(5/40) Papo de Sueli

Mais um dia delicioso. Sabe aqueles dias tranqüilos em que tudo caminha na santa paz do Senhor? Pois é, até...
Mose, o pastor, leva o rebanho para uma pastagem mais distante, dessa forma aquelas lindas ovelhas fariam um pouco mais de exercícios. Elas não caminham em silêncio como deviam, mas cada uma fazendo comentários, expondo idéias umas para as outras. Parecia uma multidão indo a um show.
De repente...
      -Que barulho é esse? - pergunta Lolla pra Beto.
      -Não sei, parece buzina de automóvel.
      -Mas aqui no pasto?! - estranha Lolla.
Foi uma polvorosa. Ovelhas por todo lado, correndo feito desesperadas com medo de serem atropeladas. Avançando sobre o rebanho vinha um utilitário vermelho feito sangue, dirigida por quem?
SUELI.
      -Só podia ser alguém totalmente destrambelhada. - comenta Lolla.
      -Mose eu quero falar com você. - vai gritando mesmo antes de parar o carro e descer.
      -Dona Sueli, a senhora não pode fazer isso, invadir a pastagem de carro, poderia atropelar uma ovelha. E aqui não é lugar...
      -Sem essa Mose, quero saber da Lolla. Preciso falar com ela.
-Eu hein, a senhora está bem? Quer falar com uma ovelha??
      -Preciso dela agora! - vai falando autoritária.
-Olha eu estou fazendo o meu trabalho e a senhora não vai tocar em nenhuma das minhas bichas.
      -Lolla! Lollinha! Cadê você? - sem dar atenção ela vai andando no meio do rebanho.
      -Você está aqui! Vamos dar uma voltinha. - vai falando ao se inclinar para pegar Lolla no colo.
      -Sueli, você não pode me seqüestrar, pertenço ao Seu José, e quer saber, sou uma ovelha especial, vou-me “casar” com um carneiro estrangeiro para dar uma porção de cria...
      -Fica quieta, não é para você falar, é para você me ouvir.
Lolla se cala de imediato. Nisso seu casaco de raposa cai no chão.
      -Sueli, meu casaco, ele caiu. Não posso ficar sem ele!
      -Ai meu Deus, larga isso pra lá.
      -Eu não. Se você tem suas manias, eu também tenho as minhas.
Sueli adora conversar com Lolla, primeiro porque ela não entende muito bem as reações humanas e por isso não critica, segundo porque tem um jeito meigo e sincero de dar opiniões e fazer carinho.
O pastor Mose corre para a fazenda junto com seu ajudante a fim de avisar do rapto da Lolla. Seu José, achando tudo um absurdo, vai verificar antes de dar parte à polícia.
      -Não é possível, Sueli é uma mulher excêntrica, daí a fazer isso...
O carro de Sueli desaparecera, e, Lolla também!
Toda fazenda está em polvorosa.
      -Delegado, raptaram minha ovelha especial... - vai falando Seu José ao telefone.
Daí acerca de minutos chega um carro da polícia. Conversa vai, conversa vem; resolvem dar uma busca na fazenda de Sueli que é bem próxima.
      -Seu José! Seu José! - vem gritando Jocilei a cavalo - Encontrei o carro de Dona Sueli, ela não saiu da fazenda, está do outro lado da pastagem, a Lolla esta dentro da cabine com ela. Parece que estão de altos papos.
O delegado e Seu José, no carro da polícia, se aproximam do utilitário vermelho.
      -Aconteceu alguma coisa? - perguntam Sueli e Lolla ao mesmo tempo.
Vendo a expressão enigmática das duas, Seu José foi logo deduzindo: acabou o sossego!


Continua amanhã...