Lágrimas secas

E lá estava aquela majestosa senhora, com seu vestido verde e cheio de flores, sentada em uma pedra, cabisbaixa e triste. Olha para ele agora praticamente sem vida. Ela não dizia nada, não fazia nada, apenas olhava quieta, desolada.

Eles não tinham coragem de falar nada também, não saberiam o que dizer a ela, então ficavam lá escondidos entre as poucas árvores que restavam naquele bosque. Uma infinidade de fadinhas e duendes parados, com olhos arregalados, com muito medo e assustados. Estavam todos lá observando a majestosa senhora.

- Isso é errado! Ela sempre fez tudo por nós, não podemos abandoná-la! - Disse o Duende Mestre.

- Mas o que podemos fazer Duende Mestre? Nossa mágica não é forte pra isso... Mal temos poderes. - Falou a Rainha das Fadas.

- Mas ela sofre minha rainha.

- Sim, eu sei. Eu também sofro vendo-a nesse estado.

- É nosso dever rainha ir até lá, nós representamos nossos povos.

A pequena Rainha das Fadas abaixou os olhos e segurou para não chorar mas acabou concordando com o Duende Mestre.

- Sim meu caro amigo, vamos até ela.

Ambos olharam para seus povos mas nada disseram. Todos ali entenderam o que eles iriam fazer. Muitos esboçaram um sorriso, outros continuavam com medo, outros não sabiam o que fazer.

Então o Duende Mestre saiu de trás da árvore e estendeu a mão a Rainha das Fadas e ambos caminharam juntos até o leito do rio, onde estava a senhora vestida de verde.

Chegaram de mansinho então a mulher falou.

- Sejam bem-vindos meus amiguinhos.

Ela se virou e eles se aproximaram...

- Mãe Natureza, não sabemos o que dizer. - Falou a Rainha das fadas.

- Eu sei minha querida, não há palavras quando a tristeza aperta nosso coração.

- Mãe Natureza como isso pode acontecer? - Perguntou o Duende Mestre.

- Você sabe a resposta meu amigo Duende. Eles... Sempre eles.

O Duende abaixou a cabeça e cerrou o punho e com muita raiva bradou:

- Malditos humanos! Com essa poluição,desmatamento, com esse desamor, com essa irresponsabilidade... Sempre acabando com tudo, com a natureza!

A Mãe Natureza concordou com a cabeça mas falou.

- Nem todos são assim, talvez existam poucos que são conscientes, mas hoje... Nesse caso eles não venceram a batalha. Os irresponsáveis, os consumistas, hoje ganharam.

- Ele não vai voltar a viver Mãe Natureza? - Perguntou a Rainha das Fadas.

- Não sei minha filha, talvez um desses humanos que eu disse que são conscientes possa fazer alguma coisa, mas com todo o desmatamento aqui, toda essa poluição... Infelizmente ele se foi. Ele morreu.

A Rainha das Fadas então começou a chorar e foi abraçada pelo amigo Duende Mestre que também não conteve as lágrimas. A Mãe Natureza se manteve quieta vendo o rio seco, morto...

- Veja meus filhos, ele também chora mas com lágrimas secas.

E os três ficaram lá parados tristes, vendo o rio morto, chorando lágrimas secas.