Irmãozinho de coração

Era uma vez, não era duas ou três, mas sim uma noite muito linda, um céu cheio de estrelas

E aquela lua com sua luz dando brilho aos olhos daquele menino que olhava triste para cima, Cidy pensativo e ao mesmo tempo com frio, fome e sono. Quando lembrava que não tinha casa, que não tinha mais sua mãezinha e seu paizinho para lhe dar aquele beijo de boa noite que jamais havia esquecido.

Os pássaros cantavam naquela manhã no outro lado da cidade, enquanto Marie abria seus olhos e via o sol iluminando seu quarto todo rosa, era hora de levantar dar bom dia a mamãe e ao papai, escovar os dentes, tomar café, pegar o ônibus e caminhar mais um pouquinho para chegar até a escola. Marie era uma menina muito inteligente adorava pintar e fazer desenhos de todas as cores, às vezes nem se dava conta que o tempo havia se passado. Mas logo corria, pois estava atrasada para pegar o ônibus de volta para casa, mas perdeu a hora. Mais a frente avistou um menino deitado no banco, todo sujo e com olhar triste, como era uma menina valente logo se achegou e pergunto a ele: - O que faz ai sozinho, esta perdido? Então ele respondeu com cabeça baixa: - Estou há muito tempo!

Marie era uma menina muito meiga e amorosa e sentiu de convidá-lo para fazer um lanche em sua casa. Cidy como estava com muita fome, aceitou o convite. Pegaram o próximo ônibus e foram conversando durante a ida, pois a viagem era longa. Cidy foi se soltando e contando aos poucos sobre sua vida, detalhe por detalhe. A menina ficou sentida depois de tudo que ouviu e ficou triste por ele, mas mesmo assim manteve o sorriso em seu rosto.

Chegando à casa de Marie, o menino ficou com vergonha com o tamanho da imensa casa, deu um passo atrás e pensou em voltar, porém ela não deixou e disse:- Não tenha medo esta tudo bem!

Sua mãe havia chegado do trabalho, menos o seu pai que às vezes trabalhava até tarde. Dona Dalva viu que sua filha estava acompanhada e logo perguntou:- Quem é Marie? Logo a respondeu:- È um amigo que conheci convidei-o para fazermos um lanche!

Dona Dalva ficou preocupada viu que o menino era da rua e ao mesmo tempo ficou impressionada com a atitude da filha, mas mesmo assim não demonstrou espanto, chamou-os para comer o bolo de chocolate gostoso que havia preparado. Logo depois chamou sua filha num canto e Marie explicou tudo a sua mãe. Depois de lancharem convidaram Cidy para tomar um banho, para jantar, até que também passou a noite no quarto de visitas. Quando Will chegou a casa Dalva teve uma conversa sobre o que havia acontecido na tarde que se passou e seu esposo aceitou tudo numa boa, então se lembrou que Marie queria um irmãozinho, porém sua mãe não podia mais gerar filhos. Passou-se uma, duas, três noites... Até que um dia que Marie foi à escola, Cidy perguntou a dona Dalva:- Sei que era para eu passar uma noite apenas aqui em sua casa, mas já faz três semanas que estou aqui, se estiver dando algum trabalho é só a senhora falar que vou embora!

Ele se sentia como um intruso, pois mal os conhecia como permaneceria ali mesmo sendo bem tratado. Dona Dalva disse que conversaria melhor outra hora, estava na hora de ir trabalhar, deixando ele aos cuidados da empregada. Quando Marie chegava em casa, os dois brincavam de pega-pega e se divertiam um monte, como se conhecem a tempos. Dona Dalva em seu trabalho ligou para seu esposo Will para lhe contar o que Cidy havia lhe falado durante a manhã, mas ele disse-a que conversassem sobre o assunto em outro momento. Nesse dia os dois estavam cheio de trabalho a fazer. Chegando os dois em casa mais cedo, estava um silêncio e logo perguntaram a empregada das crianças, disse que estavam no pátio brincando, porém não estavam lá. Enquanto isso Marie e Cidy brincavam de explorar a mata, mas não tinham se dado conta que estavam longe de casa e perdidos, mas continuaram brincando muito alegres. As horas foram passando e os pais da menina já preocupados saíram a procurá-los. Depois de horas acharam os dois a cinco quadras de casa, conversaram e colocaram Marie de castigo e disseram que nunca mais se afastassem de casa sem eles.

Cidy sentiu-se muito culpado por ter dado a idéia da brincadeira depois de tudo que haviam feito por ele então pensou em ir embora, deixar aquela família, pois já desde o começo se sentia como um intruso. Will avistou-o da janela que o menino estava saindo de fininho, foi atrás dele e perguntou:- Aonde pensa que vai Cidy? Então o menino o respondeu:- Desculpa senhor, vou embora já causei problemas demais para sua família. O pai da menina não deixou que ele fosse embora e disse que o jantar estava os esperando.

Passou dias, meses, era o dia do aniversário de Marie completava 10 anos. Seus pais queriam-lhe dar uma festa, porém ela não aceitou, não tinha muitos amigos, preferia que comemorassem em família. Mas não poderia faltar um belo almoço com a mesa cheia, o menino avistando a mesa lembrou-se de seus pais que havia perdido quando muito pequeno e que nunca havia estado perto de uma mesa cheia e linda. Marie viu Cidy triste e disse:- Não fiquem assim, todos dessa família gostam muito de você, seu papai e sua mamãe aonde quer que estejam devem estar muito feliz por você, venha vamos comer. Cidy em seguida disse:- Espera tem uma coisa para te dar!

Seu presente era um colar que seus pais havia lhe dado quando pequena Marie disse que não poderia aceitar, mas ele não aceitou uma não como resposta. Todos se achegaram sobre a mesa, aproveitaram o grande banquete, conversavam e riam juntos como uma linda família. Will pediu alguns minutos, pois tinha algo muito importante para entregar a sua filha, um papel dentro de um envelope, Marie não entendeu e abriu-o, porém logo sorriu e pulou de alegria, seu pai e sua mãe não podiam lhe dar presente melhor. Era um papel escrito que Cidy seria seu irmão de adoção dali em diante. Sua mãe não sabia que Will havia feito, mas ficou muito feliz também. Então Marie com seus olhos brilhando de felicidade disse:- Ele é meu irmão desde o momento que estava deitado naquele banco. Ela não sabia nem falar direito de tanta alegria. A família aumentou de tamanho e de felicidade, pois era o melhor presente que Marie havia ganhado em sua vida. Uma menina cheia de amor em seu coração, tudo que é pequeno além de qualquer gesto é feito com carinho, não se compra não se vende, apenas cresce.

Raní de Souza e Alexandra Buss Rauch Souza
Enviado por Raní de Souza em 24/06/2014
Reeditado em 24/07/2014
Código do texto: T4856532
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