DONA CORUJA SABICHONA (cordel infantil)

Numa noite quente enluarada

Reunida estava a bicharada

E como pra fazer não tinha nada

Iniciou-se uma acirrada discussão

Com gritos e firmeza na afirmação

Que era o nobre parente do leão

O morador da grande lua do céu.

A girafa esticando o seu pescoção

Disse não ser a sombra de um leão

Aquela que se via daqui do chão,

Parecia mais com a assombração

Do seu nobre antepassado Girafão.

Ora, não seja metida sua convencida,

Com sua ideia este rato não compactua

E veja se esta discussão não tumultua

Pois o bicho que vive lá na bela lua

Que tem a forma de um queijo de cuia

É o meu tataravô e toda sua família.

Grande coisa! Disse um chimpanzé

Se for por causa de forma eu garanto

E não será pra vocês grande espanto

Se a lua tem forma de grande banana

Quem é que nela mora? Quem? Quem?

É o macaco que o rabo sempre abana.

E a discussão prosseguiu acelerada

Até que uma turma de bichos enfezada

Antes de dar a querela por encerrada

Resolveu consultar a ave mais esclarecida,

A mais inteligente: a Coruja Sabichona.

E foi uma raposa vermelha espertalhona

Junto com uma arara azul falastrona,

Que se dirigiram para a grande árvore

Onde tudo vigiava placidamente

A mais sábia ave da floresta existente.

Senhora dona da sabedoria e da verdade,

Viemos consultá-la com toda seriedade

Sobre um assunto que gera contrariedade:

Quem é o ser que da lua é habitante?

Leão, rato, macaco ou uma girafa gigante?

Rindo respondeu a dona do conhecimento:

Raposa, espanta-me o seu desconhecimento

Na lua não mora bicho e muito menos gente

A condição de vida lá é inexistente:

Não há água nem ar, fique você ciente.

A sombra que daqui se vê é de montanhas

Não de bichos contadores de façanhas,

E se fosse permitido na lua vivermos

Não seria o rato nem a raposa charlatona,

Seria dona Coruja Sabichona. Ah, ah, ah.

12/06/13

(Maria Hilda de J. Alão)

(histórias que contava para o meu neto.)

(Blog: https.//hildaalao.blogspot.com)