O sapinho que não sabia nadar

Era uma vez um sapinho que não sabia nadar. Ele vivia triste, emburrado, em casa o tempo todo. Quando saía, ficava na beira da lagoa vendo seus amiguinhos e irmãos nadando, mergulhando, saltando de pedra em pedra, laçando mosquitos com a língua, uma algazarra o tempo todo. Todos o chamavam pra brincar, mas ele sempre dizia:

- Eu não sei nadar.

Depois de alguns dias, ele foi procurar ajuda. Não tinha coragem de contar a seus pais o seu problema, pois tinha vergonha de não saber nadar. Já não aguentava. Decidiu ir a um clube e pediu a um professor de natação seu conhecido para ajudá-lo.

- Não, sapinho. Você está brincando comigo. Todo sapinho já nasce sabendo nadar.

- Eu não sei, juro. Tenho medo d’água.

E pediu a outro professor, recebendo esta resposta:

- Sinto muito, não tenho tempo para brincadeiras.

O sapinho saiu triste, mas não desistiu. Foi procurar a capivara, mas ela disse a mesma coisa.

- Não acredito, um sapinho que não sabe nadar! Vai contar essa pra outro.

O sapinho ainda procurou a lontra, a paca, o jacaré e outros animais que adoram água. Todos diziam a mesma coisa?

- Um sapinho que não sabe nadar? Sinto muito. Tenho mais o que fazer.

Triste, desanimado, o sapinho foi para a beira da lagoa, com os olhos vermelhos, querendo chorar.

De repente, passa D. Sapona, uma sapa grande e gorda, mas que adorava crianças. Ela chegou à beira da lagoa e disse :

Pula nas minhas costas. Sei da sua história. Vou te ensinar a nadar.

O sapinho, com medo, mas confiante em D. Sapona, saltou de uma vez nas costas dela.

- Segure bem nas minhas costas. Vamos sair já. Vou acelerar e depois mergulhar. Primeiro, você vai perder o medo de água. Um sapo não precisa ter medo d’água.

O sapinho se agarrou com toda força nas costas de D. Sapona e lá se foram eles.

- Agarra mais forte, Dona Sapona avisou de novo.

O sapinho gritou:

- na na na na na não, paaaaara, tou com meeeeeedo...

Mas fechou os olhos e afundou na água, saindo uns metros na frente. O sapinho estava morrendo de medo, mas tinha passado o primeiro teste. Ela gritou de novo:

- Lá vamos nós, segura.

E o sapinho de novo gritando:

- na na na na na não, paaaaaara tou com meeeeeedo...

E mergulhou de novo e saiu alguns metros na frente. E assim fez várias vezes. Na última vez, quando emergiu, sentiu que o sapinho não estava em suas costas.

- Meu Deus, cadê ele?

De repente, aparece o sapinho na superfície, todo feliz, rindo como nunca, até não poder mais. E gritava e cantava e estava todo contente-

- Aprendi, aprendi, não tenho mais medo.

E abraçava D. Sapona, dizendo:

- Obrigado, obrigado. É o dia mais feliz da minha vida.

Nos dias seguintes, aproveitou todos os momentos com os amigos e irmãozinhos.

Passados alguns meses, organizou uma escolinha para sapinhos que tinham medo d’água e, por isso, não sabiam nadar. E tinham vergonha de contar para os pais os seus problemas nem tinham amigos em quem confiar.

Com o tempo, conversando com outros animais, o sapinho ficou sabendo também que havia filhotes de passarinhos que não sabiam cantar ou não sabiam voar e muitos outros filhotinhos que tinham problemas e não tinham coragem de contar para os pais nem confiavam seus problemas a um amigo.

O sapinho, então, passou a ser conselheiro de muitos filhotinhos da floresta e com isso ajudou muitos a terem confiança e contarem seus problemas, o que já era meio caminho andado para resolvê-los.

(Esta história foi inspirada e criada durante conversas e brincadeiras com meu caçulinha, Jacques Marcel)

William Santiago
Enviado por William Santiago em 17/06/2016
Reeditado em 11/04/2021
Código do texto: T5670098
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