentida.
Correram pelos brejos
Em despenhadeiros escorregaram
Sentiram sede e fome
À noite as luas alcançaram
Chegaram ao castelo os soldados montados em seus cavalos
Sujos e mal cuidados, mas em seus olhos reluziam o verde dos campos e as límpidas águas dos lagos.
Em ouro adornado
Acariciado pelo arrieiro, seus pelos ostensivamente escovados nos olhos do mouro o brilho não fora revelado
No âmago dos seus sonhos permanecem flashes de ovelhas esquecidas nas pastagens
e um riacho escorrendo molemente
em seu passado que
o reflete
como potro na volúpia de um trotear,
acariciando a relva macia
Esquecido no pasto da liberdade,
onde o vento segredava-lhe quando vinha tempestade
Ou num galope altaneiro, permitindo indulgentemente que seu dorso pela chuva fosse lavado
Escovado mansamente pela brisa sentindo-se o mais fogoso cavalo do mundo,
galopando por entre as sete cores do arco-íris
Com o dia a entardecer o estábulo real prepara-se para receber a negritude da noite
Aguardando com sofreguidão a chegada do sono.
O cavalo do Rei esplendorosamente, brilhará na planície de seus sonhos
Nas verdejantes colinas erguem-se as torres de um castelo que se dobram as exigências da despedida de um vermelho escarlate
Onde encarcerado em ouro vive um simples mouro.