(1/40) - O segredo da Lolla

Lolla é uma ovelha que pertence ao rebanho do senhor José. Não é uma ovelha comum, ela pensa, fala e age como gente, tem personalidade. Quer ver?
Toda vez em que se realiza a tosa do rebanho da fazenda, Lolla chega para o tosador, com aquele jeitinho manso de quem não quer nada e vai negociar o preço de sua própria lã. Caso não chegue a um acordo razoável ela não se deixa tosar.
- Dinheiro primeiro, tosa depois.
Seu Aníbal gosta de fazer a vontade daquela ovelhinha. Ele entra no jogo dela, fingindo que se ela não deixar, ele não tosa. É uma seda a lã da Lolla, valiosa mesmo, por isso Seu Aníbal resolveu não contrariá-la, deu logo o dinheiro para poder fazer a retirada da lã.
Lolla foi guardando dinheiro.
- Ainda bem que a minha lã cresce, fico tão feia sem ela, me sinto nua.
Ela sonha com um casaco de pele de raposa que viu numa revista que apareceu perto da grade do aprisco. Como era lindo! Pegou aquela revista e escondeu junto do dinheiro que juntava. Um dia, iria à cidade e compraria o casaco de pele.
Lolla come a melhor grama para ficar com a lã mais sedosa ainda, desta forma, quem sabe na próxima tosa sua lã valerá mais?!
A ovelhinha não contava pra ninguém que esse desejo de comprar o casaco de pele de raposa já estava virando obsessão.
Passados alguns dias, chegou a filha de seu José lá na fazenda para uma visita. Ela mora na cidade, e pela conversa dela com o pai, mora na mesma rua da loja onde vendia o casaco.
-Tenho de dar um jeito de ir com ela pra cidade - pensava Lolla em voz alta - já tenho dinheiro suficiente pra comprar o casaco.
Alice é como se chama a filha de seu José, está se despedindo da família. Enquanto isso Lolla aproveita que todos estão distraídos e entra na parte de trás do carro. Lá foi ela feliz da vida ao encontro de seu sonho de consumo.
Nisso, na fazenda, era feita a contagem das ovelhas. Estava faltando uma. Por onde teria ido?
Seu José, como um bom pastor foi procurar a ovelha perdida, e, nada! Percebeu que a sumida era a “paininha” como ele carinhosamente chamava a Lolla.
-Ela não, logo minha ovelha rara, de lã mais sedosa que já existiu! Vou avisar a polícia! – fala o fazendeiro para sua esposa.
Na cidade, ao chegar à garagem de sua casa, Alice vê Lolla escondida no banco de trás do seu carro e toma um susto.
-Que você está fazendo aqui? Preciso avisar meu pai de que tenho uma das ovelha dele aqui comigo.
-Eu me chamo Lolla, Alice...
Imediatamente Lolla mostra o dinheiro e argumenta que precisa comprar o casaco de pele de raposa que ela viu na revista, e sabia que a loja era na rua onde ela mora.
Alice coloca uma coleira em Lolla e a leva para dar um passeio. A bichinha fica toda deslumbrada com a cidade grande.
As pessoas quando olham aquela cena acham muito esquisito alguém ter uma ovelha de estimação.
Enfim chegam em frente à loja do tal casaco.
- Ele é lindo! – comenta para Alice antes de entrar. Quando a vendedora lhe traz o casaco, Lolla começa a chorar. Pega um bolo de dinheiro de pequeno valor que ela tinha juntado por muito tempo e paga por ele. Lolla examina bem cada detalhe do casaco e decide logo experimentar. Alice não entende nada, fica a imaginar que o choro foi de emoção. Chegando à casa, liga para o pai vir buscar a Lolla.
Seu José pega a caminhonete e vai para a cidade buscar sua “paininha”. Fica surpreso de vê-la com um casaco e dela ter feito aquela “arte”, sumir da fazenda para realizar um desejo.
Já acomodada no carro Seu José vê na carinha da Lolla uma tremenda satisfação, levava seu casaco de pele de raposa por cima do lombo.
Se ele soubesse o que Lolla estava pensando!...
-“Sua raposa danada, quase morro no dia em que você tentou me encurralar na cerca; corri feito uma alucinada e você dizendo que ainda me pegaria. Pensei que fôssemos amigas! Qual nada, você queria que eu abaixasse a guarda para mais tarde tentar me comer! Traiçoeira, não é a toa que você é prima da loba. E, agora ao invés de ver-me pelas costas eu é que tenho você nas minhas costas para me esquentar quando o Seu Aníbal vier fazer a tosa.
Ha.! Ha.! Ha.! – ela e Seu José riem.

Continua amanhã...