"BRINCADEIRAS NA INFÂNCIA"
As brincadeiras na Infância
- Marquinho! Marquinho! Ô Marquinho!!! - os meninos na rua chamando o Marquinho para brincar.
Marquinho aparece na varanda do sobrado aonde mora com sua mãe e uma senhora que cuida dele:
- Por que estão me chamando? Pergunta...
- Por que não vem brincar com a gente aqui fora? Respondem os meninos...
- Vocês sabem que a minha mãe não deixa eu ir para a rua brincar...
- Por que sua mãe não deixa? Aqui somos todos meninos de família... Você vai gostar, a gente fica jogando bola no campinho, nesse campinho aqui em frente.
- É, mas a minha mãe fica com medo que eu leve um tombo e me machuque. Ou então, pode aparecer uma dessas pessoas que roubam crianças . Tem também cachorro bravo que ataca a gente... Minha mãe fica muito preocupada... Ela trabalha fora e não fica tranquila, quando está trabalhando...
- Que pena Marquinho... Mas olha , vou pedir ao meu pai para falar com a sua mãe pra ela deixar você brincar com a gente. __ falou um dos meninos, o Diogo __ Tomara que ela deixe, vai ser muito divertido, você vai ver...
- Diogo, você é um amigo legal, obrigado!
Diogo e Tiago são irmãos e estudam na mesma escola do Marquinho. Lá eles se encontram mas quase não têm tempo para brincar porque a hora do recreio é curta e só dá tempo de comer a merenda, ir ao banheiro e voltar para a sala de aula...
Ao chegar em casa, os meninos narram pro pai a situação do Marquinho e o pai, seu Durval, então, promete que assim que tiver um tempinho, irá conversar com a mãe do menino... Digam meus filhos, como se chama a mãe do Marquinho?
- É dona Júlia. Olha pai: dona Júlia trabalha fora e só chega tarde. Por que o senhor não aproveita que amanhã é sábado e não vai lá conversar com ela? Sugeriu Diogo...
- Boa ideia, a sua... Amanhã, vou conhecer a Dona Júlia, essa senhora tão rigorosa que não deixa o filho brincar com vocês. Quero saber por que ela tem tanto medo...
Dia seguinte, seu Durval, bate à porta de Dona Júlia. Ela nunca abre a porta sem antes perguntar:
- Quem é?
- Sou Durval, seu vizinho e pai dos coleguinhas do Marquinho... Gostaria de lhe falar. É possível? Por favor...
Dona Júlia, abrindo a porta: _ Por favor, entre e se sente_ Dona Júlia se senta , também e, educadamente, pergunta:
- Em que posso lhe servir? É algum problema com os seus meninos?
- Não, não... Eu vim para conhecê-la e trocar ideia com a senhora sobre as crianças. Eu não sei se a senhora já notou que os meus filhos Diogo e Tiago gostam muito do seu, o Marquinho e vice-versa...
- Já percebi, sim. Aprecio muito os seus garotos. Eles sempre chamam o Marquinho para brincar, jogar bola, mas entenda, tenho muito medo, fico fora o dia todo, sou pai e mãe ao mesmo tempo. Se acontece alguma coisa com ele? Não estarei aqui para acudi-lo. Tenho aqui em casa uma senhora que faz o serviço e olha o Marquinho, mas ela já tem idade e falta-lhe vigor. Assim mesmo, ela o leva e o traz da escola.
- Dona Júlia, eu entendo a sua preocupação, mas permita-me dizer-lhe, não me leve a mal... Se a senhora priva-o de brincar e fazer contato com outras crianças, o Marquinho vai crescer e ficar um rapaz tímido e incapaz até de se comunicar e de fazer amizades... Mas eu lhe digo que , também, sou pai e mãe pros meus filhos. Crio-os sozinho, desde que minha esposa faleceu, quando eram pequeninos. A minha sorte e a de meus filhos é que moro aqui ao lado e faço meu trabalho em casa como tradutor de livros em inglês e assim, da minha sala, posso vê-los no campinho, aqui em frente, jogando bola com os outros meninos e que são todos aqui da vizinhança... Por isso, estou sempre de olho neles, qualquer coisa que aconteça com eles, estou aqui para protegê-los, incluindo os coleguinhas. Portando, o Marquinho, também está incluído...
- Obrigada seu Durval! Mas o senhor não acha que é muita responsabilidade? Como pode fazer seu trabalho, olhando essa CRIANÇADA?
- Meu trabalho é independente, não tenho patrão, faço-o nas horas que eu quiser. À vezes, até jogo uma peladinha com eles. Mas veja bem, estipulo um horário para a brincadeira... Ao chegar da escola ao meio-dia, almoçam e descansam por duas horas. Depois, deixo-os brincar até às quatro da tarde, quando termina a brincadeira e entram pra fazer os trabalhos de casa. Depois do jantar, às oito horas, olho os cadernos para ver como se saíram com o trabalho. Deixo-os ver a televisão até que Morfeu os acolhe em seus braços... E assim é a nossa rotina da semana.
- Bem, seu Durval, já que o senhor se propõe a olhar, também, o meu filho, eu aceito e lhe agradeço muito. Sei que êle precisa, realmente, ter mais liberdade, mesmo porque, as brincadeiras lúdicas, como jogos , ajudam as crianças a tomarem gosto pelos estudos; Com esportes, eles desenvolvem sua estrutura óssea, a inteligência fica mais aguçada, a rapidez dos movimentos, também, afloram. E isso, para a criança é a satisfação de perceber que está crescendo, sentindo que, aos poucos, vai se tornando um jovem adulto, capaz de estudar sozinho e até desenvolver algum trabalho que lhe agrade...
Seu Durval deixou a casa de dona Júlia com a melhor das impressões, bem diferente daquela que havia feito antes de conhecê-la... E, ao chegar em casa, contou aos filhos, a ótima impressão que tivera da dona Júlia e que no domingo, como sempre faz, levaria os filhos para um passeio, seja num parque, num cinema, ou num museu, etc...
- Pai, podemos convidar o Marquinho?
- Podem sim. E, se quiserem convidar a dona Júlia, também, podem fazê-lo. Será um prazer para nós...
Os dois meninos entreolharam-se, com um sorriso maroto...
- Hum... Será que estamos pensando a mesma coisa? _ Perguntou o Tiago.
- Claro que sim!!! _ Responde Diogo, com os olhinhos brilhando de alegria...
Bem, o convite foi feito, mas dona Júlia não pode aceitar pois alegou que tinha muito serviço em casa e não dava pra ir, mas prometeu que no próximo, ela iria. Mandou agradecer e avisou que só o Marquinho poderia ir.
No passeio, divertiram-se bastante. Entre cochichos e risadinhas, os três tramavam algo que deixava seu Durval intrigado. Que será. hem? Que as crianças estavam cochichando? Acho que todos já adivinharam...