A FADA MADRINHA

Somente com sua varinha mágica a Fada Madrinha poderia realizar o sonho da pequena garotinha Juliana e transformá-la numa linda bailarina diante de todos os sonhos que a pequena menina vivia e jamais poderia realizar diante de suas condições de vida, vivendo na favela, num barraco miserável, pendurado num barranco perigoso. Quando chovia, sua mamãe e seu papai não dormiam, preocupados em ver o único bem ser arrastado pela correnteza que vinha forte e despencava num córrego sujo, cheirando mau, que corria preguiçoso no fundo do quintal.

Juliana dormia num colchão estendido no chão de terra batida, quase se dissolvendo pelos anos de uso e o cobertor ralinho quase não cobria seu corpinho pequeno e nos dias de frio, tremia com o frio cortante que penetrava pelas frestas de madeira carcomida pelos cupins.

Durante o sono, Juliana sonhava em ser uma linda bailarina e com suas amiguinhas de dança se preparavam diante do espelho, com o vestidinho colante na cor branca realçando as formas bonitas do corpo, o cabelinho penteado com gel e terminando com um gracioso laçarote para prender o cabelo esvoaçante.

Os olhos na cor verde realçavam o rostinho bonito, levemente moreno e recebiam toques de maquiagem enquanto se mirava no espelho, vendo suas transformações. Os cílios dos olhos recebiam toques para ficarem amendoados como se fosse uma garotinha oriental e isso à fascinava.

No rostinho bonito, a maquiadora fazia retoques com tons suaves na cor rosa e vaidosa, se mirava, olhava, se achava bonita.

Depois a vestimenta de bailarina era completada com a meia bordada na cor branca e as sapatilhas calçavam os pés para que pudessem se levantar, enquanto a dança prosseguia, parecendo querendo alçar voo.

Logo a cortina se levantava no palco, o som da música tocada pelos elegantes músicos da orquestra sinfônica era o início do espetáculo e o público em delírio, aplaudia as graciosas bailarinas.

Olhava ansiosa e via no meio da platéia seus pais orgulhosos, elegantemente vestidos e um sinalzinho com as mãos era o cumprimento combinado para que eles à vissem.

Juliana deslizava tão leve que parecia flutuar e as coleguinhas faziam com ela um lindo espetáculo de cor, luz, elegância, que todos os pais orgulhosos se encantavam e os convidados também e no final da dança, os aplausos surgiam de todos os lugares, até que todos se levantaram, extasiados pela magnifica apresentação que acabavam de assistir.

O final apoteótico se encerrava com todas se inclinando para o público, num sinal de gratidão, e as cortinas se fechavam no término do espetáculo.

Assustada, Juliana se levantou rápido e perguntou para sua mamãe se tinha gostado da dança e se papai também gostou.

Logo viu que a sua realidade era diferente e pegando sua bonequinha de pano, se encolheu num cantinho do barraco, enquanto soluçava sem parar, até que num choro convulsivo, expressou todo seu desespero.

Lágrimas escorreram do rosto da mãe de Juliana, que já imaginou ter ela um lindo sonho de ser bailarina como sempre desejava e pelas suas condições de miséria, jamais poderiam se concretizar.

A Fada Madrinha então ouviu dos Anjos da garotinha que fizesse com que seu sonho um dia se realizasse e fez questão de visitar o pequeno barraco que nem espaço tinha para a pequena garota poder correr, brincar, flores para cheirar, animais para serem os companheiros das peraltices.

Num toque com sua varinha de condão, tudo se transformou e o barraco imundo se transformou numa linda casa cercada de jardins, flores perfumadas, um gramado imenso onde pudesse correr com seu cachorrinho Pitoco e para os pais, empregos decentes para que a pequena Juliana pudesse frequentar uma Academia de Danças.

A pequena Juliana se transformou numa linda bailarina e seus sonhos se concretizaram, como sempre pedia aos seus Anjinhos antes de dormir e sua Fada Madrinha continuou sendo sempre sua protetora.

20-01-2013