O Sapo rei estava ficando preocupado.
Não era a primeira vez que a Cobra d’água não cumpria sua promessa de não atacar seus príncipes girinos e agora só lhe restava um, nada interessado pela realeza.

O príncipe Girino só pensava em uma coisa: em ser sapo um dia.
A fada Libélula  havia lhe dito que seu desejo se realizaria,caso ele fosse obediente e estudioso.

Bem, estudioso ele até  era, mas como ser obediente se o Sapo rei , seu pai, queria que ele assumisse os negócios da família?
Faça como eu disse e tanto você quanto seu pai terão o que desejam, era o que a fada sempre repetia.
Fada maluca, pensou ele, o desejo realizado de um certamente impediria o do outro se realizar!

Estava matutando nisso quando ,sorrateiramente, a Cobra d’água o cumprimentou:
—Bonito dia não é mesmo, príncipe Girino?
Girino ,nada bobo, concordou e logo teve uma brilhante ideia para acabar de vez com as tentativas da Cobra d’água em fazer dele o prato do dia.

Diariamente , quando o sol estava bem lá no alto, ele via uns bichos moleques pescando na lagoa, para os lados do Sapo cururu e não demorou a dar a dica, com o maior jeito inocente, para a má intencionada cobra.

—Belíssimo dia! Principalmente agora que temos bichos novos lá para os lados do Sapo cururu!
—Verdade? perguntou a Cobra  bastante interessada – Eu não vi nada!
—É que esses bichos,apesar de novos, sabem entrar e sair da água tranquilamente, não são assim como eu não, são bastante robustos.

A Cobra, sem poder se conter, disse um até logo rapidinho e foi caçar seu almoço do outro lado.
Nunca mais foi vista pela redondeza.

O tempo passou, a proeza do Girino se espalhou por toda a lagoa e, assim como sua fama, ele cresceu tornado-se um belíssimo Sapo.

O Sapo rei, seu pai, convocou todos os moradores da lagoa para comemorar a transformação de seu filho Girino em um belo sapo,informando a todos que a partir daquele dia ele seria o novo monarca.

—Mas eu não quero ser rei! Eu quero ser apenas um sapo! Reclamou Girino.
O rei considerou um momento o que o filho havia dito e respondeu:
— Para ser sapo você demorou um certo tempo, enfrentou dias difíceis e bastante competição, mas rei você já nasceu sendo e não devemos negar quem somos para não nos perdemos no mundo.
Até mesmo para ser apenas um sapo é preciso aceitar quem de fato somos.

Girino compreendeu então o que seu pai sempre desejara dele: que ele crescesse e vencesse num mundo onde tantos pereceram, tornando-se um sapo e continuando a história de sua espécie.