A MENINA E A LAGARTIXA

Correndo pelos campos, laço amarelo no cabelo que voava ao vento, Isabela saltitava dizendo-se borboleta. Cheirava todas as flores e quando viu camélia gritou:

- Que lindas! Que perfumadas, tinha ela quatro anos, na época.

- Isabela: camélias não têm perfume!

- Têm sim! Retrucou.

- Então que perfume elas têm, perguntou a avó.

- Elas têm perfume de primavera...

- Entra menina. Vai chover.

Isabela sem ter o que fazer, dentro de casa, andava à procura de algo para se distrair.

Olhou num canto e viu uma lagartixa que a olhava, entre curiosa e amedrontada.

De repente ouviu uma vozinha bem baixa que dizia:

- Hei menina! Meninaaaaaaa. Qual é o seu nome?

Procurou e não sabia de onde vinha aquele sussurro.

Era a lagartixa querendo conversar.

- Ué!! Você fala? Disse Isabela.

- Ué!! Você não fala? Por que eu não posso falar? Disse a lagartixa quase se sentindo ofendida.

Assim ficaram as duas até resolverem que ambas falavam e se entendiam.

Contou-lhe a lagartixa que tinha nascido jacaré, mas que por falta de rios limpos torna-se lagartixa. Era muito mais fácil andar se equilibrando por paredes do que nestes rios tão poluídos por aí. Ainda por cima com tão poucos peixes.

- Nas paredes, pelo menos eu como alguns mosquitos e já estou satisfeita.

- E você menina o que gosta de comer? Disse a lagartixa.

- Eu como de tudo. Mas adoro os doces e as lasanhas da minha avó, disse Isabela.

- Bem, tenho que ir porque até agora ainda não comi nenhum mosquito e a minha barriga ronca. Você tem sua avó que faz coisas gostosas.

- Beijos lagartixa. Não coma as minhas borboletas, tá?

Nisto entra a avó que pergunta:

- Com quem falavas Isabela?

- Ah, vovó vamos mudar de assunto? Quero um refrigerante com bolo. Pode ser?

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Moral da história: quando o rio não está pra peixe até jacaré vira lagartixa.

MÁRIO FEIJÓ
Enviado por MÁRIO FEIJÓ em 01/04/2015
Código do texto: T5191355
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