O João Jacaré

O João jacaré

de sobrenome Barnabé

tinha um primo José

que morava perto do rio,

logo abaixo do seu tio.

Sempre que queria afiar o dente

mergulhava de repente

e comia o que aparecia,

em maré cheia ou vazia.

Um dia aconteceu

que uma melancia comeu.

Ela rolara da horta

do João da perna torta

que não podia andar,

e muito menos parar,

a doida da melancia

que desenfreada corria

encosta abaixo até o rio.

Chegada ao pé do José,

primo do Barnabé,

que tinha a boca aberta,

e mesmo na hora certa

enfiou-se a melancia

debaixo da cauda da tia,

que dormia brandamente

ao lado da serpente

que a veio visitar.

Quando mudou de lugar,

a tia e a melancia

foram ao rio parar.

A melancia afundou

e a tia ficou

no rio a boiar.

Foi aí que o João

mergulhou então

até ao fundo do rio.

O primo José

que estava em pé

o fruto apanhou

quando o João jogou

a melancia para a margem.

Mas de tão desastrado,

o primo afastado

e de força pouca,

apanhou com a boca

a redonda melancia,

que mais parecia

uma bola de brincar.

Depois

muito agoniado ficou José,

primo de Barnabé

depois de ter tomado

um almoço reforçado.

Foi então se deitar

em cima de folhas secas,

ervas e avencas,

até a dor lhe passar.

Isabel Fagundes

12/06/07