O gambá esperto

O gambá esperto

Fedolina gostava de se aventurar fora da floresta. Na verdade o que restava da floresta.

Vieram os homens e desmataram tudo. Construíram casas, apartamentos, mais casas, e uma estrada que ligava duas cidades cortando a mata. Fedolina teve uma boa infância com sua mãe e seus irmãos, ao tornar-se adulta, abandonou sua família para seguir seu novo amigo o Fedorento.

Com ele aprendeu a descer pela mata e buscar coma nas casas dos homens. Reviravam o lixo, e às vezes quando encontravam uma janela aberta, rapidamente se enfiavam dentro da casa alheia, e faziam uma festa.

Fedorento e Fedolina estavam apaixonados, ficavam tão agarradinhos nas noites de inverno, que pareciam ser colados um no outro. Numa dessas aventuras fora da floresta, resolveram invadir luxuosa residência. A casa estava vazia, e Fedorento demorou-se na sala de visitas. Fez um excelente achado, uma garrafa de uísque recém aberta. Começou a tomar uns goles e ficou completamente bêbado. Fedolina chamou-o severamente. Hora de ir embora, não podemos ficar mais, os homens estão chegando.

Tarde demais. Fedolina escorregou pelo muro e saiu numa carreira rumo a mata. Só parou quando não tinha mais forças. Fedorento não voltou. Ela ficou preocupada, e a preocupação aumentou conforme o tempo passava. Um dia, dois, três. Ele não voltou.

Ela fez o caminho até aquela casa, para ver se encontrava Fedorento. Anoitecia, estava um pouco frio. A mesma janela estava aberta. Ela entrou sem cerimônias. Apurou o faro. Fedorento estivera por ali.

Foi muito fácil encontrá-lo. Ele estava dentro da casa em uma espécie de quartinho da bagunça. Fedolina respirou aliviada ao encontrá-lo, mas fez uma cara feia para ele. Perguntando por que não tinha voltado. Ele apenas disse, sou um gambá esperto, o inverno vão está próximo, logo vão nascer nossos filhotinhos. Precisamos de um lugar quentinho.

Fedolina não respondeu, apenas franziu as sobrancelhas espantada. O seu amigo estava completamente bêbado. Novamente ela ouviu pessoas chegando, encolheu-se num cantinho.

Fedorento quis aparecer, ou já tinha planejado o que ia fazer. Ficou face a face com o homem da casa que o olhou muito assustado. Aproveitando a surpresa do homem, Fedorento jogou-lhe uma carga de gás mortal. O homem saiu correndo, tonto, enquanto o gambá esperto deitou-se no chão para rir da cena que acabara de experimentar. Fedolina já estava longe. Era muito nervosa, para dar de frente com qualquer ser humano.

Enquanto isso, Fedorento se acabava de rir. Pelo menos uma vez na vida tinha que levar a melhor com esse tal de homem, o mesmo que destruía as florestas, poluía os riachos, e o ar puro.

Aradia Rhianon
Enviado por Aradia Rhianon em 09/12/2015
Código do texto: T5475343
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